The Trust Project: A imposição da “verdade” dos bilionários via fact-checking

Por Cristian Derosa

Foto: Craig Newmark, fundador do The Trust Project, com Hillary Clinton, a quem deu apoio aberto e entusiástico na disputa à presidência dos EUA em 2015.

 

O suposto combate à desinformação e as fake news nada mais é do que uma desculpa retórica para tentar salvar do descrédito um jornalismo profundamente associado a causas ideológicas e políticas, um efeito óbvio da busca por financiamento em gabinetes de magnatas. O jornalismo do grande capital é de esquerda nos costumes e nas causas, mas não tem dinheiro para se manter. Por isso, precisa estrangular qualquer concorrência que o coloque em segundo plano quando o assunto é a busca da verdade.

Foi assim que os bilionários resolveram dar um basta nessa história de pluralidade e começar a jogar pesado contra a liberdade de expressão, essa causa bonitinha, mas que além de não oferecer vantagens, já começa a prejudicar suas causas sagradas.

A maioria das “agências de fact-checking”, hoje, possui algum vínculo financeiro que as relaciona ao bilionário George Soros, por meio de sua entidade Open Society Foundation. No entanto, há outros nomes que possuem objetivos muito semelhantes e uma atuação paralela tão ou mais perigosa que as agências milicianas da censura.

Em maio de 2021, uma nova iniciativa foi criada para combater o que se convencionou chamar de “desinformação”, buscando recuperar a confiança nos canais de comunicação das grandes redes, abalada com a popularidade das redes sociais. Trata-se da Journalism Trust Initiative (JTI), um organismo que ironicamente une os vários significados da palavra “trust” (truste, em português), tanto como uma coalizão vertical de empresas ou poderes comerciais, quanto pelo seu significado pretendido, o de uma aliança confiável para as informações.

Inaugurada oficialmente a partir de diretores da BBC e apoiada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o JTI possui os mesmos parceiros mais ativos das “agências de checagem”, mas com o acréscimo de intermediários diversos, como a Craig Newmark Philantropies, entidade do bilionário Craig Newmark que apoia causas de esquerda em todo o mundo.

De acordo com o RSF,

“a plataforma permitirá aos meios de comunicação, a partir de uma autoavaliação, analisar, melhorar e promover a qualidade das suas práticas jornalísticas. O objetivo é construir um ecossistema de informação mais saudável, onde seja possível identificar e promover informações confiáveis e, assim, restaurar a credibilidade do público em geral na mídia”. (grifo nosso)

Assim, a iniciativa anuncia a colaboração com mais de 130 organizações e atores da indústria de mídia, do meio acadêmico, de órgãos reguladores nacionais e internacionais, além de auto-reguladores, empresas de tecnologia e do setor de desenvolvimento de mídia. Trata-se de um sistema global centralizado de validação do jornalismo, um controle central. Um dos valores defendidos e que condiciona a participação de empresas, agências e ONGs, é a transparência, que apesar de parecer um valor democrático e muito elevado moralmente, é nada mais que o compromisso de manter os gestores e investidores informados sobre progressos e retornos do seu investimento.

Journalism Trust Initiative é parte de um conjunto de associações e iniciativas baseadas no objetivo de resolver o mesmo suposto problema: a “desinformação” ou as “fake news”, efeito considerado uma consequência da perda de credibilidade do jornalismo tradicional. Essa iniciativa é parte do grande projeto chamado “The Trust Project”, que se propõe oferecer “indicadores de confiança mundialmente reconhecidos”.

O Trust Project (TP) é uma iniciativa mais ampla, financiado pela Craig Newmark, que foi capaz de captar fundos da Google, incluindo entidades globalistas como o Democracy Fund, Knight Foundation e o Facebook. Craig Newmark é um bilionário conhecido por ter criado a “Craiglist”, rede de anúncios gratuitos. Mas o seu interesse pelo jornalismo motivou grandes investimentos atualmente.

Em seu site, o Trust Project se define como

“um consórcio internacional de organizações de notícias que criam padrões de transparência e trabalham com plataformas de tecnologia para afirmar e ampliar o compromisso do jornalismo com a transparência, precisão, inclusão e justiça para que o público possa fazer escolhas informadas sobre as notícias.

O TP é liderado pela jornalista Sally Lehrman, fundadora da proposta. Em uma entrevista à Folha de S. Paulo, em fevereiro de 2021, Lehrman diz que a pandemia alavancou o jornalismo profissional que estava com a credibilidade em queda pelas redes sociais. Mas, para ela, a “desinformação atrapalha”. Na matéria, a Folha faz questão de lembrar que pertence ao grupo seleto dos jornais certificados pela iniciativa. A jornalista diz que é preciso convencer as pessoas de que os jornalistas da grande mídia representam os interesses das pessoas e visa “servir ao público”.

Ela diz que “para uma sociedade funcionar bem as pessoas precisam confiar no jornalismo”, o que ela imagina que irá resolver com o apoio bilionário de magnatas que financiam causas de extrema esquerda pelo mundo. Obviamente, para isso funcionar seria preciso dissimular todos esses interesses. Mas não é isso o que ocorre, já que os financiadores não fazem nenhum esforço para esconder que tipo de sociedade desejam. A centralização e uniformização dos discursos está entre os seus valores mais elevados. Lehrman declara à Folha que a confiança na mídia “precisa ser mais sólida”.

Para ela, a preocupação com a saúde, motivada pela pandemia, forneceu uma grande “oportunidade” para a ampliação da confiança nas informações do jornalismo profissional. Ou seja, as notícias que criaram pânico na pandemia ajudaram no processo, o que nos faz concluir um papel importante na prática jornalística cotidiana.

Lehrman ainda chama a atenção para o papel da ansiedade. “As pessoas desejam saber o que ocorre no mundo, mas ouvem que há muitas notícias falsas”, disse. Ela assume que retirar contas ou perfis das redes sociais não resolve, mas confia nessa forma de censura. Para ela, assim, “cria-se um ambiente mais limpo”.

A iniciativa do Trust Project visa também o que classifica como “educação midiática”, incluindo ensinar as pessoas a pesquisarem sobre notícias que leram antes de compartilhar. É aí que entra o papel do Google, grande parceiro da iniciativa, para evitar que as pessoas “caiam em desinformação”.

Obviamente, a iniciativa surgiu da percepção de que a comunicação pública não pode ficar exclusivamente nas mãos da grandes empresas da Big Tech, nas quais os bilionários definitivamente não confiam. Ainda mais depois de vitórias de Donald Trump, do Brexit e de Jair Bolsonaro, que contaram com o que os metacapitalistas chamam de “omissão” das grandes empresas de tecnologia, que mantém as redes sociais.

Siga o dinheiro
A Craig Newmark Foundation tem atuação muito clara e de matiz política definida, além de ter como prioridade a guerra cultural em seus investimentos. Em 2016, a Craig Newmark Foundation doou 1 milhão de dólares ao Poynter Institute for Media Studies, a instituição de jornalismo sem fins lucrativos que opera o polêmico site de checagem de fatos PolitiFact. Além disso, doou 1 milhão e meio de dólares à Wikipedia, principal fonte jornalística de pesquisas.

Em março de 2017, a Craig fez uma doação de 100 mil dólares para a “Liga Anti-Difamação”, um grupo de direitos civis judeu que também opera como um grupo de pressão de extrema-esquerda, de acordo com o site de monitoramento Influence Watch. Também concedeu uma doação de 1 milhão de dólares à ProPublica, outra organização de jornalismo investigativo que também publica e rastreia divulgações financeiras de grupos sem fins lucrativos e é igualmente financiada pela filantropia esquerdista de George Soros. Também em 2017, Newmark anunciou que doaria um total de 3,5 milhões de dólares para apoiar o “jornalismo de esquerda”.

Em 2018, a Fundação Craig concedeu 1 milhão de dólares à revista de esquerda Mother Jones. Monika Bauerlein, diretora executiva da revista, elogiou publicamente Newmark por seu apoio ao jornalismo de esquerda, que ela afirmou estar “sob ataque de todos os lados”. Em setembro de 2018, a Fundação Craig doou 20 milhões de dólares para apoiar o lançamento de The Markup, publicação de esquerda que vigia grandes empresas de tecnologia de uma perspectiva esquerdista, na linha do Sleeping Giants.

Em 2019, a fundação concedeu mais um total de 15 milhões de dólares ao Poynter Institute e à escola de jornalismo da Columbia University, responsável pelo “fact-checking”. Newmark citou a proliferação de suposta “desinformação através das plataformas sociais e das notícias” para justificar o montante doado ao jornalismo de esquerda.

Já em 2020, Newmark prometeu doar quase US$ 200 milhões para as campanhas de mídia contra Donald Trump, ano em que Biden chegou à presidência dos EUA. Em uma entrevista à revista Forbes, Newmark afirmou que “as pessoas que estão no controle deste país continuarão a desmantelar nossa democracia”. Craig Newmark, como magnata investidor da extrema-esquerda, queixou-se dos esforços de Trump no combate à violência organizada dos extremistas do Black Lives Matters, em 2020, o que classificou como “episódios realmente ruins da história mundial”, comparando-a com a repressão nazista.

Hoje, Newmark participa de diversos conselhos de grupos de esquerda e organizações jornalísticas como o Center for Public Integrity, a Columbia Journalism Review e a Sunlight Foundation. Acreditando que precisa estar presente em todas as iniciativas ligadas à comunicação, o bilionário passou a integrar o conselho consultivo da Electronic Frontier Foundation, um grupo de defesa da privacidade na Internet, da New America Foundation, um think-tank da esquerda americana, o Sierra Club, um importante grupo ambientalista, além de várias outras organizações.

De acordo com a própria descrição do Influence Watch, o trabalho filantrópico de Newmark concentra-se em quatro áreas temáticas: avançar narrativas de esquerda no jornalismo, opor-se a medidas de segurança eleitoral, promover mulheres na indústria de tecnologia e apoiar veteranos e famílias de militares. Newmark lançou sua fundação em 2015 para financiar uma série de causas de esquerda.

Esse é o perfil dos investimentos do principal apoiador do The Trust Project, destinado a resgatar a credibilidade perdida do jornalismo profissional no mundo. A pergunta final é: depois de saber de tudo isso, você vai acreditar nessa coalizão de “certificação da verdade” ou nos seus próprios olhos?

 

Cristian Derosa é jornalista e escritor. Mestre em Fundamentos do Jornalismo pela UFSC e autor dos livros: “A transformação social: como a mídia de massa se tornou uma máquina de propaganda”(2016), “Fake News: quando os jornais fingem fazer jornalismo”(2019) e “Fanáticos por poder: esquerda, globalistas, China e as reais ameaças além da pandemia” (2020). Cofundador e editor-chefe do site Estudos Nacionais e editor adjunto do jornal Brasil Sem Medo. Aluno de Olavo de Carvalho desde 2009.

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2 Comentários
  1. Rodrigo Diz

    “fake news” não sao desculpa retórica para tentar salvar o descrédito do jornalismo, é arma política para perseguir, atacar e desqualificar adversários.
    Da mesma forma, “aquecimento global” é a maior mentira já contada. Na ultima COP, nada menos que o sumido Barak Obama, com alguns quilinhos de máscara facial, fez sua aparição para defender a “salvação do planeta”. Confirmou que usarão essa grande mentira, “the big lie”, para arrecadar e desviar dinheiro dos governos.
    O jogo vai ser pesado porque nos sabemos que eles estão mentido e eles sabem que nos sabemos que eles estão mentindo.

  2. Roberto Diz

    Pessoal, só pra alertar. O site https://www.credibilidade.org/ representam a Trust Project no Brasil.
    O engraçado nisso tudo é que precisa de um monte de ricaço para dizer a você o que é considerado verdade e o que é mentira. Ou seja, você não pode estudar por conta própria e descobrir. Mesmo que a notícia venha de fonte primaria e esse pessoal falar que a verdade são eles, o povo tem que abaixar a cabeça e ouvir.
    Soa familiar? 1984 de George Orwell , o Ministério da Verdade…
    Hoje está assim, num futuro próximo, quem discordar da narrativa oficial mesmo tento provas, levará porrete na cara e será preso.

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