O verdadeiro significado de ser ‘pró-Palestina’

Por Bassam Tawil

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Foto: Protesto pró-Hamas na Universidade de Columbia, Nova Iorque, na última quinta-feira, 18. (Maria Altaffer, AP)   

 

Em 20 de março um grupo anti-Israel chamado Fórum de Solidariedade ao Povo Palestino (FSPP) convidou representantes do 1º escalão dos grupos terroristas palestinos Hamas e Jihad Islâmica Palestina (JIP), apoiados pelo Irã, para discursarem em um evento na Universidade de Cape Town, na África do Sul.

Os dois líderes terroristas, Khaled Qaddoumi do Hamas e Nasser Abu Sharif da JIP, discursaram para os estudantes durante a “Semana do Apartheid Israelense” que se realiza anualmente, um evento de propaganda tendenciosa e caluniosa contra Israel que ocorre todos os anos em inúmeros campi universitários nos EUA e na Europa.

Convidar representantes do Hamas e da JIP para participar de tais eventos mostra que o verdadeiro objetivo dos assim chamados grupos pró-palestinos não é ajudar os palestinos e sim incitar e espalhar ódio e calúnias contra a única democracia do Oriente Médio: Israel.

Esta demonstração pública de apoio a grupos terroristas não serve aos interesses dos palestinos. Muito pelo contrário, ela manda uma mensagem aos palestinos de que os estudantes e professores das universidades ao redor do mundo apoiam o terrorismo como meio de matar judeus e destruir Israel.

A participação dos líderes terroristas na “Semana do Apartheid Israelense” mostra que a verdadeira intenção dos grupos anti-Israel no campus não é criticar Israel, mas eliminar o país.

Tanto o Hamas quanto a JIP, que almejam a destruição de Israel e rejeitam uma solução de dois Estados, estão na lista de organizações terroristas dos EUA, Canadá, União Europeia, Israel, Japão, Austrália, Nova Zelândia e Grã-Bretanha. Ambos os grupos realizaram milhares de ataques terroristas contra Israel, entre eles atentados suicidas, rajada de tiros disparadas do interior de veículos em movimento, esfaqueamentos e atropelamentos. Eles também são responsáveis pelo lançamento de milhares de mísseis da Faixa de Gaza contra Israel nas últimas duas décadas.

É irônico que justamente aqueles que se dizem “pró-palestinos” convidem representantes de grupos islamistas radicais para destilarem ódio contra Israel quando os palestinos que vivem sob o domínio do Hamas e da JIP na Faixa de Gaza sofrem opressão e repressão.

Nas últimas duas décadas, os dois grupos terroristas palestinos arrastaram os residentes da Faixa de Gaza a várias rodadas de combates com Israel, principalmente após o lançamento de mísseis contra cidades e povoados israelenses. As guerras ceifaram a vida de milhares de palestinos e causaram destruição aos dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza.

Mais desconcertante é que os estudantes da universidade da África do Sul sequer disfarçaram seu apoio à “resistência” do Hamas e da JIP contra Israel. O termo “resistência” é um eufemismo aos ataques terroristas contra os cidadãos israelenses. Os estudantes “pró-palestinos” chegaram até a realizar uma “vigília” no campus em apoio aos “mártires que sacrificaram suas vidas pela libertação da Palestina”.

Durante a “vigília”, os estudantes empunharam bandeiras e banners do Hamas e do Hisbolá, o grupo terrorista apoiado pelo Irã no Líbano, bem como fotos de Qassem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária do Irã que foi assassinado pelos EUA no Iraque em 2020.

Se os grupos “pró-palestinos” realmente se preocupassem com os palestinos, eles estariam se manifestando contra as medidas repressivas e violações dos direitos humanos perpetradas pelo Hamas na Faixa de Gaza.

Em 22 de março, seguranças do Hamas espancaram e prenderam o jornalista palestino Hani Abu Rizek. Segundo fontes da Faixa de Gaza, Abu Rizek foi preso por ter revelado que os palestinos estavam reclamando dos altos impostos cobrados pelo governo do Hamas.

Ao expressarem apoio ao Hamas e darem de ombros à penúria dos palestinos como é o caso de Abu Rizek, os estudantes que participaram da assim chamada “Semana do Apartheid Israelense” estão na verdade dizendo que apoiam a repressão do grupo terrorista aos jornalistas.

Enaltecer um assassino em massa como Soleimani não é uma expressão de solidariedade aos palestinos. Na realidade muitos palestinos teceram duras críticas ao comandante militar iraniano morto, considerando-o assassino responsável por atrocidades cometidas a inúmeros muçulmanos, entre eles iraquianos, sírios e palestinos. Quando o Hamas montou outdoors com as fotos de Soleimani na Faixa de Gaza, palestinos os desmontaram como ato de protesto contra o seus crimes.

Os ativistas “pró-palestinos” nos campi provavelmente não sabem que os palestinos na Faixa de Gaza estavam comemorando e distribuindo doces ao saberem do assassinato de Soleimani. O colunista palestino Ibrahim Hamami comentou:

“qualquer um que elogia Qassem Soleimani é cúmplice de seus crimes. Considero qualquer declaração quanto a isso uma idiotice política e uma traição ao sangue dos muçulmanos derramado por esse criminoso.”

É difícil ver como o apoio a um assassino em massa como Soleimani e a grupos terroristas por procuração do Irã, Hamas, JIP e Hisbolá, possam trazer algo de bom para os palestinos. Pelo contrário, aqueles que estão fortalecendo esses terroristas estão prestando imenso desserviço aos palestinos, especialmente àqueles que continuam sofrendo sob o domínio do Hamas e da JIP na Faixa de Gaza.

Em vez de construir escolas e hospitais para a população, o Hamas e a JIP investem milhões de dólares em contrabando, na fabricação de armas e na escavação de túneis para serem usados para se infiltrarem em Israel e assassinarem judeus. Em vez de melhorar as condições de vida da população, os líderes do Hamas e da JIP criam novos impostos ao mesmo tempo em que gozam de uma vida confortável no Catar, Líbano e em outros países. Em vez de democratizar e permitir a liberdade de expressão para a população, os grupos terroristas prendem e intimidam jornalistas, ativistas de direitos humanos e adversários políticos.

Todas essas violações, desnecessário dizer, não preocupam os assim chamados estudantes “pró-palestinos” nos campi. Esses estudantes já criticaram alguma vez o Hamas pela supressão das liberdades individuais e privação da população de uma vida melhor? Não. Será que esses estudantes irão algum dia criticar abertamente a liderança palestina de peculato e perseguição a adversários e críticos? Também não.

Indivíduos e grupos “pró-palestinos” também deveriam entender que, ao se aliarem ao Hamas e à JIP, eles estão prejudicando, não ajudando, aqueles, os palestinos, que sustentam apoiar.

O Hamas, por exemplo, tem uma longa história de assediar jornalistas que ousam expor a corrupção. Entre eles se encontra Abu Rizek, preso pelo Hamas na semana passada, Saeed Ahmad preso em novembro de 2022, por expor o suposto envolvimento do grupo terrorista no contrabando de palestinos da Faixa de Gaza para a Europa e também um ano antes, sem dar qualquer explicação.

Além de jornalistas, alvos corriqueiros do Hamas, acadêmicos também estão sendo presos pelo grupo terrorista. Por exemplo, Salem al-Sabah, diretor da Universidade da Palestina na Faixa de Gaza, foi preso pelo Hamas no ano passado, sem nenhum mandado de prisão, o que levou “muitos” usuários de redes sociais a criticarem duramente o episódio como “sequestro.” Seu suposto crime foi ao que consta ter “exposto figuras próximas ao Hamas e os acusado de lavagem de dinheiro e corrupção”.

Na realidade, o silêncio dos estudantes “pró-palestinos” em relação a essas prisões causa danos aos palestinos: faz com que o Hamas continue a brutalidade sem ter que se preocupar com reações negativas da comunidade internacional.

Os ativistas “pró-palestinos” nos campi provaram novamente que tudo o que eles têm a oferecer é o ódio a Israel. Os verdadeiros defensores “pró-palestinos” são aqueles que querem uma vida melhor para os palestinos, não aqueles que os encorajam a abraçar grupos terroristas.

Em vez de ficarem sentados num campus se alinhando ao Hamas e à JIP, os ativistas “pró-palestinos” deveriam, por exemplo, fazer campanhas exigindo democracia e liberdade de expressão para os palestinos que vivem sob a Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia e sob o Hamas na Faixa de Gaza.

Esses ativistas deveriam defender os direitos das mulheres e dos gays na Faixa de Gaza governada pelo Hamas. Essa é a maneira de ser um verdadeiro ativista “pró-palestino”. Ser “pró-palestino” não significa necessariamente ser anti-Israel.

Em vez de defender boicotes e sanções contra Israel, os estudantes “pró-palestinos” deveriam convidar israelenses e palestinos a seus campi para construir, não destruir, pontes entre os dois povos. Se esses estudantes querem que os palestinos boicotem Israel, eles devem oferecer aos palestinos empregos e salários, não mais mensagens de ódio.

Bassam Tawil, árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio.

Publicado no site do Gatestone Institute.
Tradução: Joseph Skilnik

 

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