Por 30 anos, experimento em Berlim deu órfãos a pedófilos

Por Rina Goldenberg, para a Deutsche Welle.

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Agências de bem-estar infantil de Berlim e o governo estadual fizeram vista grossa ou até aprovaram as adoções.

 

Durante quase 30 anos, autoridades de Berlim entregaram deliberadamente crianças órfãs a homens reconhecidamente pedófilos para adoção, segundo detalha um estudo divulgado nesta semana na Alemanha.

O experimento bizarro, comandado pelo professor Helmut Kentler, começou nos anos 1970, na então Berlim Ocidental, e foi tolerado por décadas pelas autoridades locais. O argumento era de que pedófilos se tornariam pais especialmente carinhosos.

O estudo conduzido pela Universidade de Hildesheim aprofunda o que se sabia sobre o projeto – um relatório de 2016, de outra universidade, já havia tornado pública a existência do experimento.

Helmut Kentler (1928-2008) ocupava uma posição de liderança no centro de pesquisa educacional de Berlim. Ele se dizia convencido de que o contato sexual entre adultos e crianças era inofensivo.

As agências de bem-estar infantil de Berlim e o governo estadual fizeram vista grossa ou até aprovaram as adoções.

Há alguns anos, duas das vítimas se apresentaram e contaram sua história. Desde então, os pesquisadores da Universidade de Hildesheim investigaram os arquivos do caso e conduziram entrevistas.

O que eles encontraram foi uma “rede entre instituições educacionais”, o escritório estadual de assistência juvenil e o governo de Berlim, na qual a pedofilia era “aceita, apoiada, defendida”.

O próprio Kentler estava em contato regular com as crianças e seus pais adotivos. Ele nunca foi processado: quando suas vítimas vieram à tona, um possível crime já havia prescrevido. Isso impediu até agora que as vítimas recebessem indenização.

Os pesquisadores descobriram que vários dos pais adotivos eram acadêmicos de alto nível. O estudo revela uma rede que incluiu altos membros do Instituto Max Planck, da Universidade Livre de Berlim, e da famosa Escola Odenwald, em Hessen, na Alemanha Ocidental, que esteve no centro de um grande escândalo de pedofilia vários anos atrás. Desde então está fechada.

A secretária estadual para questões de jovens e crianças de Berlim, Sandra Scheeres, chamou as descobertas de “chocantes e horripilantes”.

Um primeiro relatório sobre o “experimento Kentler” foi publicado em 2016 pela Universidade de Göttingen. Os pesquisadores afirmaram então que o governo estadual parecia não ter interesse em descobrir a verdade. Agora, as autoridades prometeram investigar o assunto mais a fundo.

 

Por Rina Goldenberg, para a Deutsche Welle, em 18/06/2020.

 

 

4 Comentários
  1. Victor Kriger Diz

    Puta merda, isso é de dar nojo.
    Imagine hoje em dia QUANTOS casos e QUANTOS experimentos devem ser feitos.
    Quem defende esse tipo de sujeito não é diferente nenhum pouco do quê quem pratica.

    1. ana Diz

      verdade, fico imaginando o sofrimento dessas crianças sem ter a quem pedir ajuda.

  2. Flores Diz

    A história é abominável numa trilha de terror sem fim que vem acontecendo há 30 anos, com a conivência de altas autoridades. No fundo no fundo, se tornou fora de moda falar-se em princípios morais, em honrar pai e mãe, em amar a Deus sobre todas as coisas.
    Acho que é a dessacralização do Sagrado, a falta de Deus é o ponto fulcral na desgraceira que vivemos.
    Que falta faz Deus na humanidade. Deus foi banido das Escolas, das Universidades.

  3. Leomar Diz

    Como é ABOMINÁVEL. Uma cultura dessas…, pobres crianças…

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