A “Bomba Populacional” que simplesmente não explodiu

Por Stephen Moore

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Paul Ehrlich escreveu um dos livros mais famosos e mais vendidos do século XX. Chamava-se “The Population Bomb” (Bomba Populacional). Eram 300 páginas de ruína e desolação. O planeta estava sendo destruído porque os seres humanos se reproduziam como ratos de campo noruegueses. Foi um pesadelo darwiniano que levou a espécie inexoravelmente de volta ao nível de subsiência dos Neandertais.

É isto que aprendemos na memorável primeira frase da obra, apocalíptica e frequentemente citada:

“A batalha para alimentar toda a humanidade foi perdida. Nas décadas de 1970 e 1980, centenas de milhões de pessoas morrerão de fome, apesar de todos os programas preventivos iniciados agora.”
Ele previu que países altamente populosos como a Índia não poderiam ser salvos da extinção.

A superpopulação foi para as décadas de 1960, 1970 e 1980 o que a mudança climática é hoje.

Ehrlich se tornou um queridinho da mídia da noite para o dia, aparecendo seis vezes no “The Johnny Carson Show”, espalhando sua mensagem de melancolia ecológica para milhões de pessoas. Esta foi considerada a ciência irrefutável da época e deu origem ao moderno “movimento verde”. Apenas alguns acadêmicos, como meu mentor Julian Simon, expuseram as previsões como besteiras. Simon e outros foram rejeitados como o que hoje seria descrito como “negacionistas da ciência”.

Então, imagine minha surpresa quando li esta manchete de primeira página do domingo, 23 de maio, no New York Times: “O mundo está enfrentando o primeiro longo declínio em sua população: as taxas de fertilidade despencam”.

A matéria relata que mesmo em algumas das nações antes superlotadas, “os países estão enfrentando a estagnação populacional e queda da fertilidade”. As pessoas estão tendo tão poucos filhos agora que “as maternidades estão… fechando” em todo o planeta. A resposta tímida dos pessimistas não é um pedido de desculpas ou admissão de fraude acadêmica. Em vez disso, eles dizem: “Graças a Deus, alertamos o mundo sobre a superpopulação”.

Mas nada disso aconteceu devido a alarmes falsos. Previsivelmente, as taxas de fertilidade caíram porque o mundo ficou mais rico e o movimento global em direção ao capitalismo de livre mercado levou a maiores rendas familiares, mais educação e oportunidades de carreira para as mulheres, e isso reduziu as taxas de natalidade. A taxa de natalidade do México caiu de cinco filhos por casal nos anos 70 para pouco mais de dois hoje.

Ninguém gosta de mencionar as políticas horríveis implementadas mundo afora para o controle populacional. O United Nations Population Fund (Fundo Populacional das Nações Unidas, agora chamado de “Planejamento Familiar”) defendeu esterilizações forçadas, abortos obrigatórios, a horrível política chinesa de filho único e outras medidas coercitivas para reduzir as taxas de natalidade. Ironicamente, os mesmos acadêmicos e funcionários do governo que hoje defendem o “direito de escolha da mulher” apoiaram a imposição de controles brutais sobre o direito dos pais de escolher o tamanho de sua própria família. Mesmo na América, as mulheres nas últimas décadas são frequentemente estigmatizadas por terem mais de três filhos, e os pais com famílias numerosas são menosprezados por não nada saberem sobre controle da natalidade.

Atualmente, muitas nações ocidentais têm taxas de natalidade abaixo do nível de reposição (2,1 filhos por mulher em idade reprodutiva) e estão promovendo exatamente o oposto do que era pregado apenas algumas décadas atrás: políticas pró-natalidade. Os governos agora estão pagando às mulheres para terem filhos. Nenhum país enfrenta uma crise demográfica maior do que a China, que agora tem uma pirâmide populacional invertida com muitos idosos e poucos filhos para cuidar deles.

Essa completa reversão do consenso científico é uma lembrança da evolução do debate sobre o clima. Cinquenta anos atrás fomos avisados sobre uma era do gelo que se aproximava. A esquerda está agora tentando freneticamente apagar essa história e fingir que os alertas de resfriamento global nunca aconteceram. Agora, esses mesmos cientistas nos garantem que estamos enfrentando um aquecimento catastrófico do planeta. Bem, e o que é isso? É a “mudança climática”.

Então surge a pergunta, como o lobby verde do Juízo Final entendeu isso tudo de forma tão errada? O fato é que a humanidade não age como camundogos de campo noruegueses. Temos a razão; nós temos nossas mentes; respondemos às mudanças no mundo ao nosso redor. A esquerda adora observar as tendências de curto prazo e extrapolar erroneamente para 20, 50 e 100 anos. Eles previram, como Ehrlich fez, que ficaríamos sem comida, petróleo, gás, terras agrícolas, água potável e ar puro. Ao invés disso, graças à engenhosidade humana e aos mercados livres, temos mais alimentos, petróleo, água e ar puro do que nunca tivemos na história do planeta. À medida que o clima muda em uma direção ou outra, o que certamente continuará a acontecer, os humanos reagirão por meio de inovação, tecnologia e mudanças na forma como vivemos e trabalhamos.

O certo é que, se dependermos de governo e das Nações Unidas, estaremos realmente condenados. Os políticos cometerão os mesmos erros trágicos que cometeram em resposta à falsa bomba populacional.

Quanto aos jovens, meu conselho para quem realmente quer salvar o planeta é este: Vamos lá, casem-se, e façam bebês! Muitos deles. Rápido!

 

Stephen Moore é jornalista, colunista e escritor especializado em economia. O mais recente de muitos livros de sua co-autoria é “Trumponomics: Inside the America First Plan to Revive Our Economy”. Atualmente, Moore também é o economista-chefe do Institute for Economic Freedom and Opportunity.

 

Publicado no The Epoch Times.
Título original: Suddenly, ‘The Population Bomb’ Is a Population Bust
Tradução e edição: Editoria MSM

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1 comentário
  1. Alan Max Diz

    O “mea culpa” é raro.

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