Levem a sério as ameaças nucleares de Putin

Por Daniel Pipes

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Foto: Míssil balístico intercontinental Yars, instalado sobre lançador móvel, no desfile do “Dia da Vitória”. Moscou, Praça Vermelha, 2017.
(AP Photo/Alexander Zemlianichenko)

 

Carta ao editor do Wall Street Journal.

A doutrina soviética e a experiência histórica russa são motivos de grande preocupação.

No artigo “Putin Really May Break the Nuclear Taboo” (Putin poderá realmente quebrar o tabu nuclear, Declarações, WSJ 28 de abril), Peggy Noonan argumenta de maneira persuasiva que precisamos levar a sério as ameaças de Vladimir Putin. As suposições dos americanos sobre a impossibilidade do uso armas nucleares (“Isso não vai acontecer! Isso nunca aconteceu!”) são incorretas.

Noonan chega a esta conclusão ao olhar para o fraco desempenho militar russo na Ucrânia e para o caráter niilista de Putin. Posso sugerir um terceiro fator histórico? Putin é um homem soviético, ele viveu seus primeiros 39 anos na União Soviética, ascendeu ao posto de tenente-coronel do serviço de inteligência externa da KGB e lamentou publicamente o fim da URSS. Ele foi moldado e continua ecoando as doutrinas soviéticas.

Uma dessas doutrinas trata do uso de armas nucleares. Há quase 45 anos, meu pai, Richard Pipes, revelou essa doutrina no artigo “Why the Soviet Union Thinks It Could Fight & Win a Nuclear War (Por que a União Soviética acha que poderia travar e vencer uma guerra nuclear) na revista Commentary.”

“A doutrina estratégica adotada pela URSS nas últimas duas décadas postula uma política diametralmente oposta à adotada pelos Estados Unidos”, escreveu ele. “A noção de uma guerra nuclear prolongada está profundamente enraizada no pensamento soviético, apesar de ser afastada pelos estrategistas ocidentais que pensam na guerra como uma troca dos dois lados… Enquanto nós vemos as armas nucleares como contenção, os russos as veem como ‘tentação’.” Ele concluiu assim: “há alguma coisa congênita e desestabilizadora no próprio fato de nós considerarmos a guerra nuclear inviável e suicida para ambos os lados e nosso principal adversário a ver como viável e vencível para si próprio.”

Quase meio século depois, esse artigo merece uma releitura pelos formuladores da política externa dos EUA.

Daniel Pipes

Publicado no The Wall Street Journal.

 

Tradução: Joseph Skilnik

Daniel Pipes (DanielPipes.org@DanielPipes), formado no Harvard College em 1971, é o presidente do Middle East Forum.
©2022. Todos os direitos reservados.

 

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