O lobby pró-Israel é bom para os EUA

Por Daniel Pipes

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Quando os cidadãos americanos pressionam seu governo em favor de Israel, alguns altos funcionários da política externa condenam tal prática qualificando-a de um jeito de privilegiar as diminutas prioridades de um grupo étnico sobre a imparcial formulação da política externa. Mas, a bem da verdade, lobbies como o American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) e Christians United for Israel (CUFI) na realidade melhoram a política externa dos EUA.

Um dos piores best sellers.

Na década de 1950, os críticos contrários a Israel culpavam o “lobby judeu” por obstruir uma aliança anti-soviética. Na década de 1970, eles culpavam as relações robustas entre Estados Unidos e Israel pelo boicote do petróleo árabe. Na década de 2000, eles culparam o lobby de Israel pela Guerra do Iraque. Na década de 2010, eles criticavam o lobby, primeiro por obstruir e depois por se opor ao acordo com o Irã. John J. Mearsheimer da Universidade de Chicago e Stephen M. Walt de Harvard, os mais famosos destes críticos, se opuseram extensivamente aos americanos pró-Israel em seu best seller The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy de 2007.

Em resposta, ativistas pró-Israel, via de regra, justificam seu trabalho lobístico em cima de duas premissas. (1)Conveniência: Israel beneficia os Estados Unidos. Os americanos lucram com o desenvolvimento e testes de armamento avançado, da sua rede de inteligência, do que há de mais moderno em tecnologia de água e por ser o país mais forte e mais confiável na vital, porém extremamente turbulenta região do Oriente Médio. (2) Inexistência de custos: as relações EUA-Israel não interferem com outros laços dos EUA. Antigamente, isso remetia às relações com Egito, Iraque e Arábia Saudita, hoje em dia, refere-se à Turquia, Catar e Irã.

The Blackstone Memorial, 1891: “Palestina para os judeus”.

Esses argumentos, entretanto, poderão não se sustentar no futuro, porque a conveniência e a gratuidade poderão desaparecer. À medida que os liberais se distanciam do estado judeu, uma eventual presidente Kamala Harris poderia rejeitar o que Israel tem a oferecer e considerar que as relações estreitas com Jerusalém impedem iniciativas em relação ao Irã.

Antecipando uma guinada dessas, proponho ver o lobby de Israel de maneira totalmente diferente, mostrando seu papel interno em oposição à influência externa.

Israelenses e palestinos contam com o apoio entusiástico de influentes e poderosos grupos de apoio. Os israelenses têm o apoio da diáspora judaica, especialmente de seus líderes ricos e poderosos, vão de Chaim Weizmann a Sheldon Adelson, bem como a rede mundial de apoiadores cristãos de Lord Palmerston e William Blackstone a Clark Clifford e Nikki Haley. Paralelamente, os palestinos contam com países árabes, muçulmanos, europeus e comunistas como, respectivamente: Egito, Irã, Suécia e União Soviética, além de um apoio crescente da esquerda global, exemplificado por Jeremy Corbyn. Na realidade, conforme Steven J. Rosen mostrou, “o caminho das pedras dos árabes para Washington passa por Paris, Londres e Berlim.”

Ao longo do século passado, todas essas amálgamas comunitárias cresceram e, a grosso modo, se equilibraram. Elas surgiram durante a Primeira Guerra Mundial, quando os sionistas britânicos pressionaram seu governo a apoiar um lar nacional judeu na Palestina, enquanto os líderes árabes extraíam promessas da Grã-Bretanha em relação à Palestina antes de empreenderem qualquer esforço de guerra em prol dos britânicos. Durante a Segunda Guerra Mundial, os judeus ocidentais e seus aliados pressionaram desesperadamente o governo britânico para que ele abrisse a imigração para a Palestina para os refugiados judeus, enquanto os governantes árabes ameaçaram sabotar os esforços de guerra da Grã-Bretanha se ela permitisse tal imigração.

Após a guerra, os sionistas americanos passaram para a linha de frente, o número de estados árabes independentes triplicou. Os sionistas pressionaram com sucesso o presidente Truman a reconhecer o Estado de Israel em 1948, cinco países árabes invadiram o incipiente país. Os lados aprenderam um com o outro: os israelenses desenvolveram um poderoso exército, os árabes conquistaram uma influência cada vez maior na política, mídia e educação ocidental. Cada lado desenvolveu e refinou técnicas para obter fundos de seus grupos de apoio, seja da United Jewish Appeal ou doações dos governos sauditas, kuwaitianos e outros.

Um cartaz da época de 1973-1974: embargo do petróleo árabe.

Recorrentemente, quando os inimigos de Israel atacam, seus amigos americanos o defendem. Os países árabes boicotaram firmas americanas que investiam em Israel, os amigos de Israel obtiveram uma legislação que torna ilegal a sujeição a tais boicotes. Os países árabes suspenderam o fornecimento de petróleo, os sionistas lutaram contra a capitulação a tal pressão. Enquanto os países árabes conquistavam maioria esmagadora nas organizações internacionais, os amigos de Israel fizeram o mesmo no Congresso dos Estados Unidos. Cada grupo de apoio luta pela sua causa. Cada grupo provê apoio diplomático, ajuda financeira e armamentos.

Em outras palavras, os sionistas americanos servem como principal contrapartida aos países antissionistas. Os sionistas pressionam Washington de dentro, os países antissionistas o fazem de fora. É uma diferença significativa, mas, em última análise, uma diferença técnica.

De modo que, além do lobby que apoia Israel não impedir a formulação de uma política externa objetiva, ele também contrabalança construtivamente a influência anti-Israel. Argumentar a favor de Israel não é só protegido pela Primeira Emenda e integramente legítimo, como também dá subsídios e melhora a formulação da política americana ao combater influências estrangeiras. O lobby de Israel, portanto, é bom para os Estados Unidos.

Atualização de 28 de janeiro de 2021: e o ataque da era Biden já começou:David Corn doMother Jones e Ken Dilanian da NBC News publicaram artigos sobre Anne Neuberger, vice-conselheira de segurança nacional para tecnologia emergente e cibernética e a doação da fundação de sua família de cerca de US$500 mil para a AIPAC, com tons de dupla lealdade. Para visualizar as reações, acesse: cobertura do JNS.

 

Daniel Pipes (DanielPipes.org, @DanielPipes) é o presidente do Middle East Forum. Ele elaborou este artigo pela primeira vez em 1981.
© 2021 por Daniel Pipes. Todos os direitos reservados.

1 comentário
  1. Marcio Campos Diz

    Olavo de Carvalho é mesmo o sobrevivente, pois num momento combate a cultura esquerdista e noutro escreve, cria cursos de formação Cultural, como o COF, para formar quadros conservadores, coisa que as Universidades desde muito deixaram de fazer. Nunca, para nossa sorte, disse tanto sobre Olavo de Carvalho: “O sobrevivente”.

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