Oriente Médio: A “solução de dois estados” que visa destruir Israel

Por Khaled Abu Toameh

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Foto: Iron Dome – “Domo de Ferro”, sistema de defesa anti-mísseis israelense, ativado em maio de 2021 segundos após dezenas de projéteis serem lançados a partir do território palestino contra a população civil.

 

Enquanto a Administração Biden continua falando sobre seu comprometimento em relação à “solução de dois estados”, a maioria dos palestinos afirma que apoia o grupo terrorista islamista Hamas e quer que haja mais ataques terroristas contra judeus.

A Administração Biden navega na ilusão de que a “solução de dois estados”, que pretende estabelecer um estado palestino independente e soberano ao lado de Israel, é a única maneira de se alcançar a paz, segurança e a estabilidade no Oriente Médio.

A esmagadora maioria dos palestinos não deixa nenhuma sombra de dúvida de que não acredita na “solução de dois estados” e que prefere que o Hamas, o grupo terrorista apoiado pelo Irã, cujo estatuto clama pela eliminação de Israel, substitua a Autoridade Nacional Palestina chefiada por Mahmoud Abbas.

Em 30 de junho, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, conversou com Abbas sobre a vindoura viagem do presidente Joe Biden ao Oriente Médio.

“O secretário Blinken enfatizou o compromisso dos EUA em melhorar a qualidade de vida do povo palestino de maneira tangível e o apoio da Administração para se alcançar uma solução negociada de dois estados”, salientou Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado.

Às vésperas da visita de Biden a Israel, Cisjordânia e Arábia Saudita, uma pesquisa de opinião pública conduzida pelo Palestinian Center for Policy and Survey Research, indicou uma queda significativa de apoio entre os palestinos à “solução de dois estados” e um aumento no apoio à volta da intifada armada (revolta) e ataques terroristas dentro de Israel.

Segundo os resultados da pesquisa, a oposição à ideia da “solução de dois estados” é de 69%. Outros 75% dos entrevistados também expressaram oposição à ideia de uma solução de um estado, onde israelenses e palestinos viveriam juntos e gozariam dos mesmos direitos.

A pesquisa constatou que 55% dos palestinos apoiam o recomeço dos confrontos armados e da intifada, um aumento em relação aos 51% que apoiavam a volta da violência há três meses.

Além disso, uma maioria de 59% disse apoiar os ataques terroristas realizados dentro de Israel por palestinos nos últimos meses.

Grande maioria dos palestinos (69%) também se opõe a uma retomada incondicional das negociações de paz palestino/israelenses. Outros 65% se opõem a um diálogo com a Administração Biden.

A pesquisa constatou que a maioria dos palestinos não confia em Abbas, com quem a Administração Biden está lidando.

Segundo as pesquisas de opinião de voto, se novas eleições presidenciais fossem realizadas hoje, Ismail Haniyeh, líder do Hamas, obteria 55% dos votos, enquanto Abbas obteria apenas 33%.

Setenta e três por cento dos palestinos mostraram insatisfação com o desempenho de Abbas e 77% disseram que querem que ele renuncie.

A maioria dos palestinos disse que o Hamas merece representar e liderar o povo palestino.

A crescente popularidade do Hamas entre os palestinos significa que o estado palestino que a Administração Biden está querendo estabelecer ao lado de Israel logo será governado por um grupo islamista cujo estatuto declara que “Israel existe e existirá até que o Islã o destrua, assim como já destruiu outros”.

Como a maioria dos palestinos quer substituir Abbas por um líder do Hamas, isso significa que o proposto estado palestino estará engajado com a aliança do grupo terrorista, que não acredita no direito de Israel existir.

Caso a Administração Biden e o restante da comunidade internacional não estejam cientes da agenda do Hamas, eles precisam dar uma olhada no que diz o estatuto do grupo terrorista.

Artigo 11 do estatuto declara:

“O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) acredita que a terra da Palestina é um Waqf islâmico consagrado para as futuras gerações muçulmanas até o Dia do Julgamento. Ela ou qualquer parte dela, não pode ser desperdiçada, não se pode desistir dela ou de qualquer parte dela. Nenhum país árabe nem o agregado de todos os países árabes e nenhum rei ou presidente árabe, nem todos os reis e presidentes, nem qualquer organização, nem todas elas… tem esse direito.”

O estatuto (artigo sete) lembra os muçulmanos do famoso hádice atribuído ao profeta Maomé:

“O Dia do Julgamento não chegará até que os muçulmanos combatam os judeus, mesmo que os judeus se abriguem por detrás de árvores e pedras. As árvores e pedras dirão: Oh! Muçulmanos, Oh! Abdullah, há um judeu por detrás de mim, venha e mate-o.”

A Administração Biden pressiona a favor de um estado palestino que, sem a menor sombra de dúvida, será usado pelo Hamas e seus apadrinhados do Irã de plataforma de lançamento para destruir Israel.

Os líderes do Hamas sempre foram plenamente transparentes e consistentes quanto à sua intenção de eliminar Israel e matar judeus.

Durante a recente visita ao Líbano, Haniyeh, candidato favorito dos palestinos para presidente, afirmou que “não há futuro” para Israel na “terra da Palestina”.

Haniyeh anunciou que o Hamas estava se preparando para uma “batalha estratégica” com Israel. “A entidade sionista está diante de um futuro sombrio por causa da resistência islâmica”, ressaltou ele, ao elogiar os palestinos que realizam ataques terroristas contra Israel.

Haniyeh salientou que caso ocorra um novo confronto militar com Israel, o Hamas destruirá a “entidade sionista” em questão de minutos. “A entidade sionista será atingida por 150 foguetes em menos de cinco minutos”, ameaçou ele.

Ainda durante a visita ao Líbano, o líder do Hamas participou de uma reunião da assim chamada Conferência Nacional Islâmica juntamente com líderes da milícia terrorista Hisbolá, apoiada pelo Irã. A conferência também contou com a presença de representantes de vários países árabes, entre eles Egito, Líbia, Kuwait, Síria, Marrocos, Jordânia, Iêmen, Líbano e Argélia.

A conferência expressou total apoio ao Hamas e ao terrorismo contra Israel e dirigiu pesadas críticas aos países árabes que normalizaram relações com Israel.

“A conferência salienta as conquistas e os heroísmos da resistência palestina na luta contra o inimigo sionista”, segundo uma declaração emitida pelos participantes no final da reunião. “A conferência apoia todas as formas de resistência diante do inimigo sionista.”

A conferência condenou a disposição de alguns países árabes “de normalizar as relações com o inimigo sionista e de abrir seus países ao seu exército, economia, colonos e políticos”. Ela ainda censurou os esforços dos países árabes “de firmarem alianças militares com o inimigo sionista” e pediu o cancelamento dos Acordos de Oslo assinados em 1993 entre Israel e a OLP. A conferência também assinalou que “afirma o direito do povo palestino à sua terra histórica que vai do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo”.

Esta declaração é uma gigantesca força dada ao Hamas, visto que a conferência realmente endossou a campanha do grupo terrorista para destruir Israel e substituir o país por um estado islamista apoiado pelo Irã e governado por Haniyeh e os mulás de Teerã.

O Hamas e seus apoiadores não acreditam na “solução de dois estados” da Administração Biden ou de qualquer processo de paz com Israel. A única solução que eles querem é que o Estado de Israel seja varrido do mapa e que os judeus desapareçam deste mundo. Lamentavelmente, a maioria dos palestinos (conforme evidenciado pela última pesquisa de opinião) pensa como o Hamas e quer ver cada vez mais a morte de judeus.

A Administração Biden precisa entender que, nas atuais circunstâncias, promover a ideia de uma “solução de dois estados” é o mesmo que defender o derramamento de sangue e a violência no Oriente Médio.

A Administração Biden também precisa entender que Abbas, o líder palestino que os americanos estão querendo engajar e no qual confiam irá fazer a paz, carece totalmente do apoio da maioria do povo palestino a qualquer plano de paz com Israel.

 

Publicado no site do Gatestone Institute.

Khaled Abu Toameh, árabe e islâmico, é um jornalista premiado e produtor de TV radicado em Jerusalém.

Tradução: Joseph Skilnik

 

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