Lockdowns, comuno-globalismo e os avisos de Solzhenítsyn

Por Valterlucio Bessa Campelo

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Quando em 10 de Maio de 1983, o escritor Aleksandr Solzhenitsyn (foto), Prêmio Nobel de Literatura de 1970, autor de, entre outras obras, “Arquipélago Gulag” e “Um dia na vida de Ivan Denisovich”, recebeu em Londres o Prêmio Templeton, dificilmente pensaria que, menos de 40 anos depois, estaríamos nos deparando novamente com uma catástrofe global como a que enfrentamos desde inicio de 2020.

Na Conferência em Londres, disse o extraordinário escritor russo referindo-se ao comunismo:

“Mais de meio século atrás, quando eu ainda era criança, lembro-me de ouvir um número de pessoas mais velhas oferecem a seguinte explicação para os grandes desastres que se abateram sobre a Rússia: Os homens se esqueceram de Deus; é por isso que tudo isso aconteceu. (…) Se hoje me pedissem para formular da maneira mais concisa possível a causa principal da perniciosa revolução que deu cabo de mais de 60 milhões de compatriotas, não poderia fazê-lo de modo mais preciso do que repetir: Os homens se esqueceram de Deus; é por isso que aconteceram todas essas coisas.”

Como simples admirador de sua obra, não um expert, diante do que estamos vivendo me pergunto o que diria Solzhenitsyn, afinal, o que fizeram os tomadores de decisão que produziram, espalharam e governam o vírus chinês? Sim, eles O esqueceram e em Seu lugar entronizaram uma certa “ciência” que eles mesmos corromperam e que vulgarmente atende aos pedidos de socorro de qualquer um que tenha à frente a caneta do diário oficial, um receituário médico, um microfone ou um teclado. Todos ousam falar em seu nome, alguns sem fazer idéia de quem foram Galileu, Isaac Newton, Renée Descartes ou Karl Popper.

Pobre ciência! Ela não tem culpa. Falsearam-na e a usam despudoradamente. Quando vejo um daqueles repetindo o mantra “de acordo com a ciência” se referindo, por exemplo, à defesa histérica de lockdowns sem fim, ainda que gerem desemprego, miséria, fome, doença e morte, lembro de outro autor, este refutado milhares de vezes, porém ainda hoje zumbizando muitas mentes com sua ideologia malsã. Karl Marx disse que seu objetivo na vida era “destronar Deus e destruir o capitalismo”, e o que daí se deu foi o monstro denunciado por Solzhenítsyn.

Apesar de Lenin, Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel e tantos outros, o fim do homem livre e da consciência plena onde habita Deus parece estar à nossa frente. As insanidades cometidas contra as liberdades individuais, a livre iniciativa e a propriedade privada, cava palmos no buraco onde pretendem enterrar o capitalismo. Para esse intento, estuprar e, ao mesmo tempo, culpar a ciência é o de menos.

A partir do travamento da economia, minha vista só consegue alcançar geração e aprofundamento da pobreza que deverá DOBRAR até o fim de 2021. Tramam a derrocada do único sistema que até hoje se provou capaz de promover o progresso da humanidade. Essa gente autoritária, vinculada à agenda globalista, hegemônica na mídia mainstream, sequer permite qualquer debate. A palavra da nova “deusa” – a ciência corrompida, silencia os opositores e, em conseqüência, autoriza os desvarios das agressões de todos os tipos. Como sempre, medidas extremas só podem ser executadas à força.

Assim como deificaram a “ciência”, jogaram o Direito na sarjeta. No Brasil está tudo autorizado pelo STF que, em última instância, é quem governa o país sem que tenha mandato para tal. Os obscuros interesses e negociações que antecedem seus julgamentos sobrepõem-se à democracia, fazendo-os dizer e desdizer a Constituição Federal conforme a encomenda, como ocorreu nesta terça-feira, dia 23/03, quando a “Carminha” deu um cavalo de pau hermenêutico e disse o contrário do que havia dito antes. Acrobacias jurídicas se tornaram comuns na “Suprema” Corte.

Em ação coordenada, partidos de extrema-esquerda pleiteiem o fechamento total do Brasil. A todo custo, querem a economia no chão para sobre seus escombros erguerem os marcos de sua ideologia. Aqui e acolá, juízes corajosos (onde estão todos?) decidem em favor do povo (ver AQUI), reconhecendo a flagrante inconstitucionalidade de medidas tomadas por dirigentes vocacionados ao autoritarismo. O exemplo mais absurdo é a proibição de aquisição de determinados produtos nas gôndolas de um supermercado, como se viu no Rio Grande do Sul.

Lembremos que a partir do topo as decisões repercutem na outra ponta, por exemplo, na ação do policial que executa violentamente a ordem contra uma vendedora de refrigerantes ou contra o pipoqueiro na rua. A mesma coisa se pode dizer de muitos médicos, profissionais que negam liminarmente a possibilidade de que protocolos fora do script da OMS, ou desobedientes à mídia militante, possam ser eficazes contra a peste. Outros embarcam de mala e cuia em lockdowns meia-boca.

Sobre a deturpação da ciência, os eminentes pesquisadores e professores Martin Kulldorff, de Havard e Jay Bathhacharya, de Stanford, declararam em artigo recente (ver AQUI) o que deveria ser obvio, mas para certos médicos nos cueiros da pesquisa científica soa extraordinário: “Para que a ciência prospere, ideias opostas devem ser aberta e vigorosamente discutidas, apoiadas ou combatidas com base no mérito científico. Em vez disso, alguns políticos, jornalistas e (infelizmente) cientistas se envolveram em calúnias cruéis contra cientistas dissidentes, espalhando teorias conspiratórias prejudiciais, inclusive com apelos abertos à censura no lugar do debate”. Em outras palavras, é dizer que a verdadeira ciência foi deliberadamente fraudada.

Voltemos a Solzhenitsyn. Sob Deus, seguramente os homens não teriam concertado essa trama diabólica que a partir da China subverteu todo o panorama global, afundou a democracia americana com uma eleição distorcida, empobrece as nações, promove experimentos de controle das massas, testa a nossa resistência, nos enche de medo e, assim, prepara o terreno para o golpe final – o globalismo e tudo o que ele representa. Não à toa, as igrejas, todas elas, foram cerradas sob pretexto de aglomeração, ainda que seja permitido aos seus pobres fiéis que passem horas uns sobre os outros nos ônibus e metrôs. Coerência não é a matéria preferida do autoritarismo.

Antes que se apressem os ignorantes, não significa dizer que devêssemos largar a ciência e nos agarrar à Bíblia, de joelhos no chão. O próprio Solzhenítsyn explica: “As deficiências da consciência humana, privada de sua dimensão do divino, têm sido um fator determinante em todos os principais crimes deste século”. Então, trata-se do expurgo de Deus da consciência humana e, conseqüentemente, da  reflexão sobre as conseqüências de suas decisões.

Em seu célebre discurso em Havard (1978), Solzhenítsyn decepcionou milhões que viram em seus termos uma espécie de antiamericanismo e praticamente abandonaram as suas ideias. Relido hoje, muitos certamente terão honestamente que reconhecer que ele tinha razão. Em certo trecho ele acusa: “Do jeito que está, no entanto, a imprensa se tornou a maior potência dentro dos países ocidentais, mais poderosa do que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Em seguida, gostaria de perguntar: por qual lei foi eleito e perante quem é responsável? No Oriente comunista, um jornalista é francamente nomeado funcionário do Estado. Mas quem concedeu aos jornalistas ocidentais seu poder, por quanto tempo e com quais prerrogativas?”. Certamente, diria mais, se naquela quadra da vida existissem as big techs.

Presentemente, a situação é resultado e itinerário de muitas decisões autoritárias, as quais as pessoas obedecem sem crítica. Uns o fazem por adoração cega à “deusa” corrompida, outros pelo comodismo de rebanho protegido pela norma e pela mídia e há, ainda, os que sabem exatamente a que projeto servem. De todo modo, penso, Alexander Solzhenitsyn teria firmes razões para repetir que os homens se esqueceram de Deus.

 

Publicado originalmente no blog do autor com o título “‘Os homens se esqueceram de Deus’ – A. Solzhenitsyn”. Divulgação: puggina.org.

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