Armadilhas conceituais: A Nova Esquerda e o remodelamento da linguagem
Por Eguinaldo Hélio Souza
Foto: O teórico alemão Herbert Marcuse, tido por muitos com “o pai da Nova Esquerda”, com a militante comunista Angela Davis, considerada em 2020 pela revista Time “uma das 100 pessoas mais influentes da atualidade”.
“Os filósofos comandam o Estado, obviamente não os filósofos no sentido tradicional da palavra, mas os dialéticos [referência à dialética marxista]. A convicção de que o mundo inteiro será conquistado cresce. Grandes hordas de seguidores surgem em todos os continentes. Mentiras são tramadas a partir de sementes das verdades” [grifo meu].
Czeslaw Milosz, na obra “Mente Cativa” .
A Nova Esquerda (New Left, em inglês) é um termo utilizado para se referir aos movimentos políticos e culturais de esquerda surgidos em vários países a partir da década de 1960. Eles se diferenciam dos movimentos de esquerda anteriores, mais orientados para o ativismo “trabalhista”, adotando uma definição de ativismo político mais ampla, comumente chamada de “ativismo social”. No fim, trata-se do mesmo desgastado socialismo marxista, que, ainda com novo verniz teórico e retórico, mantém-se lutando para “transformar o mundo”, já não mais importando compreendê-lo, como preconizava a tese 11 de Marx sobre as posições do hegeliano Feuerbach.
Quem nunca leu 1984, de George Orwell, deve fazê-lo urgentemente, no mínimo para entender como funciona a novilíngua e o duplipensar. Essa forma de engenharia social empregada pelo comunismo e pelo nazismo, pela via da manipulação da linguagem, é denunciada por Orwell e retrata cada vez mais a realidade de hoje. Analisar as tentativas recentes de mudança do vocabulário é essencial para perceber o tipo de sociedade que a esquerda pretende impor.
O vocabulário manipulado não expõe abertamente a ideologia. Pelo contrário, a esconde. Em jornais, livros, e mais explicitamente no material acadêmico de produção recente, há novos termos e novos sentidos para palavras já conhecidas, às vezes opostos a seus significados originais. Para eles a verdade não existe, tudo é construção, e com a linguagem não poderia ser diferente: eis o “desconstrucionismo”. Estão “desconstruindo” a realidade, à partir da linguagem. Do resultado final desse processo já temos exemplos: os campos de concentração nazistas, os gulags soviético, o laogai chinês. Reinterpretar arbitrariamente leis e constituições inteiras é um dos passos, e nós, brasileiros, conhecemos bem o que juízes e tribunais corrompidos e contaminados por todo esse lixo revolucionário são capazes de fazer.
É possível identificar diariamente a monstruosidade ideológica oculta nos conceitos, expressões e palavras de sentidos para lá de ambíguos e escorregadios: “justiça social”, “desenvolvimento sustentável”,”distribuição de renda”, “redução das desigualdades”, “direitos reprodutivos”, “empoderamento de minorias”, “antifascismo”, “desarmamento”, “multiculturalismo” (sempre anticristão, vale notar), “justiça racial”, “liberação das drogas”, “desmilitarização das polícias”, “inclusão”, “linguagem neutra”, “fluidez de gênero”, “extinção do patriarcado”, etc.
Tais pautas e pseudo-conceitos permeiam, atualmente, planos estratégicos de empresas públicas e privadas, projetos pedagógicos de cursos, conteúdos programáticos de disciplinas e demais documentos que regem tudo o que está sendo feito no campo da produção intelectual e laboral no Ocidente. Tudo tem ido para muito além do já conhecido “politicamente correto”.
No que tange à corrosão da fé cristã, vemos temática análoga nas agendas da redução do Evangelho à Ação Social, na “teologia negra”, na “teologia latino-americana”, na “ecoteologia”, etc.
A candura dos termos esconde sua maldade. Nesse sentido, vale a observação de Gene E. Veith Jr. em sua obra “De todo o entendimento (Ed. Cultura Cristã, 2006, p. 79):
“O mal sempre se apresenta como algo bom. Ninguém diz: “Vamos fazer algo mal hoje”. O mal se associa com uma causa nobre ou com palavras altissonantes. O aborto se associa com a emancipação das mulheres. O sexo ilícito se associa com o amor. A crueldade com um amigo se associa com a honestidade”.
Com tais artifícios, a esquerda milita corroendo instituições, costumes, os elementos da cultura que consideram “reacionários” ou “burgueses”, alegando a busca de um paraíso terrestre (“fim das injustiças”, da pobreza, etc.) a partir da transformação forçada da mentalidade e do comportamento humano, desvalorizando as interações naturais, livres e espontâneas, tão caras à mente conservadora, sensível aos inegáveis e notórios atributos da condição humana. Para isso, a esquerda também defende a mão forte do Estado, visto como agente redentor, e, por fim, visa incriminar e substituir a moral judaico-cristã, a quem ela atribui a causa de todas as mazelas humanas.
Apesar de se apresentar como moderna, erudita e científica, a visão que se autodenomina “progressista” é radicalmente dogmática e fanática. E pela subjacente negação da realidade, só consegue produzir fragilidades, beligerância, empobrecimento, injustiça, opressão e totalitarismo. Como latino-americanos, temos visto a destruição que essa horda têm semeado em nosso continente. Tudo muito pior do que costumavam denunciar.
Chegou a hora da rejeição franca da implementação desse lixo vocabular, que precisa ser denunciado sistematicamente. A inversão de valores, a criminalização dos discordantes, o ativismo judicial, e toda a metamorfose social forçada têm, nessas palavras, expressões e conceitos, seu caminho e sua força. Precisamos de um dicionário crítico, que desnude e desvende o verdadeiro sentido do presente vocabulário comuno-globalista e nos permita escapar do caos que ele já está produzindo.
Eguinaldo Hélio Souza, pastor e conferencista, é autor dos livros ‘Marxismo Selvagem’ e ‘Dragão Vermelho – O marxismo à luz da Bíblia’.
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A dominação de corações e mentes começa pela linguagem.
Muito apropriado
Excelente
Como rejeitar o lixo vocabular em uma sociedade que mal consegue ler e interpretar memes? A pauta de desconstrução liguística já foi completada com êxito, agora o trabalho cavalar é de de-desconsttruir tudo.