A guerra contra a família

Por Jeffrey Nyquist

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(Foto: Betty Friedan, pioneira do feminismo, sempre posou de dona de casa suburbana, mas na verdade era uma agente comunista treinada.) 

 

Talvez você já tenha ouvido que a guerra em curso contra a família tradicional é uma “conspiração comunista”. Não ria. A família tem sido o principal objetivo dos revolucionários socialistas por mais de 160 anos.

De fato, a contínua desintegração da família coincide com o contínuo avanço do socialismo. A esquerda trabalha incansavelmente para normalizar o divórcio, o aborto e a perversão sexual. No entanto, para entender o papel da esquerda na desintegração da família, é necessário primeiro entender o que é a esquerda.

Deixando de lado os diferentes significados de palavras como “socialismo”, “comunismo” e “marxismo”, em todos os três você pode encontrar um conjunto comum de ideias. Essas ideias podem ser resumidas em cinco partes, como segue: 1) a “salvação” do homem pode ser alcançada através de ativismo político ou uma revolução, 2) que estabelece a “paz” convertendo todos os países em um só país (internacionalismo), 3) que é hostil à propriedade privada dos meios de produção (anticapitalismo), 4) que “emancipa” as mulheres da maternidade (feminismo), 5) e que traz uma “prosperidade” universal através da cooperação e harmonia universal.

O que temos, nas ideias de “socialismo”, “comunismo” e “marxismo”, é o surgimento de uma nova fé. É uma fé na qual os marxistas-leninistas (isto é, os comunistas) se veem como a ponta de lança ou a “vanguarda”. Tal era a arrogância do Estado soviético, e permanece, hoje, a arrogância do Partido Comunista Chinês. É impossível compreender adequadamente essa nova fé sem compreender o trabalho clandestino dos países comunistas e seus serviços especiais. De acordo com as intensas investigações realizadas pelas comissões do Congresso dos Estados Unidos nos anos 50, a União Soviética foi o centro coordenador de uma “conspiração comunista” mundial que envolveu a infiltração e a subversão de muitas nações, incluindo os Estados Unidos.

O comunismo anula as verdades eternas, elimina toda religião e toda moralidade, em vez de constituí-las sobre uma nova base; portanto, ela age em contradição com toda experiência histórica passada.
 Karl Marx e Friedrich Engels

Essa subversão não parou nos anos 50; de acordo com várias fontes — como o “Camarada J” de Pete Earley — continua até hoje, apesar da queda da União Soviética.

Ao falar da guerra contra a família, devemos primeiro mostrar que o comunismo, como a vanguarda da fé esquerdista, é muito mais do que uma “conspiração” ou uma “rede de subversão”. Se olharmos de perto, poderemos ver que a civilização gradualmente passou de uma crença na salvação espiritual para uma crença na salvação política (através do ativismo político). Este passo da fé espiritual para a fé política começou durante a Revolução Industrial. Não é novidade que as realizações científicas e tecnológicas levaram muitas pessoas ao materialismo (a crença de que não há nada exceto a matéria). Em 1859, Charles Darwin propôs uma teoria materialista da origem do homem “por meio da seleção natural”. Com a aceitação da teoria da evolução de Darwin, a humanidade sofreu um revés: se o homem é um acidente evolucionário, que significado poderia ter a vida? Como o homem preserva sua dignidade?

É aqui que o marxismo entra em cena. Como pode um acólito aspirante da nova fé estabelecer a fundação para o Céu na Terra? Afinal, o homem deve buscar a salvação por si mesmo. Dos “Cadernos do Cárcere” do comunista italiano Antonio Gramsci, aprendemos que o potencial da “consciência socialista” dependerá em última análise da negação do senso comum e da natureza humana. Gramsci não está sozinho nesta proposta. Em “O Manifesto Comunista”, Karl Marx e Friedrich Engels disseram que “o comunismo anula as verdades eternas, elimina toda religião e toda moralidade, em vez de constituí-las sobre uma nova base”; portanto, ele age em contradição com toda experiência histórica passada”.

Segundo o marxismo, a moralidade sexual é uma arma das classes exploradoras. Portanto, a imoralidade sexual é uma arma da luta de classes. Para quebrar a espinha do capitalismo, o marxismo aprova a doutrina do amor livre. Não surpreende, portanto, que o bloco comunista (com a ajuda de aliados esquerdistas no Ocidente) tenha promovido a ruptura das normas sexuais na década de 1960. Ao rejeitar a moralidade sexual como instrumento de uma sociedade opressiva, dominada por homens e racistas, os comunistas desferiram um golpe contra a cultura tradicional, a ordem social e a religião.

Agentes comunistas influentes solaparam a ideia de que os homens deveriam ser o apoio econômico da família e as mulheres deveriam ser donas de casa. A validade dos papéis distintivos de homens e mulheres foi denunciada como “prejudicial para as mulheres”. Segundo a fundadora do feminismo moderno, Betty Friedan, a dona de casa vive em “um confortável campo de concentração“. Friedan explicou: “As mulheres que se ‘adaptam’ como donas de casa, que crescem querendo ser ‘apenas donas de casa’, correm tanto perigo quanto os milhões que caminharam para a própria morte nos campos de concentração”.

De onde Friedan tirou essa ideia estranha? Ela era secretamente uma comunista que fizera extensos trabalhos de propaganda para o Partido, como David Horowitz explicou em seu artigo de 1999, “O passado comunista secreto de Betty Friedan“.

Nos primórdios do marxismo, Engels escreveu um livro intitulado “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”. Neste livro, ele defendeu a abolição da família e promoveu a educação coletiva de crianças. Este tipo de livros, no século XIX, não causou nenhuma impressão entre o público. Foi somente no século XX, depois de menosprezar o papel da dona de casa, que os comunistas minaram decisivamente a família. Isso abriu a porta para o divórcio sem culpa, uma lei que foi tentada pela primeira vez na União Soviética. Ela fez do casamento um contrato não vinculativo. A maternidade foi decisivamente minada. Depois veio a legalização do aborto. Um regime de infanticídio foi estabelecido envolvendo milhões de mulheres.

Depois disso, uma série de eventos surpreendentes se seguiu: 1) uma epidemia de pornografia, 2) a legalização do casamento homossexual e 3) educação sexual para crianças cada vez menores. O que poderia ser mais desmoralizante? Quem ousaria resistir, dado o crescente imperativo hedonista?

De acordo com Marx no Vol. 3 de “Marx-Engels-Gesamtausgabe”, a destruição da família levaria à destruição do cristianismo. “O segredo da Sagrada Família é a família terrena”, disse Marx. “Para fazer desaparecer a primeira, a segunda deve ser destruída, na teoria e na prática.”

A socióloga alemã Gabriele Kuby observou que “todos os revolucionários sexuais do século XX têm suas raízes espirituais no marxismo”, segundo a “Revolução sexual global: a destruição da liberdade em nome da liberdade”.

A noção revolucionária, como explica Kuby, sustenta que “o vício como forma de controle social é praticamente invencível”. Em outras palavras, quando o indivíduo abandona o autocontrole sexual, ele desperta um poder totalitário em ascensão. Para entender como esse poder funciona, Kuby lista aqueles que podem se beneficiar do declínio da família: 1) qualquer um que deseje transformar a humanidade em um despojo desenraizado em prol da ambição global, 2) qualquer um que queira que o Ocidente afunde em um “inverno demográfico” e 3) quem quer eliminar o cristianismo.

Quanto mais examinamos a guerra contra a família, mais descobrimos a mão oculta da vanguarda comunista. Se um poder é capaz de desacreditar a maternidade e deslegitimar a autoridade masculina, como pode haver oposição a esse poder?

A negação das diferenças sexuais, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a mudança de sexo para as crianças, o desprezo pela maternidade, a demonização da masculinidade, são ideias que a nova religião da esquerda favorece. Todos os filósofos, estadistas e santos dos séculos passados — pagãos e cristãos — teriam condenado essas ideias como loucura. Mas aqui estamos nós, no século 21, vendo como essa loucura se desenvolve.

A batalha final na guerra cultural não está longe. Nós não sabemos qual será o resultado. Pode-se dizer com segurança que a vida acabará voltando ao normal. A questão é quanta morte e quanto sofrimento ocorrerão nesse meio tempo.

 

Publicado originalmente no The Epoch Times.

Jeffrey Nyquist, autor de obras como ‘The Origins of The Fourth World War’ e ‘O Tolo e seu Inimigo’, é expert em estratégia e formado em sociologia política pela Universidade da Califórnia.

https://jrnyquist.blog

 

 

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