China: caçada ‘hi-tech’ aos uigures e o 5G como ameaça totalitária

Por Luis Dufaur

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Foto: Cidadãos da minoria uigur em campo de concentração na província de Xinjiang, China, em abril de 2017.

 

A organização internacional Human Rights Watch (HRW) afirma ter uma detalhada lista de 2 mil prisioneiros uigures, (turcomenos da Ásia Central, 8.680.000 pessoas no total), presos pelo sistema repressivo chinês entre 2016 e 2018 na cidade de Aksu, na região de Xinjiang.

Membros dessa minoria muçulmana teriam sido presos após serem localizados pelo software “Plataforma de Operações Conjuntas Integradas” (IJOP), segundo divulgou Yahoo News.

É um software que rastreia a atividade online e a vida diária das pessoas por meio de um amplo sistema de vigilância eletrônica existente na região.

E cria um enorme banco de informações pessoais como tipo de sangue, altura, afiliação política ou religiosa e até mesmo seu consumo de eletricidade ou combustível de cada indivíduo.

As menores ações dos indivíduos são fiscalizadas, em particular, pelo rastreamento de smartphones ou dos milhões de câmeras de circuito fechado de TV instaladas na província.

A HRW suspeita também que empresas como a Huawei tenham implementado um software de reconhecimento facial para identificar pessoas que parecem etnicamente com uigures.

De acordo com a organização de direitos humanos, “a grande maioria” dos 2 mil prisioneiros dessa lista foram presos por atos perfeitamente legais e não violentos, como conversar com pessoas que vivem no exterior, não ter um endereço fixo ou desligar frequentemente o celular.

Para o governo chinês esses “crimes” justificam interná-los em “campos de reeducação política”.

A ditadura alega o desejo de combater o terrorismo e o extremismo, mas apenas 10% dos indivíduos da lista são acusados disso.

Segundo informações da agência AFP, que teve acesso a parte da lista, muitas pessoas foram simplesmente “indiciadas” pelo software sem qualquer informação sobre o motivo de sua prisão.

“Não ser confiável” ou ter nascido após a década de 1980 são “comportamentos” que justificam a detenção, segundo relatou o jornal The Guardian.

Um homem aparece detido por não pagar o aluguel e vários outros por praticar poligamia, sendo que os uigures são muçulmanos e o Corão aprova essa prática.

Uma detida foi denunciada por ter “links com países sensíveis” depois que o mencionado softare IJOP gravou quatro ligações de vários minutos com sua irmã que mora no exterior.

“Isso contradiz as afirmações das autoridades chinesas de que suas tecnologias ‘sofisticadas’ e ‘preditivas’, como o IJOP, mantêm Xinjiang seguro ao mirar os criminosos com precisão”, disse Maya Wang, pesquisadora chinesa da HRW.

A Human Rights Watch já tinha conhecimento desse software e entrevistou pessoas que disseram ter sido detidas após serem selecionadas por ele.

Mas, “esta é a primeira vez que vimos documentos oficiais explicando como o sistema capturou e deteve cada indivíduo”, disse Maya Wang.

As autoridades socialistas em Aksu e Xinjiang fugiram das perguntas da agência AFP sobre as denúncias.

O porta-voz da diplomacia chinesa Zhao Lijian disse que os relatórios “nem mesmo mereciam ser refutados”, acusando a HRW de tentar “causar problemas” na região.

Compreende-se assim o empenho de Pequim em impor sua rede de 5G. Essa, pela sua alta capacidade de transmissão de dados, permitiria à China instalar uma ditadura universal da qual ninguém escaparia.

Do blog Pesadelo Chinês.

 

 

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