Rússia: Lideranças ainda tentam ressuscitar a União Soviética
Por Newt Gingrich
Após o cara-a-cara de Joe Biden com Vladimir Putin em Genebra esta semana, não pude deixar de lembrar da minha viagem à Rússia em 1993.
Eu estava em uma delegação do Congresso visitando Moscou quando Boris Yeltsin era presidente e o Ocidente tinha grandes esperanças de uma Rússia mais aberta e democrática. Fui ver o então vice-presidente, que era general da Força Aérea, em seu gabinete. Uma parede inteira da sala era um mapa da União Soviética.
Sendo alegremente ignorante, eu disse a ele: “Gosh! Esse é um mapa da União Soviética.”
Ele olhou para mim e respondeu: “Sim, e é assim que vai ficar de novo.”
O próprio Putin expressou sentimentos semelhantes, chamando o colapso do império soviético a “maior catástrofe geopolítica” do século XX.
Ninguém pode subestimar o quão importante a experiência de Putin como agente soviético na KGB foi – e é – para sua mentalidade hoje. Na verdade, devemos considerar Putin um homem racional, mas racional na estrutura de um oficial da KGB treinado na Guerra Fria, que considera um certo nível de violência e brutalidade apenas parte de como os negócios são feitos.
A KGB considerava o Ocidente um inimigo, e qualquer coisa prejudicial que acontecesse dentro da União Soviética era vista como resultado da influência ocidental. Esse mesmo pensamento continua a dominar as mentes de Putin e asseclas hoje.
Moral da história: não veremos um recomeço na Rússia tão cedo – especialmente se os líderes americanos não consolidarem a dissuasão de forma confiável.
Os líderes da Rússia, como seus predecessores soviéticos, sentem a necessidade de projetar uma dureza brutal no exterior porque, do contrário, acreditam eles, as vantagens do Ocidente seriam esmagadoras. Um dos exemplos mais flagrantes e horripilantes desse tipo de projeção é o uso de veneno pela Rússia como arma para assassinar oponentes na Europa e em outros lugares.
Exploro alguns dos mais implacáveis e nefastos planos de assassinato na Rússia, entre outras coisas que animam Putin, nesta semana em meu podcast “Newt’s World”. Minha convidada para discutir tudo isso é Amy Knight, uma especialista profundamente conhecedora da Rússia e autora do livro “Orders to Kill: The Putin Regime and Political Murder” (Ordens de Matar: O Regime de Putin e o Assassinato Político).
Nos últimos anos, vimos Moscou usar envenenamentos repetidamente. No ano passado, por exemplo, Putin tentou assassinar seu principal oponente, Alexei Navalny, com veneno, antes de prendê-lo. E em 2018, a Rússia envenenou Sergei Skripal, um ex-oficial militar russo e agente duplo da inteligência britânica, e sua filha, Yulia Skripal.
O que é muito interessante é como a Rússia é aberta e desleixada quanto as seus envenenamentos. As operações dificilmente são secretas. Parece que eles querem enviar um sinal ao mundo. O Kremlin certamente não parece incomodado se soubermos que eles estão por trás de qualquer um desses complôs.
A percepção de que podemos discutir as tendências atuais nos assassinatos russos é bastante reveladora sobre o quão estranho e brutal é o regime de Putin. Mas, como explica Knight, a Rússia nunca teve uma depuração adequada após o colapso da União Soviética. As autoridades russas nunca se livraram de ex-funcionários da KGB e do Partido Comunista. Nunca houve um verdadeiro acerto contas com o passado soviético da Rússia. O que explica, pelo menos em grande parte, por que a Rússia de Putin é tão cruel e antidemocrática.
Seria ótimo se houvesse um caminho para uma nova revolução que direcionasse o país a ser uma Rússia aberta e genuinamente democrática. Mas, infelizmente, podemos não ver isso nesse tempo em que vivemos.
Newt Gingrich foi presidente da House of Representatives (Equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) de 1995 a 1999. Pré-candidato republicano à presidência em 2012, é professor universitário, historiador e escritor.
Publicado no The Epoch Times.
Tradução: Editoria MSM
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Excelente artigo. Esclarecedor e asssutador ao mesmo tempo. Acompanharei o autor. Obrigada.
“House of Representatives”… Ai, Jesus! Essa “House” é, na verdade, a “Câmara das Marionetes”.