Há cerca de 40 anos, Yuri Bezmenov, desertor da KGB, alertou sobre um ataque ao Ocidente por via de uma subversão ideológica de esquerda.1 Baseando-se em uma cena clássica de Vila Sésamo, Bezmenov pediu aos líderes americanos que tirassem as bananas dos ouvidos – poucos o escutaram. Sendo assim, nossos inimigos foram capazes de corroer o respeito pelos ideais sagrados do Ocidente: direitos individuais, livre mercado, lei e ordem, soberania nacional e limitações aos governos. Eles nos enredaram em uma Terceira Guerra Mundial não cinética. A maioria dos cidadãos das sociedades democráticas sequer se dá conta de que isso esteja ocorrendo.
Ao longo das décadas, os fronts dessa guerra invisível se multiplicaram. Isso vai de acordo com o que se lê em Unrestricted Warfare, livro sobre estratégia escrito em 1999 por dois coronéis da Força Aérea chinesa que atualizaram as máximas de Sun Tzu sobre como esmagar os inimigos através de uma profusão de estratégias e frentes. Entre aqueles que se identificam com os americanos está Kenneth Abramowitz, fundador de uma notável organização chamada Save the West e autor de The Multifront War: Defending America from Political Islam, China, Russia, Pandemics and Racial Strife. A América está diante de um inimigo multifacetado, de intenções criminosas, e não se encontra preparada para combatê-lo de modo significativo e unificado, diz ele. Codificando seus inimigos por cores, Abramowitz pôde iluminar a multidão de perigos que enfrentamos.
De acordo com ele, os principais inimigos são os Vermelhos, os Verdes e os Azuis. Juntos, estes lutam contra os Amarelos, que representam a luz do sol da civilização ocidental, fundada sobre as tradições judaico-cristãs de 3800 anos e sobre a tradição de 250 anos de leis seculares constitucionais. Os Vermelhos são os comunistas – China, Rússia, Coreia do Norte e a esquerda americana. Os Verdes são os islamistas – o Iran, a Fraternidade Muçulmana 2, o ISIS e centenas de grupos islâmicos ao redor do mundo. Os Azuis, assim nomeados segundo a cor da ONU, são os globalistas – a OMS, a Corte Internacional de Justiça, as ONGs e corporações multinacionais como Facebook, Twitter e Google. Sacrificando os valores americanos, adotaram a moralidade chinesa para buscar o lucro no imenso mercado que é a China comunista.
Abramowitz ainda identifica um quarto inimigo passivo – os Brancos – assim nomeados em referência à cor da bandeira de rendição. Ele também os chama de isolacionistas, cidadãos comuns que vivem suas vidas e fazem seus trabalhos, mas não se envolvem com as questões do dia, acreditando que são imunes aos ventos políticos e ameaças potenciais. Eles, involuntariamente, ajudam e incentivam os Vermelhos, Verdes e Azuis.
Os Vermelhos, os Verdes e os Azuis infiltraram as sociedades ocidentais e adquiriram substancial influência e controle sobre políticos, instituições, a mídia e as Big Tech. Abramowitz diz que eles operam em seis arenas: física, cultural, econômica, demográfica, legal e cibernética.
A guerra física, ainda que cinética, nem sempre envolve combate. Isso inclui o uso furtivo de armas biológicas e químicas – por exemplo, patógenos como o antrax e o coronavírus, e substâncias viciantes como o opioide fentanil, cujo tráfico do México para os EUA resultou na morte de cem mil americanos no último ano.
A guerra cultural consiste na criação de narrativas que geram medo, dúvidas e destroem as normas sociais. Algumas dessas narrativas visam a suprimir certos tipos de discursos e, a outros, redefini-los, neutralizá-los e transformá-los em armas – como na novilíngua da novela distópica 1984, de Orwell. Tais narrativas são propagadas por um crescente exército de agentes nas universidades, na mídia e no sistema educacional, e por organizações como Black Lives Matter e Antifa.
A academia – sobretudo os esquerdistas departamentos de humanas das universidades – tem sido muito eficiente em recrutar e treinar esse exército através da doutrinação de jovens estudantes impressionáveis, com a Teoria Crítica da Raça, o paradigma da Diversidade, Igualdade e Inclusão e teorias falaciosas sobre fluidez de gênero. Hipnotizados por teorias vagas, mas empolgantes, com seu idealismo jovem desvirtuado por argumentos ilusórios, passam a nutrir noções messiânicas. Depois de graduados, logo se dão avidamente à revisão da história nacional e à caluniação de princípios religiosos e éticos.
No front econômico, políticas como a de Meio Ambiente, Justiça Social e Boa Governança, bem como o Green New Deal, são ataques flagrantes à prosperidade da nação. Muitas corporações americanas têm promovido hipocritamente essas políticas, estrangulando a atividade econômica doméstica ao mesmo tempo em que avançam negócios na China, o país mais poluente do mundo. Advogando pela justiça social em sua própria terra, ignoram as atrocidades chinesas sobre a população do Tibet, de Hong Kong, sobre os uigures e os Falun Gong. Discursando em favor da boa governança nos EUA, apoiam e ajoelham-se perante a China autoritária.
A guerra demográfica é mais evidente em nossa defasada fronteira ao Sul, mas tem sido travada em muitas direções e é uma ameaça enorme à segurança nacional. Apenas no último ano, dois milhões de pessoas – do Haiti, Chile, Somália, Eritreia, Síria, Iraque, Afeganistão e outros países que levantam preocupações referentes ao terrorismo – adentraram os EUA ilegalmente. A campanha pelos “direitos do aborto” também é parte do plano de interrupção demográfica. Se o aborto lhe parece razoável, a seguinte estatística deveria dissuadi-lo: em 2021, o aborto foi a maior causa global de mortes (43 milhões), mais do que o câncer, a malária, o HIV, cigarros, álcool e acidentes de trânsito somados.
A guerra legal – ou a luta jurídica contra a civilização ocidental – é evidenciada pela miríade de ações judiciais contra os direitos da Primeira Emenda. As corporações são coagidas a ter quadros de diretores e funcionários “com diversidade”, às custas da competência e da excelência. Professores universitários são demitidos, censurados ou cancelados por “pensar errado”. Estabelecimentos sofrem ações judiciais quando se recusam a oferecer serviços que vão contra as crenças religiosas de seus donos. Durante a pandemia da COVID, o Poder Executivo usurpou direitos individuais e dos estados através de diversos mandatos federais. As municipalidades e os governos locais impuseram padrões arbitrários de funcionamento para estabelecimentos comerciais e escolas.
No front cibernético, os EUA sofreram violações de segurança por parte da China, Coreia do Norte, Rússia e outros países. Durante as eleições presidenciais de 2020, suspeitou-se de ilicitudes internas e externas. A preocupação quanto ao roubo de dados e perturbações de rede é cada vez maior. Hackers chineses têm alvejado empresas de notícias, e é possível que tenham violado recentemente as defesas da News Corp e roubado dados sobre jornalistas e outros funcionários. Agentes norte-coreanos visaram infraestruturas fundamentais dos EUA, incluindo companhias de defesa. Em 2014, seus agentes infiltraram a Sony Pictures e vazaram dados confidenciais de funcionários, de modo a impedir o lançamento de um filme sobre o assassinato de Kim Jong-un. Um estudo recente da Microsoft descobriu que a vasta maioria dos ataques cibernéticos são de coletores de informações russos.
Abramowitz acredita que precisamos primeiro compreender que estamos no meio da Terceira Guerra Mundial e, assim, alterar drasticamente nossa estratégia. Os Amarelos, diz ele, estão jogando na defesa na maior parte do tempo, mas os maus agentes – Vermelhos, Verdes e Azuis – estão na ofensiva. Isso não irá funcionar em um jogo de futebol, e é certamente uma proposta perdedora na luta pela proteção de uma civilização em perigo. Deveríamos também compreender, diz ele, que não há regras nesta guerra.
Dado que o governo federal se encontra iniquamente em conluio com os Vermelhos, Verdes e Azuis, Abramowitz diz que a maior esperança para se vencer a guerra é a operação a nível estadual. Os governos estaduais devem impor ferozmente a Constituição, como se o governo federal não existisse, e devem reverter agressivamente o afastamento dos direitos dos estados que se acelerou nos últimos anos.
É também imperativo recuperar o controle do sistema de ensino – escolas e universidades. Abramowitz chega a proclamar que as universidades deveriam ser declaradas organizações políticas. Que tenham suas isenções de impostos negadas, diz ele, até que passem a ensinar como pensar, e não o que pensar. Opções menos drásticas, mas eficazes, incluem uma revisão educacional total, uma política universal de escolha de instituições escolares e uma carta de direitos para os estudantes que lhes garanta a aquisição de um sistema de valores em harmonia com a Constituição e os ideais da América e da civilização ocidental.
A implementação das ideias de Abramowitz encerra grandes desafios, mas sua explicação clara e ilustrativa sobre o que temos pela frente torna esses conceitos acessíveis a um público bastante amplo. Isso pode levar um suficiente número de pessoas à concentração de um vitorioso contra-ataque. Diferentemente da Vila Sésamo, o que enfrentamos não é inocente e engraçado. Enfrentamos a extinção de uma civilização construída sobre a independência, a liberdade e a igualdade.
Do American Thinker.
Tradução: Daniel Marcondes
Divulgação: Cultura de Fato
Muito bem fundamentado! Concordo, no entanto, o pensamento crítico não está e não será desenvolvido nos jovens estudantes por uma iniciativa dos Governos, todavia, é somente através da educação que uma geração inteira terá à capacidade de conhecer seus direitos, exigir e exercer seus deveres. Portanto, mesmo com o reconhecimento de um perigo iminente, o combate somente acontecerá com união completa de uma nação ou nações.
o que vemos aqui, estamos à passos largos para um conflito mundial sem precedentes da nossa história contemporânea…só posso prever o que diz o ditado, a IV guerra mundial será de paus e pedras…feliz dos que perecerem no conflito, pois os que sobreviverem amargaram e invejaram os que tombaram logo no início…