Como os comunistas destróem a credibilidade dos anticomunistas

Por Jeffrey Nyquist

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Imagem: Representação do Exército Branco russo, que combateu os comunistas na Guerra Civil Russa.


“Entre os grupos que tentaram distinguir a verdade da mentira estavam os emigrados Brancos, russos que fugiram de sua terra natal após a ascensão do regime soviético. Eles eram particularmente vulneráveis ​​ao ataque dos desinformantes. Na Europa Ocidental, no início dos anos 1920, eles eram considerados um fator anticomunista valioso e importante. Os emigrados somavam cerca de um milhão de pessoas, das quais cerca de 135.000 ainda estavam com armas e se pensava que representavam uma potencial força armada anticomunista. Entre os líderes deste grupo estavam homens … que exerceram considerável influência sobre alguns estadistas ocidentais.”
Natalie Grant, na obra ‘
Disinformation: Soviet Political Warfare, 1917-1991′. 

 

Em 1921, para desacreditar os emigrados russos brancos, anticomunistas, os serviços especiais soviéticos espalharam informações falsas conectando os russos brancos com o anti-semitismo. Segundo o livro de Natalie Grant sobre a desinformação soviética, Moscou queria retratar o russo ‘branco’ médio “como uma pessoa perigosa para a sociedade, politicamente imatura, conservadora ao ponto da estupidez e envolvida em perseguições criminosas”.

O ‘New York Evening Journal’ publicou, em 1921, um artigo intitulado “Exposto o esquema para derrubar os soviéticos”, escrito por Herman Bernstein. O artigo foi baseado em um documento secreto espúrio datado de 11 de março de 1921, atribuído erroneamente ao Comitê para Salvar a Pátria-Mãe (um grupo de emigrados russos ‘brancos’). De acordo com Natalie Grant, o falso documento “trazia os selos do Consulado Geral czarista da Rússia em Constantinopla e continha informações sobre uma conferência anti-semita raivosa que se dizia ter sido realizada por emigrados ‘brancos’ mais ou menos conservadores na capital turca”. [p. 25]

Na verdade, nenhuma conferência anti-semita da parte dos russos do Movimento Branco foi realizada na capital turca em 1921. A história foi uma invenção comunista. No entanto, os leitores do Evening Journal, observou Grant, “provavelmente mantiveram suspeitas em relação aos brancos depois de ler a história da conferência. Este seria o primeiro ato em um caso que voltou à vida alguns anos depois. ”

Depois de retratar os emigrados russos brancos como inimigos do povo judeu, a polícia secreta soviética (Cheka) procurou trazer o magnata americano do automóvel Henry Ford para a cena. Era de extrema importância para Moscou “prejudicar as pessoas nos Estados Unidos que se mostraram hostis aos soviéticos”, observou Grant, acrescentando que “Ford era um inimigo do comunismo, mas ele culpou principalmente, acerca das condições da Rússia Soviética, um determinado grupo de pessoas, em vez de culpar a doutrina comunista. Ele escolheu os judeus como seu bode expiatório, usando uma invencionice, os chamados ‘Protocolos dos Sábios Sábios de Sião’, como base para seus pontos de vista ”. [p. 183]

Em 1925, Henry Ford foi atraído para uma batalha legal com Herman Bernstein, autor do artigo difamatório do Evening Journal contra os emigrados brancos na Turquia. Ford afirmou, por meio de seu jornal Dearborn Independent, que Bernstein era um agente soviético. Isso resultou num processo judicial de Bernstein contra a Ford. Como observou Grant, “grupos judeus fizeram de tudo para apoiar Bernstein e outras pessoas que também foram atacadas pelo jornal de Ford, o Dearborn Independent. Furiosamente, os círculos judeus declararam que Ford estava construindo seu caso contra os judeus com base em documentos falsos”. [p. 184]

Com um timming perfeito, Moscou publicou informações sobre Ford nas páginas do jornal Izvestiya, observando que documentos falsos, supostamente uma conspiração judaica, foram dados a Ford por um amigo chamado Ferguson, “um americano que mora em Genebra”. No Izvestiya acrescentou-se que os documentos de Ferguson vieram de “Aleksander F. Gumanskiy, de Berlim, que na época dirigia as operações de inteligência do grão-duque russo Kirill contra a URSS.” [p. 185]

Em termos de guerra de informação, o artigo do Izvestiya matou dois coelhos numa cajadada só. Relacionava Ford e emigrados russos brancos a documentos falsos que alegavam uma conspiração judaica. A história do Izvestiya ilustrou, para que todos vissem, que os anticomunistas eram “perigosos para a sociedade, politicamente imaturos e conservadores ao ponto da estupidez…”

Henry Ford estava convencido de que Herman Bernstein era um agente soviético. Para se defender do processo de Bernstein, Ford recorreu ao advogado Boris Brasol, de Nova York. Nascido em 1885, filho de pais russos, Brasol viajou para a Europa em busca de documentos que provassem os laços de Bernstein com a inteligência soviética. Por meio de seus contatos emigrados russos, Brasol conheceu Vladimir G. Orlov, um russo branco com ligações com a Cheka. Orlov afirmou que Bernstein agiu como um agente secreto da inteligência soviética, fabricando artigos de revistas para a Cheka. Infelizmente, Orlov viria a ser um agente soviético; especialmente para ajudar a Brasol a adquirir “provas” documentais da culpa de Bernstein.

Ao melhor estilo soviético, Orlov colocou Brasol em contato com Harold von Siewiert, supostamente “um funcionário do Ministério do Interior alemão”. Von Siewiert apresentou Boris Brasol ao agente soviético Mikhail Karpov, um dos principais funcionários do aparato de desinformação soviética em Berlim. Brasol pediu a Karpov documentos que provassem que Bernstein trabalhava para Moscou. Em 1926, Karpov apresentou a Brasol três conjuntos de documentos. Ford pagou a Karpov a boa soma de de 7 mil dolares por tais documentos. (Em dinheiro de hoje, bem mais de 100 mil dólares.)

Qual era o valor real dos documentos de Karpov? Dois dos três conjuntos de documentos eram inúteis e não continham nada de interesse. O terceiro conjunto continha oito cartas incriminatórias separadas, supostamente escritas em 1921-22. Essas cartas foram submetidas a testes químicos que mostraram que a tinta nessas cartas tinha entre dez e quatorze dias (em 1926!). Em outras palavras, as cartas eram falsificações. Mesmo que Bernstein fosse um agente soviético, esse tipo de fabricação mesquinha o teria exonerado.

Por todos os seus esforços por Henry Ford, Boris Brasol só conseguiu se meter em apuros. Ford fez um acordo extra-judicial com Bernstein, enquanto Brasol era alvo de ameaças e chantagens dos agentes soviéticos com quem ele havia se alistado. As mesmas personalidades sombrias que o apresentaram a Karpov o ameaçaram com processos judiciais. Orlov e von Siewiert exigiram dinheiro de Boris Brasol. Enquanto isso, Karpov estava escrevendo cartas sinistras. Os detalhes da busca de Brasol por documentos incriminadores, observou Orlov, podem ser incriminatórios para Ford. Quanto dinheiro em troca de silêncio Ford estava disposto a pagar? De acordo com Grant, “os advogados de Ford fizeram ouvidos moucos aos apelos (de Brasol) por apoio financeiro a Orlov.”

Os agentes de desinformação de Moscou são treinados para manter suas vítimas sob controle. Uma vez enganado, sempre há o constrangimento de ser um tolo. Quanto você vai pagar para manter sua própria tolice fora dos jornais? Natalie Grant aponta que, embora os métodos soviéticos sejam sofisticados, os agentes soviéticos costumam ter um “nível cultural e moral extremamente baixo …” As cartas Karpov/Brasol fazem parte de uma coleção da Biblioteca do Congresso. Eles mostram como intriga e falta de princípios, manipulações grosseiras e mentiras são usadas pelos agentes secretos de Moscou.

 

Jeffrey Nyquist, autor de obras como ‘The Origins of The Fourth World War’ e ‘O Tolo e seus Inimigos’, é expert em estratégia e formado em sociologia política pela Universidade da Califórnia.

https://jrnyquist.blog

Tradução: Editoria MSM

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1 comentário
  1. Félix Maier Diz

    Caros leitores de MSM,

    Já que estamos ainda em Março, que tal lembrar o Movimento Cívico-Militar de 1964?

    EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA MANCHETE

    https://www.conjur.com.br/dl/manchete-abr1964.pdf

    REVOLTA DOS SARGENTOS EM BRASÍLIA

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/03/revolta-dos-sargentos-em-brasilia.html

    ANTECEDENTES DO MOVIMENTO CÍVICO-MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/03/antecedentes-do-movimento-civico.html

    HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO – 31 MARÇO 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/historia-oral-do-exercito-31-de-marco.html

    MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/memorial-31-de-marco-de-1964-textos.html

    ACERTOS E ERROS DA REVOLUÇÃO DE 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/08/acertos-e-erros-da-revolucao-de-1964.html

    Félix Maier

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