Desinformação 101: Embustes e falsas narrativas

Por Jeffrey Nyquist

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Imagem: Brasão da KGB.

 

“Dizem que Lênin ficou entusiasmado com um ‘belo plano’, ou seja, a proposta dos comunistas de cruzar a fronteira para outro país a fim de enforcar kulaks, padres e proprietários de terras naquele país e depois jogar a culpa nas unidades de guerrilha anti-comunistas em operação na Rússia Soviética naquela época.”
Natalie Grant

 

Às vezes é importante revisitar o passado. A clareza sobre o passado nos dá clareza sobre o presente. Os russos e seus amigos comunistas têm um grande bolsa repleta de truques. E nessa bolsa você encontrará uma palavra em russo: Provokatsiya [провока́ция], provocação. Definição: “Um evento político encenado por um serviço de inteligência a serviço de seu governo a fim de cumprir algum objetivo político.” Na citação de Natalie Grant acima, vemos um exemplo bastante sanguinário de Provokatsiya. Os serviços especiais comunistas organizam um acontecimento horrível que é posteriormente atribuído aos anticomunistas. Também existe outra palavra russa: Dezinformatsiya (ou desinformação). Refere-se a informações enganosas plantadas pelos serviços especiais russos. Olhemos para trás na história e vejamos se algum exemplo pode ser encontrado.

Aqui estão alguns que podem ter algum impacto entre os leitores, dependendo de seu nível de conhecimento:

1 – Assassine JFK e culpe os direitistas (consulte as obras “JFK Assassination Diary” de Edward Jay Epstein ou “Programmed to Kill” de Ion Pacepa: “Lee Harvey Oswald, a KGB soviética e o assassinato de Kennedy”).

2 – Derrube as torres gêmeas, queime o Pentágono e, em seguida, jogue a culpa no Complexo Industrial-Militar e em Wall Street com as teorias da conspiração “Truther”. (Minhas fontes na República Tcheca afirmam que Mohammed Atta, o líder dos sequestradores do 11 de setembro, foi treinado em um campo de treinamento terrorista na Tchecoslováquia comunista em 1987. Por favor, observe: antes de morrer envenenado com polônio radioativo enviado de Moscou, o desertor da FSB (atual nome da KGB) Alexander Litvinenko, apontou Ayman al-Zawahiri como um “agente de longa data da KGB”. Zawahiri foi o primeiro-tenente e sucessor número 1 de Osama bin Laden. Litvinenko também disse que vários líderes da Al-Qaeda foram treinados na Rússia, mas ele só citou Zawahiri publicamente. Ver notas abaixo.)

3 – Passe um verão saqueando e incendiando, promovendo tumultos e ameaçando, e depois acuse Donald Trump de insurreicionista violento. (Atualmente, a estratégia comunista é alegar que a direita é perigosa e insurrecionista enquanto camufla sua própria insurreição sob a bandeira “justa” do Black Lives Matter.)

4 – Culpe Trump por roubar a eleição em 2016 e censure qualquer um que diga que os democratas roubaram de Trump a eleição de 2020. (Ao criar a primeira narrativa, você pensaria que eles não poderiam realizar a segunda, mas as provocações comunistas quase sempre culpam a vítima; e isso pode ser feito até mesmo com anos de antecedência.)

O livro de Natalie Grant intitulado ‘Disinformation: Soviet Political Warfare, 1917-1991 oferece-nos percepções adicionais. Há um antigo princípio operacional russo: “simular o que não é, dissimular o que existe”. Grant explica, “até hoje as autoridades militares soviéticas recomendam enganar o inimigo, ocultando objetos existentes e criando objetos simulados a fim de desviar a atenção do inimigo.”

Por “objeto”, os russos não se referem apenas a “objetos” físicos. Narrativas diversionistas também podem entrar nessa categoria. Para explicar melhor: Suponha que a verdade seja representada como Narrativa A. A fim de desviar a atenção da Narrativa A, os serviços especiais terão a tarefa de divulgar várias narrativas falsas diversionistas; isto é, as narrativas que vão de B a F. Se você construir essas narrativas com afirmações sensacionalistas, as pessoas serão atraídas por elas. É claro, pois a mente do público é muito suscetível a afirmações sensacionalistas. Num tempo suficientemente curto, todos esquecerão a Narrativa A. Na verdade, as pessoas ficarão tão obcecadas por uma narrativa falsa sensacionalista que criarão espontaneamente argumentos caseiros em apoio à narrativa. Desta forma, uma falsa narrativa ganhará vida própria.

Um aparte: muitas teorias da conspiração devem ser vistas como suspeitas sob esses termos. Em cada caso, devemos fazer a pergunta-chave: QUEM SE BENEFICIA COM ESSA TEORIA DA CONSPIRAÇÃO? Em muitos casos, os russos ou seus amigos comunistas serão os beneficiários. Se for esse o caso, a teoria em questão precisa ser examinada em termos de sua origem. Isso vem de agentes de influência identificáveis? Os desertores mostraram as informações a serem inventadas pelos serviços especiais russos? No caso das falsas narrativas de assassinato de Kennedy, o arquivista da KGB Vasili Mitrokhin revelou que falsas narrativas de assassinato de JFK foram plantadas em jornais ocidentais pela KGB. Na verdade, a maioria das teorias de assassinato de JFK que eximem os comunistas da culpa se baseiam nessas versões plantadas; no entanto, a maioria dos americanos acredita em narrativas diversionistas da KGB relativas ao assassinato de JFK. É quase impossível fazer as pessoas abandonarem tais narrativas pela simples razão de que, uma vez que alguém adota uma narrativa falsa, ela se torna seu cavalo de pau; e as pessoas gostam de seus cavalinhos de pau.

Imagine o quão assustadora é a nossa situação. A União Soviética e seu aliado cubano podem assassinar um presidente americano. Ainda mais assustador é que eles podem culpar os anticomunistas da CIA, da Big Oil ou do Complexo Industrial-Militar pelo assassinato. Uma vez que esse tipo de recurso tenha sido usado com sucesso, ele pode ser usado novamente. (Fica aí dica.)

Em nossa presente crise, várias operações de desinformação podem estar em andamento; e uma deles pode envolver uma narrativa falsa de fraude eleitoral. De acordo com Natalie Grant, os soviéticos foram os pioneiros na arte de “expor falsificações e documentos forjados para ocultar fatos reais” na década de 1920 (p. 23). Basicamente, pode-se esperar que um agente de influência russo produza informações que supostamente comprovem fraude eleitoral. Se as informações do agente mais tarde forem consideradas falsas, isso tenderá a tirar a credibilidade da narrativa da fraude eleitoral e de todos aqueles que a defenderam. Segundo Natalie Grant, tal tipo de falsificação “possivelmente” encontrou sua deixa “na máxima de Lenin de que ‘Toda verdade… se for levada além dos limites em que pode realmente ser aplicada, pode ser reduzida a um absurdo.” Eis aqui um método russo usado para “espalhar (a) desconfiança a fatos verdadeiros”.

O processo normalmente envolveria um agente russo que põe um embuste para circular. Esse agente pode ser um cidadão americano pago por baixo da mesa por oficiais da inteligência russa. O agente fabricaria informações falsas para provar algo como fraude eleitoral. Ao expor a farsa posteriormente, a confiança em todas as evidências de fraude eleitoral seria prejudicada. Grant explica o seguinte: “Os alvos de tais farsas, ao saber que os documentos em que eles confiavam eram falsos, presumem que o fato real em torno do qual o relatório falso foi construído também era falso.”

Há um candidato a alvo da desinformação russa na atual série de narrativas de fraude eleitoral? Sim, há. Uma narrativa, acima de todas as outras, foi chamada de farsa. O documentário ‘Absolute Proof’, de Mike Lindell, que usa informações de Dennis Montgomery via Mary Fanning, tem sido posto em questão. As informações de Montgomery foram contestadas pelo investigador Mike Zullo e por Sharon Rondeau (ver links abaixo). Os leitores são incentivados a estudar os materiais e a decidir por si próprios.

Uma compreensão da estratégia de desinformação russa é crucial neste momento. Não podemos nos dar ao luxo de ser enganados. Não podemos permitir que fatos reais e narrativas verdadeiras sejam desacreditadas. Mike Lindell é um patriota. Todos nós sabemos que ele é. Ainda mais terrível se ele foi alvo de sucesso pelos inimigos de nossa nação. E seria ainda mais terrível se ele fosse atingido de forma bem sucedida pelos inimigos de nossa nação.

Links e notas:

Disinformation: Soviet Political Warfare 1917 – 1991: Grant, Natalie: 9781733523813: Amazon.com: Kindle Store

Amazon.com: THE JFK ASSASSINATION DIARY; MY SEARCH FOR ANSWERS TO THE MYSTERY OF THE CENTURY eBook: EPSTEIN, EDWARD JAY: Kindle Store

Programmed to Kill: Lee Harvey Oswald, the Soviet KGB, and the Kennedy Assassination: Pacepa, Ion Mihai: 9781566637619: Amazon.com: Kindle Store

Blowing up Russia: The Book that Got Litvinenko Murdered – Kindle edition by Litvinenko, Alexander, Felshtinsky, Yuri. Politics & Social Sciences Kindle eBooks @ Amazon.com.

Alexander Litvinenko Was Killed ‘for Calling Putin a Pedophile’ (thedailybeast.com) [Note a maneira com que a matéria despista acerca da alegação mais estrategicamente significativa de Litvinenko; a saber, que os serviços especiais russos estavam por trás do 11 de setembro. Aqui está um exemplo perfeito de uma matéria sensacionalista sendo usada para ocultar uma perspectiva mais importante dos eventos.]

Defector: Putin’s KGB Trained Top al-Qaeda Terrorists – The New American

Amazon.com: The Sword and the Shield: The Mitrokhin Archive and the Secret History of the KGB eBook: Andrew, Christopher, Vasili Mitrokhin: Kindle Store

Mike Lindell Exposes Voter Fraud in Powerful Documentary Called Absolute Proof (bitchute.com) [A informação sobre o hackeamento estrangeiro neste vídeo vem de Dennis Montgomery através de Mary Fanning. A veracidade do que Montgomery apresentou foi contestada por Mike Zullo, Sharon Rondeau e Larry Johnson.]

“Hammer” Hoaxer Infiltrates Lindell’s “Absolute Proof,” Part 1 – The Post & Email

“Hammer” Hoaxer Infiltrates Lindell’s “Absolute Proof,” Part 2 – The Post & Email [Well researched and difficult to refute.]

Attacks On Dennis Montgomery, HAMMER And SCORECARD, ‘Absolute Proof,’ Have CIA Connections – The American Report – [Resposta de Fanning ao artigo de Sharon Rondeau sobre Dennis Montgomery. Larry Johnson contesta absolutamente as alegações de Fanning, e Fanning pode ter ampliado o contexto do endosso de Montgomery pelo advogado Michael Flynn, pois Flynn processou Montgomery.]

The Fool and His Enemy: (Available at Amazon) – J.R. Nyquist Blog

Versão em português aqui.

 

Jeffrey Nyquist, autor de obras como ‘The Origins of The Fourth World War’ e ‘O Tolo e seus Inimigos’, é expert em estratégia e formado em sociologia política pela Universidade da Califórnia.

https://jrnyquist.blog

Tradução: Editoria MSM

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3 Comentários
  1. Félix Maier Diz

    Caros leitores de MSM,

    Já que estamos ainda em Março, que tal lembrar o Movimento Cívico-Militar de 1964?

    EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA MANCHETE

    https://www.conjur.com.br/dl/manchete-abr1964.pdf

    REVOLTA DOS SARGENTOS EM BRASÍLIA

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/03/revolta-dos-sargentos-em-brasilia.html

    ANTECEDENTES DO MOVIMENTO CÍVICO-MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/03/antecedentes-do-movimento-civico.html

    HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO – 31 MARÇO 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/historia-oral-do-exercito-31-de-marco.html

    MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/memorial-31-de-marco-de-1964-textos.html

    ACERTOS E ERROS DA REVOLUÇÃO DE 1964

    http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/08/acertos-e-erros-da-revolucao-de-1964.html

    Félix Maier

  2. […] — Valeria Scher (@valeriascher) April 5, 2021 Desinformação 101: Embustes e falsas narrativas […]

  3. Félix Maier Diz

    Caros leitores de MSM:

    Abaixo, link para meu e-book “A LÍNGUA DE PAU – Uma história da intolerância e da desinformação”:

    https://drive.google.com/file/d/1jfaOpIMbwzhlaQxspnA9hBnyHX8KX4_E/view?usp=sharing
    ou
    http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/05/a-lingua-de-pau-uma-historia-da_10.html

    Boa leitura!

    Félix Maier

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