A usurpação, que, para subverter as instituições antigas teve de destruir também os princípios antigos, manterá seu poder por meios similares àqueles usados para obtê-lo.
Edmund Burke
A 4 de julho de 1776, os Estados Unidos declararam sua independência ante a Grã Bretanha. George Washington, cujo exército defendia Nova Iorque da invasão de uma poderosa armada britânica, leu a declaração às tropas. Animados pela tempestividade do momento, os soldados de Washington derrubaram a estátua eqüestre do Rei George III ao final sul da Broadway, no Bowling Green Park. Eles também arrancaram a cabeça do Rei George para desfilar com ela pela cidade. A estátua, que foi feita com mais de 3.500 quilos de chumbo folheado a ouro, se transformou em 42.088 projéteis para mosquete.
O General Washington ficou incomodado com esse ato de vandalismo espontâneo. Ele disse aos soldados que apreciou a sua boa vontade, mas não aprovou a derrubada da estátua do Rei. Este ato tem as características de uma rebelião, de uma desordem, disse ele. Ele insistiu que no futuro tais ações deveriam ser deixadas para as “autoridades competentes”.
Para alguns dos meus leitores, a atitude do General Washington pode parecer moralista, mas está longe disso. Washington foi um homem de princípios. A maneira com que você age enquanto leva a cabo a revolução indica a forma que seu regime tomará na conclusão do processo.
Adiantemos até os dias de hoje. Uma insurreição está ocorrendo nos Estados Unidos. Turbas rábidas derrubaram muitas estátuas, inclusive algumas de George Washington. Mês passado a imprensa perguntou a Nancy Pelosi o que ela pensava de tudo isso. Pelosi disse: “Não me preocupo muito com estátuas.” Então um repórter perguntou se não seria recomendável que uma comissão decidisse quais estátuas derrubar, em vez relegar a escolha à arbitrariedade do populacho. Pelosi respondeu que “o povo fará o que ele fizer.”
Então Pelosi foi perguntada sobre o que ela pensava, como ítalo-americana, da derrubada da estátua de Cristóvão Colombo. “Eu sequer tenho comigo os brincos da minha avó”, disse a candidata. Como a resposta dela nem de longe fez algum sentido, ela algaraviou incoerentemente sobre os heróis que nós respeitamos, como Washington e Lincoln: “Eles gostariam de nos ver falando do futuro”. O foco não deve ser o passado, e sim “nossas crianças”, acresceu ela.
Se Edmund Burke estivesse conosco, ele teria lembrado a essa egrégia megera que “o povo que não olha para trás em busca dos seus ancestrais jamais olhará para frente em favor da posteridade.” Claro que o seu menosprezo desalmado por nossos heróis nacionais reflete sua postura igualmente desalmada em relação às crianças americanas. Se ela não honra o pai do nosso país, porque ela valorizaria seus filhos? Ela não vê nada de errado com a turba arruaceira, com o saque de lojas, com os incêndios criminosos em edifícios e com a crescente taxa de mortos. Ela simplesmente não está nem aí.
Para ressaltar a vileza dessa senhora, ela disse, há poucos dias, que a administração e os congressistas republicanos eram “inimigos domésticos”. Ela se referiu ao seu juramento de representante com uma hipocrisia serena. É um juramento que ela fez sem fé e descumpriu cinicamente durante toda sua carreira. Ela sabe perfeitamente que seu comportamento e suas palavras são inimigas da Constituição. Ela não se importa com o país.
Tudo o que lhe interessa é, obviamente, o poder. Daí porque ela ainda insiste — sem a posse de qualquer evidência — que Trump é um fantoche da Rússia, que os republicanos estão trabalhando para facilitar a interferência russa nas eleições de novembro. Essa acusação de traição feita contra o presidente, vindo daquela que ocupa o terceiro cargo mais importante da nação, foi calculada para dividir o país. Com essa calúnia tétrica nos seus lábios, ela pisca para a possibilidade de uma guerra civil sangrenta.
Sua recusa em defender George Washington, Abraham Lincoln e U. S. Grant (cuja estátua foi derrubada na sua cidade natal, São Francisco) torna-a culpada de ser uma simpatizante marxista, uma ferramenta dos interesses chineses e uma figura causadora de um divisionismo sem precedentes. Seus pronunciamentos ignominiosos, o patente ódio pelo seu próprio país, suas auto-justificações estúpidas fazem dela uma pessoa totalmente digna de censura. Ela deveria ser arrancada do seu cargo, processada por conivência com traição, condenada e receber a pena máxima.
Jeffrey Nyquist, autor de obras como ‘The Origins of The Fourth World War’ e ‘O Tolo e seus Inimigos’, é expert em estratégia e formado em sociologia política pela Universidade da Califórnia.
Tradução: Rafael Resende Stival