Xi Jinping ecoa Putin e reforça laços com Moscou
Por Dorothy Li
Foto: Vladimir Putin e Xi Jinping durante reunião em Pequim em 4 de fevereiro.
(Alexei Druzhinin/Sputnik/AFP via Getty Images)
O líder chinês Xi Jinping deu vários golpes velados às sanções de Washington e aliados à Rússia, enquanto propôs o que chamou de uma nova “iniciativa de segurança global”, liderada pela China, na quinta-feira passada, no fórum anual Boao Asia, em discurso em vídeo.
Xi disse que a nova iniciativa aborda “legítimas preocupações de segurança de todos” e defende “o princípio da indivisibilidade da segurança”, conceitos que a Rússia usou para justificar sua anexação da Crimeia em 2014 e seu atual ataque à Ucrânia.
A “indivisibilidade da segurança” refere-se amplamente à ideia de que a segurança de um estado é inseparável da de outros países da região e, portanto, nenhum estado deve aumentar sua segurança em detrimento de outro. O presidente russo, Vladimir Putin, ao justificar sua invasão da Ucrânia, argumentou que a estratégia da OTAN violava esse princípio.
As declarações do líder chinês foram feitas num momento em que Pequim continua a fortalecer seus laços com Moscou, mesmo após a invasão de Putin. No início desta semana, um importante diplomata chinês prometeu aprofundar os laços com o Estado agressor durante uma reunião com o enviado da Rússia a Pequim.
Desde a guerra, o regime chinês criticou repetidamente as sanções ocidentais e se recusou a condenar Moscou. Também ecoou a propaganda de Moscou de que os Estados Unidos e a OTAN instigaram o conflito.
Durante seu discurso, o líder chinês disse que a iniciativa de segurança defenderá a “não interferência nos assuntos internos” e respeitará “a soberania e a integridade territorial”, slogans usados consistentemente por Pequim para justificar e desviar as críticas de sua agressão a Taiwan. Pequim vê a ilha autogovernada como seu próprio território a ser tomado à força, se necessário.
Xi não explicou como a estrutura será implementada.
O líder chinês também reiterou a oposição de Pequim à “jurisdição de braço longo” e “sanções unilaterais”, sem nomear diretamente nenhum país.
No mês passado, autoridades ocidentais alertaram que Pequim havia sinalizado a disposição de fornecer ajuda econômica e militar a Moscou para seu esforço de guerra. Isso levou o presidente Joe Biden a alertar o líder chinês Xi Jinping durante uma videochamada em 18 de março sobre “consequências” não especificadas se o regime apoiar materialmente Moscou.
Problemas econômicos
O Fórum Boao deste ano, conhecido como “Davos da Ásia”, ocorreu em meio a preocupações com o impacto da política “zero-COVID ” do regime na economia global, que já está sendo atingida pelos efeitos da guerra da Ucrânia.
Economistas de bancos como Nomura e Barclays e o Fundo Monetário Internacional (FMI) no início desta semana revisaram para baixo sua previsão de PIB para a China, bem abaixo da meta de Pequim de “cerca de 5,5 por cento”. Perder a principal meta econômica pode ser um constrangimento para Xi, que busca um terceiro mandato de cinco anos sem precedentes em uma importante reunião do Partido Comunista Chinês neste ano.
A “forte resiliência” da economia chinesa “não mudou”, disse Xi na conferência na ilha de Hainan, no sul da China, um porto de livre comércio que não foi fechado. Ele também pediu o avanço da cooperação asiática em meio ao crescente isolamento do Ocidente.
Os convidados da conferência incluem o presidente israelense Isaac Herzog, o presidente filipino Rodrigo Roa Duterte e a diretora-gerente do FMI Kristalina Georgieva, segundo o Ministério das Relações Exteriores de Pequim.
Do The Epoch Times em Português.