A “ressocialização” de Lázaro

Por Ludmila Lins Grilo

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A “ressocialização” do criminoso é uma quimera romântica elevada à categoria de princípio jurídico sacrossanto e indiscutível, amplamente aclamado pelos intelectuais de diploma na parede, sempre com aquela indefectível pose de superioridade.

A coisa sempre foi tratada com ares de grandes respeitabilidades, como se o Estado-babá tivesse o dever de reeducar marmanjos de barba na cara e perna cabeluda, ensinando-lhes normas de conduta jamais absorvidas enquanto estavam livres e… socializando por aí.

Nunca ninguém explicou exatamente por que o sujeito, enquanto estava em liberdade entre seus “parças”, não conseguiu ser socializado – nem como ele, pouco tempo depois, poderia virar um querubim de bondade só fazendo miçanga, roda de capoeira e oficina de garrafa pet.

Mas também nunca ninguém realmente perguntou a sério. O Estado finge que ressocializa, o criminoso finge que virou anjo, e o professor universitário finge que acredita. É a famosa “cultura do fingimento”, de que tanto fala o prof. Olavo de Carvalho.

O caso Lázaro é bem representativo. Apontado como sendo o tal serial-killer que a polícia não consegue prender – mais liso que bagre ensaboado -, descobriu-se que ele já havia participado de vários “cursos para ressocialização” no Complexo Penitenciário da Papuda.

Consta que ele fora condenado por roubo e estupro, e que, após, fez cursos de “empatia e sexualidade” para aprender a se colocar no lugar das vítimas.

Ele teria rendido satisfatoriamente nas aulas, e recebido atestado de bom comportamento.

A tal “ressocialização” não passa de um fetiche histérico das altas rodas da intelectualidade tupiniquim: não é possível a reversão moral de um sujeito a partir de uma imposição burocrática, como se o Estado fosse um bedel de dedinho em riste dizendo “ai, ai, ai, menino, comporte-se”!

A única ressocialização possível é aquela que parte de um honesto e profundo exame de consciência individual, seguido de um processo de arrependimento legítimo e absorção verdadeira de princípios morais e valores superiores.

Não há oficina de garrafa pet que dê conta disso.

 

Publicado no perfil da autora no Facebook.

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1 comentário
  1. Auris Arlen Diz

    Excelente colocação, estado sempre finge, há quem diga que ele não se comportou direito foi pq os cursos anteriores não estavam de acordo, ou seja nunca estarão, e lixos desse nipe sempre estarão a solta por conta desse absurdo de ressocialização.

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