A luta pela liberdade de expressão
Por Walter E. Williams
A violência, os saques e o caos que os Estados Unidos viram nos últimos meses têm muito de suas raízes na Academia, onde professores esquerdistas ensinam a jovens imaturos todo tipo de bobagem que contradiz o bom senso e os princípios da liberdade. A principal lição deles é a necessidade de atacar a liberdade de expressão na forma de proibições contra o chamado “discurso de ódio” e as “micro-agressões”. Aqui estão alguns exemplos de “micro-agressões”:
“Você é um crédito para sua raça.”
“Uau! Como você se tornou tão bom em matemática?”
“Existe apenas uma raça, a raça humana.”
“Não sou racista. Tenho vários amigos negros.”
“Como mulher, eu sei o que você passa como minoria racial.”
Chega-se a um trágico estado de coisas quando a liberdade de expressão e investigação precisam de proteção em instituições de ensino superior. Na verdade, a liberdade no mercado de idéias fez dos Estados Unidos, assim como de outras nações ocidentais, líderes em virtualmente todas as áreas da atividade humana. Um monopólio de idéias é tão perigoso quanto um monopólio no poder político ou um monopólio na produção de bens e serviços.
Podemos perguntar qual é o verdadeiro teste do compromisso de uma pessoa com a liberdade de expressão. O verdadeiro teste não vem quando ele permite que as pessoas digam as coisas que ela considera aceitáveis. O verdadeiro teste vem quando ela permite que as pessoas digam coisas que ela vê como ofensivas. O mesmo princípio se aplica à liberdade de associação; seu verdadeiro teste surge quando alguém permite que outros se associem voluntariamente de maneiras que ele considera ofensivas.
Embora a liberdade de expressão esteja sob ataque, estamos começando a ver alguns contragolpes. Mais de 12.000 professores, líderes da liberdade de expressão e líderes de organizações de tendência conservadora assinaram a “Declaração da Filadélfia”.
Um trecho do documento de 845 palavras diz:
“Da forma similar, faculdades e universidades estão impondo regras de fala para deixar os alunos ‘seguros’, não de danos físicos, mas dos desafios à ortodoxia do campus. Essas políticas e regras pressupõem que nós, como cidadãos, somos incapazes de pensar por nós mesmos e fazer julgamentos independentes. Em vez de nos ensinar a nos envolver, eles fomentam o conformismo (“pensamento de grupo”) e nos treinam para responder aos desafios intelectuais com uma ou outra forma de censura. Uma sociedade que carece de cortesia e permite que as pessoas sejam envergonhados ou intimidados à autocensura de suas ideias e julgamentos ponderados não sobreviverão por muito tempo. Como americanos, desejamos um mercado de ideias florescente e aberto, sabendo que essa é a maneira mais justa e eficaz de separar a mentira da verdade. Vozes dissidentes e impopulares – sejam de esquerda ou de direita – devem ter a oportunidade de serem ouvidas. Muitas vezes, elas têm guiado nossa sociedade para posições mais justas; é por isso que Frederick Douglass disse que a liberdade de expressão é o ‘grande renovador moral da sociedade e do governo’.”
O reconhecimento de que a elite intelectual ataca a liberdade de expressão não é novo. Em um discurso de 1991, o presidente da Universidade de Yale, Benno Schmidt, advertiu:
“Os problemas mais sérios de liberdade de expressão em nossa sociedade hoje existem em nossos campi. A suposição parece ser a de que o objetivo da educação é induzir a opinião correta em vez de buscar sabedoria e para libertar a mente. ”
Tiranos, por toda parte, dos nazistas aos comunistas, inicialmente deram apoio à liberdade de expressão. Por quê? Porque o discurso é importante para a realização dos objetivos esquerdistas de comando e controle. As pessoas devem ser alvo da propaganda, da proselitização, e convencidas. Uma vez que os esquerdistas conquistam o poder, como o fizeram na maioria de nossas faculdades e universidades, a liberdade de expressão se torna um risco. Ela desafia suas idéias, agendas, e, portanto, deve ser eliminada.
Os ataques à liberdade de expressão para acomodar o multiculturalismo e a diversidade são, na verdade, ataques aos valores ocidentais, que são superiores a todos os outros. A conquista indispensável do Ocidente foi o conceito de direitos individuais, a idéia de que os indivíduos têm certos direitos inalienáveis que não são concedidos pelo governo. Os governos existem para proteger esses direitos. Demorou até o século 17 para que essa ideia emergisse, principalmente por meio das obras de filósofos ingleses como John Locke e David Hume. E agora a esquerda universitária do século 21 está tentando eliminar esses direitos inalienáveis.
Walter E. Williams é professor de Economia na Universidade George Mason.
Publicado no Townhall.
Tradução: Editoria MSM
A luta pela liberdade de expressão só terá início se houver ganho a batalha pela
liberdade individual.