EUA: Quem são de fato os “terroristas domésticos”?

Por Patrick Buchanan

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“Nunca permita que uma boa crise seja desperdiçada. É uma oportunidade de fazer coisas que você antes pensava serem impossíveis.”

Assim, o chefe de gabinete Rahm Emanuel aconselhou Barack Obama sobre a crise financeira que ele herdou em 2009.

Após a revolta de uma multidão de manifestantes pró-Donald Trump no Capitólio, a esquerda seguiu o conselho de Rahm, aproveitando e explorando o episódio desde então para pintar a direita como o porto seguro para o “terrorismo doméstico” na América.

Segundo colunistas e comentaristas de esquerda, desde os anos 60, a verdadeira ameaça do terrorismo interno sempre veio da direita.

Não é assim, entretanto, que alguns de nós se lembram daqueles dias.

Os atos de violência mais destrutivos nos anos 60 foram os distúrbios raciais urbanos que começaram no Harlem em julho de 1964, quando James Poweel, um jovem negro de 15 anos, foi baleado por um tenente da polícia.

Em 1965, Watts explodiu, seguida por Newark e Detroit em 1967.

Em 1968, 100 cidades dos EUA explodiram em violência racial depois que o Dr. Martin Luther King foi assassinado em Memphis, Tennesse, em 4 de abril.

As revoltas anti-guerra seguiram-se aos distúrbios urbanos, começando com um ataque ao Pentágono em outubro de 1967 e a ocupação da Universidade de Columbia em 1968. Naquele mês de agosto, os esquerdistas iniciaram um motim na Convenção do Partido Democrata que indicou Hubert Humphrey em Chicago.

Depois que o presidente Richard Nixon assumiu o cargo em 1969, um protesto em massa contra a guerra em Washington-DC destruiu o Departamento de Justiça. Um levante no Kent State College em maio de 1970 resultou na morte de quatro estudantes pela Guarda Nacional de Ohio, e as revoltas seguintes em dezenas de campi que fecharam o ensino superior pelo resto daquele semestre.

Ainda em 1970, terroristas explodiram a si mesmos com uma bomba de 2.000 libras em uma casa de Greenwich Village, que estavam fazendo para massacrar oficiais subalternos e suas esposas e namoradas em um baile em Fort Dix, New Jersey. Dois meses depois uma explosão no prédio de matemática da Universidade de Wisconsin mata um pai de três filhos.

Como redator dos discursos de Nixon, Ray Price anotou em suas memórias que entre 1º de janeiro de 1969 e 15 de abril de 1970, “mais de 40 mil atentados a bomba, tentativas de atentados e ameaças de bomba foram registrados nos Estados Unidos”.

“No ano letivo de 1969-1970, houve 1782 manifestações, 7561 prisões, 8 pessoas mortas e 462 feridos (299 dos feridos eram policiais). Houve 247 casos de incêndio criminoso no campus e 282 ataques a instalações do ROTC (centro de treinamento de oficiais da reserva).”

Os criminosos responsáveis ​​por essa carnificina eram esquerdistas.

E o que dizer de 2020, o ano de protestos em massa que se seguiram à morte de George Floyd em Minneapolis em maio.

De acordo com o London Daily Mail, com os motins, incêndios criminosos e saques que começaram em Minneapolis se espalhando para Portland, Seattle e outras 140 cidades, a Guarda Nacional foi chamada em 21 estados, seis pessoas morreram, vários policiais ficaram feridos e os prejuízos estão entre um e dois bilhões de dólares em propriedades danificadas ou destruídas.

De acordo com dados da seguradora, foi a onda de violência urbana mais custosa desde o motim de Los Angeles em 1992, quando um júri de Simi Valley absolveu os quatro policiais envolvidos no espancamento de Rodney King.

Outras formas de “terrorismo doméstico” são muito mais comuns, mas frequentemente ignoradas porque nós, americanos, passamos a considerá-las corriqueiras.

Como Heather Mac Donald escreveu no The Wall Street Journal há poucos dias:

“O ano de 2020 provavelmente testemunhou o maior aumento percentual de homicídios na história americana. O assassinato cresceu quase 37% em uma amostra de 57 cidades grandes e médias. Com base em estimativas preliminares, pelo menos 2 mil americanos, a maioria deles negros, foram mortos a mais em 2020 do que em 2019.”

“Dezenas de crianças, em sua maioria negras, foram mortas em tiroteios. Elas foram mortas em suas camas, salas de estar e carrinhos de bebê. Elas foram abatidas em churrascos, em seus quintais, em shoppings, nos carros de seus pais e em festas de aniversário. Cinquenta e cinco crianças foram mortas em Chicago em 2020, 17 em St. Louis e 11 em Philadelphia.”

Enquanto o distúrbio ocorria no Capitólio, no qual um policial e quatro manifestantes perderam suas vidas, eventos letais menos notados estavam acontecendo por toda a América nos primeiros dias do ano novo. Escreve Mac Donald:

“A anarquia de 2020 continuou em 2021. Tiroteios no sul de Los Angeles aumentaram 742% nas duas primeiras semanas do ano. Em Oakland, os homicídios aumentaram 500% e os tiroteios 126% até 17 de janeiro. Em Nova York, os assassinatos aumentaram 42% e as vítimas de disparos 15% até 17 de janeiro.”

A verdade: a grande maioria dos criminosos que roubam, estupram, atiram e matam americanos às dezenas de milhares a cada ano, e as pessoas que fizeram quase todos os distúrbios, saques, incêndios criminosos e agressões a policiais em 2020, nunca usaram  bonés “MAGA” (Make America Great Again – slogan de Donald Trump) .

“Pas d’ennemis a gauche”. Sem inimigos à esquerda. O inimigo está sempre à direita. E porque a realidade contradiz este princípio central da ideologia esquerdista, dela nunca se poderá fazer concessão.

 

Patrick J. Buchanan é o autor de ” Nixon’s White House Wars: The Battles That Made and Broke a President and Divided America Forever.”

Tradução: Editoria MSM

 

 

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