Venezuela: miséria, inflação galopante e papel-moeda mais caro que o valor da cédula

Por Luis Dufaur

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O Banco Central da Venezuela (BCV) emitiu três novas cédulas, a maior delas com um valor de face de um milhão de bolívares, em meio a uma inflação anual de quatro dígitos, informou “La Nación” de Buenos Aires.

O Banco Central do “socialismo do século XXI” anunciou o início da circulação das novas peças de 200 mil, 500 mil e 1 milhão de bolívares “para atender às necessidades da economia nacional”.

Mas acontece que a maior das novas cédulas – a de um milhão de bolívares – equivale a 0,529 centavos de dólar de acordo com a taxa de câmbio média publicada pelo Banco Central nos mesmos dias.

Essas cédulas nem chegaram às agências porque o Banco Central não cumpriu a promessa e a atrasou em uma semana ou até o final da quarentena, que é imprevisível.

Em 22 anos, foram três as ocasiões em que o chavismo apagou entre três e até cinco zeros das notas. Mas os venezuelanos nunca tinham visto chegar a um 1 milhão de bolívares.

No total equivale a uma desvalorização que hoje pede cem trilhões de bolívares novos para igualar o poder aquisitivo de um bolívar pré-chavista, segundo o ex-diretor do Banco Central, José Guerra, em matéria para o jornal Clarín.

Incredibile dictu, Guerra censurou “que tais notas de baixo valor tenham sido emitidas”. Para ele, estão impressas “há pelo menos um ano”, mas o governo não tinha coragem de pô-las em circulação.

Hoje custa mais imprimi-las do que o número quilométrico impresso e, disse Guerra, com a atual inflação, o valor delas logo “será pulverizado”.

O país outrora mais rico da América do Sul está em seu sexto ano de recessão e sua população não consegue pagar os alimentos básicos que para ela atingiram preços inaccessíveis enquanto os salários sempre mais baixos são fixados em dólares.

A espiral inflacionária condena milhões a viver na pobreza, senão na miséria, comer do lixo das ruas ou tirar água das sarjetas. Pois ainda há “ricos” na Venezuela que esbanjam: a elite socialista aboletada em torno do ditador Maduro, seus cúmplices socialistas e suas tropas de extermínio.

A inflação de janeiro de 2021 chegou a 55,2%, segundo institutos econômicos oposicionistas que medem o índice nacional de preços ao consumidor. No mesmo mês, o aumento anual acumulado de preços atingiu 3478%.

Enquanto escrevemos, são necessárias mais de 37 cédulas com um valor de face de 50 mil bolívares, aliás escassas, para comprar um quilo de cebola, cujo preço varia quase que diariamente e há poucos dias custava 2,3 milhões de bolívares, ou US$ 1,22. A maioria dos venezuelanos ganha menos de dois dólares por mês.

Para pior, escasseia o papel para imprimir moeda. Os clientes dos bancos mal conseguem sacar no máximo 400 mil bolívares em dinheiro vivo por dia. Todos ficam na dependência do volume de peças disponíveis em cada agência bancária.

Consequentemente, para a maioria dos cidadãos a opção de compra com papel-moeda no varejo é quase impossível e fica obrigada a usar meios de pagamento eletrônicos.

Num país sem liberdade, a vida econômica de cada cidadão fica espionada. As gangues de torcionários aboletadas na administração socialista podem montar as listas de suas próximas vítimas “burguesas” e “capitalistas”.

Enquanto o país afunda num regime de terror ideológico criminal e no tribalismo social, o condutor da marcha ao abismo Nicolás Maduro recebe as bênçãos do Papa Francisco.

 

Luis Dufaur, escritor, jornalista, conferencista de política internacional, é sócio do IPCO e editor de diversos blogs, dentre os quais o ‘Acontecendo na América Latina‘.

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2 Comentários
  1. fabio reis Diz

    com disse bill whitlle : socialismo é para otarios.

    1. chumbo Diz

      E para espertalhões,né?

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