STF: Os clubes de tiro e outros “riscos terríveis”
Por Percival Puggina
O ministro Alexandre de Moraes informou que vai avaliar o pedido de delegados-gerais (ou chefes de polícia) no sentido de que os clubes de tiro permaneçam fechados no dia da eleição.
Não há estatística suficientemente esclarecedora para quem se recusa a pensar e, nessas condições, avalia a questão das armas apenas com base nos casos destacados pela mídia. Aí não tem jeito.
Em todo caso, vale lembrar que 20% dos homicídios praticados no Brasil são cometidos mediante uso de arma branca e 8% mediante outros meios letais. Nesse caso também se poderia impedir a venda de facas, martelos, fios de nylon, barbitúricos, seringas e uma longa lista nessa linha.
Não vejo com bons olhos tanta intervenção no espaço das decisões privadas, sempre com a etiqueta das mais nobres intenções. É assim que se acaba com a liberdade para preservar a liberdade, com o estado de direito para preservá-lo e com a democracia para que ela subsista.
É a mesma lógica que contesta esses absurdos, cuja prática vejo ganhar aceleração e trazer sombras ao nosso futuro. O poder de intervir na vida privada também é uma arma perigosa.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário, escritor, colunista de dezenas de jornais e titular do site www.puggina.org, no qual o presente comentário foi publicado originalmente. Autor dos livros ‘Crônicas contra o totalitarismo’; ‘Cuba, a tragédia da utopia’; ‘Pombas e Gaviões’e ‘A Tomada do Brasil’. Integrante do grupo Pensar+.