George Soros e a China: Quanta diferença uma década faz
Por John Mac Ghlionn
O bilionário investidor George Soros não é estranho às controvérsias. Ele tem um histórico de críticas abertas a vários políticos republicanos influentes, incluindo ex-presidentes como George W. Bush e Donald Trump. Ao mesmo tempo, Soros elogiou o regime chinês.
Em 2010, por exemplo, ele elogiou efusivamente o Partido Comunista Chinês (PCC), alegando, de forma um tanto ridícula, que a China tinha “um governo que funciona melhor do que o dos Estados Unidos”. Uma década depois, Soros ainda pensa a mesma coisa? A resposta parece ser não.
A receita da boa comédia, dizem, é “tragédia mais tempo”. A mesmíssima receita pode ser aplicada a comentários relacionados à China, ao que parece. Em um artigo de opinião recente para o Wall Street Journal, Soros chamou Xi Jinping de “o inimigo mais perigoso das sociedades abertas no mundo”. De acordo com o filantropo de 91 anos, os chineses são vítimas inocentes, sofrendo desnecessariamente nas mãos de Xi. Soros, claramente perturbado com o sistema de crédito social da China, preocupa-se com o fato de que outros países possam considerá-lo uma opção “atraente”. Suas preocupações são definitivamente justificadas. Da África à América do Sul, o sistema de vigilância do regime chinês tem muitos admiradores.
A mentalidade “intensamente nacionalista” de Xi, escreveu Soros no artigo, viu o Partido Comunista Chinês se transformar em “um partido leninista”, com o líder disposto a usar o poder político e militar para “impor” sua vontade. Agora, de acordo com Soros, a metamorfose ditatorial de Xi está totalmente completa. Na China moderna, com Xi no comando, a “intimidação”, escreve Soros, reina suprema.
Tentei contactar a Open Society Foundations, fundada por Soros, para obter um comentário a respeito. Nenhum foi oferecido. No entanto, o artigo é uma leitura refrescante.
Lembre-se: estamos falando de George Soros, um homem que certa vez chamou os Estados Unidos de “principal obstáculo para um mundo estável e justo”. Agora, porém, a China parece ser a ameaça número um à segurança nacional. No entanto, nem tudo são flores para Pequim; o regime chinês tem seus próprios problemas. Se conseguirá ou não superá-los, resta ver.
Tigre agachado, dragão moribundo
Como dizia o estadista britânico Benjamin Disraeli, “coragem é fogo, e bullying é fumaça”. Tendo vivido no país por um longo período de tempo, falo por experiência própria quando digo o seguinte: Embora a China projete uma imagem forte, por trás de toda a retórica ríspida e violenta há muita fumaça.
Em um nível individual, estamos todos familiarizados com o conceito de gestão da imagem. Os humanos cuidam da sua imagem, fazendo tudo ao seu alcance para projetar uma mensagem muito específica. Países também praticam gestão da imagem; alguns, como você sem dúvida sabe, são melhores nisso do que outros.
Na China, os efeitos da imagem fortemente filtrada estão começando a se desgastar. Como escreve o pesquisador Ryan Hass, a China não tem 3 metros de altura. Na verdade, é muito menor do que aparenta à primeira vista. Regimes autoritários, obcecados pelo conceito de gestão da imagem, “se destacam em mostrar seus pontos fortes e ocultar suas fraquezas”. Hass incentiva os formuladores de políticas em Washington a “distinguir entre a imagem que Pequim apresenta e as realidades que enfrenta”. Não se deixe enganar pela bravata inspirada no lobo guerreiro; a China, escreve Hass, “corre o risco de envelhecer antes de ficar rica”. Está rapidamente “se tornando uma sociedade envelhecida, com fundamentos econômicos degradantes que impedem o crescimento”. Em 2050, o país “passará dos oito trabalhadores por aposentado de agora para dois trabalhadores por aposentado”. O declínio é rápido e nenhum filtro no mundo pode esconder esse fato frio e duro. Esse dragão agachado está agachado por uma razão – está ferido, fraco e precisa desesperadamente de ajuda.
Yi Fuxian, outro acadêmico, vai um passo além de Hass. Ele acredita que a “estrutura demográfica da China é na verdade muito pior do que as autoridades querem que acreditemos”. Uma extensa análise da “estrutura etária” do país sugere que a China tem consideravelmente menos cidadãos do que relata. Na verdade, a população da China pode ser tão baixa quanto “1,28 bilhão”, o que tornaria a Índia o país mais populoso do mundo. O que vemos como “um dragão cuspidor de fogo”, escreve Fuxian, é, de fato, pouco mais do que “um lagarto doente”.
Com uma população cada vez menor e envelhecendo rapidamente, o regime chinês parece estar fazendo tudo o que pode para esconder suas feridas abertas. Mas a pegadinha não pode durar para sempre. Embora a máquina de propaganda continue rugindo, o mundo está começando a ver a China como ela realmente é. Por trás de todos os planos de cinco anos, enormes investimentos em infraestrutura e retórica bombástica, estão problemas de natureza existencial.
Dragões, no fim das contas, são seres do mundo da fantasia, assim como são os sonhos de dominação global da parte do regime chinês.
John Mac Ghlionn é pesquisador e ensaísta. Seus trabalhos têm sido publicados em veículos como New York Post, Sydney Morning Herald, The American Conservative, National Review, The Public Discourse e outras publicações reconhecidas. Ele também é colunista da Cointelegraph.
Publicado no The Epoch Times com o título “George Soros and China: What a difference a decade makes”.
Tradução e edição: Editoria MSM
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