Rombo da cultura oficial
Por Ipojuca Pontes.
O governo Temer anunciou que o déficit primário das contas públicas em 2017 saltou de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, enchendo de som e fúria a mídia amestrada. De fato, para um “quadrilhão” que derrubou o gangsterismo da dupla Lula/Rousseff em nome do repúdio às “pedaladas fiscais”, a trolha do rombo deficitário, na ordem de R$ 20 bilhões, além de criminosa, é ato de puro lesa-pátria passível de pena de morte por fuzilamento – tanto mais que o rombo só faz aumentar a astronômica dívida pública federal, estimada hoje, por enquanto, na incrível soma de R$ 3,65 trilhões.
O homem das ruas talvez ignore. Mas o que significa, na prática, o rombo sistemático das contas públicas do governo? Apenas isto: ausência de crédito (nacional e internacional), falência da cadeia produtiva, aumento de preços, juros elevados, baixa qualidade de vida, desemprego em escala, violência rural e urbana, criminalidade desenfreada, falta de recursos para segurança, saúde, educação – em suma, escolas e hospitais fechados, assaltos a cada esquina, assassinatos em massa. Para não falar no medo, na angústia e na desconfiança (tidos como “sentimentos subjetivos”) que sufocam corações e mentes da população fustigada.
Bem, falei no rombo fiscal de R$ 159 bilhões, mas o que dizer dos bilhões de reais que escorrem pelos ralos permissivos da chamada cultura oficial do País? Só o cinema nativo torrou, nos últimos tempos, cerca de R$ 40 bilhões (ou mais) sob a cínica justificativa de que apenas com muito dinheiro público sacado do bolso do contribuinte (em forma de isenções fiscais e verbas colossais) a atividade poderá se manter na “vanguarda cultural”. Arrotam os aristocráticos mentores da falácia, fartamente nutridos nos privilégios impositivos concedidos pelo governo (e, em primeira instância, responsáveis pelo alastramento do rombo das contas públicas), que o audiovisual tupiniquim tem como objetivo se tornar arma ideológica de um “soft power” capaz de “ajudar a construir a nação” (socialista, já se vê). Por isso, o governo tem de manter ad infinitum a vigência de uma lei fraudulenta e perdulária cujo prazo, para o bem dos cofres públicos, está se esgotando. É muita canalhice!
Mas, sobre isso, a mídia amestrada, conivente e também acanalhada pela vassalagem engajada, fica na moita: ninguém investiga o abuso, ninguém levanta números, ninguém faz a análise do fenômeno em profundidade. Por aqui, só se abre espaço para a corporação insaciável, viciada em mamar fundo nas tetas do governo e mentir adoidada exigindo mais benesses de políticos desonestos aboletados no poder. Gente da laia de Lula da Selva, Dilma Rousseff e FHC, todos repudiados pela população consciente do País.
Falei antes que Lula, Dilma e FHC eram políticos desonestos. Mas eles são, sobretudo, salafrários, à mercê de corporações sedentas de dinheiro fácil, uma gente sem escrúpulos que se mobiliza dia e noite, aríete nas mãos, para arrombar o erário. Um exemplo de como agem, encontra-se em reportagem da revista “gauche” Piauí sobre Luiz Carlos Barreto, a quem chama de “meio mafioso”. Nela, diz Barreto: “O Cacá (Diegues) colocou a cara à tapa, e eu fui para o campo agir. Nós temos um know-how que vem da época da ditadura: tem aquele que briga, e tem o outro que negocia”.
A tramoia funciona há décadas, sempre com apoio da mídia às esquerdas. Outro dia, para pressionar o pusilânime governo Temer, O Globo abriu habitual espaço para o milionário L. C. Barreto, produtor do fracassado “Lula, O Filho do Brasil” (o mais caro filme nacional de todos os tempos): “Se a lei do audiovisual não for renovada, eu, aos 89, vou me transformar num exilado cultural”.
O rombo da cultura oficial tornou-se inabordável. A defasagem entre custo e benefício é imensa. Gasta-se muito dinheiro, inutilmente. No campo literário, por exemplo, a boa literatura sumiu. Gente do porte de Machado de Assis, Lima Barreto, Zé Lins do Rego, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e até Jorge Amado virou fenômeno de Fata Morgana. Predomina nos cursos acadêmicos a ditadura do desconstrucionismo minimalista, que fez da leitura um ato de tortura digno do leito de Procusto. Por aqui, ninguém ganha Oscar ou Prêmio Nobel, embora anualmente apresentem-se candidatos em profusão. (Não falo nas universidades que, entre nós, sem exceção, são reconhecidas mundialmente como fábricas de analfabetos funcionais).
Exemplo típico de como se processa a difusão das “artes” no Brasil, inserido no contexto revolucionário do marxismo cultural vigente, dá-se numa exposição do Santander Cultural, em Porto Alegre, mantido com o dinheiro fácil da renúncia fiscal, especialmente destinada ao público infantil. Nela, se esmeram telas, fotos e desenhos chinfrins, onde se louva a pedofilia. cobrofilia, zoofilia e o vilipêndio à fé religiosa: Cristo aparece numa tela segurando vibradores; pretos e brancos se alastram em surubas mis, enquanto um casal transa (dá-lhe, Lula!) com uma cabra. Logo na entrada, desenhos de crianças pintadas de travestis posam felizes com um cartaz nos peitos: “Eu sou viado”.
Custou um 1 milhão de reais e a exposição contou com a farta promoção da mídia amestrada.
É o fim!
Ipojuca Pontes, cineasta, jornalista, e autor de livros como ‘A Era Lula‘, ‘Cultura e Desenvolvimento‘ e ‘Politicamente Corretíssimos’, é um dos mais antigos colunistas do Mídia Sem Máscara. Também é conferencista e foi secretário Nacional da Cultura.
Arquivo MSM. Publicado em 25 de setembro de 2017.