A psicanálise e o vício do olhar autocentrado

Por Fabio Blanco

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Em um mundo onde a psicanálise se estabelece como cultura, a atenção volta-se para si, num interminável “falar de si mesmo”.

 

“Nossa dívida com o aperfeiçoamento de esgotos é incomparavelmente maior que com a Psicologia”. Esta frase resume o espírito do livro “Evasivas admiráveis: como a psicologia subverte a moralidade”, do psiquiatra britânico, Theodore Dalrymple.

O escritor inicia o livro criticando aqueles que, influenciados por uma visão mecanicista das funções cerebrais e empolgados com os avanços neurobiológicos, devotam uma confiança quase supersticiosa às soluções psiquiátricas, inclusive abusando dos fármacos, considerados como de resultados duvidosos pelo autor.

No entanto, no primeiro capítulo, a crítica de Dalrymple acaba sendo direcionada especialmente à Psicanálise freudiana. Aliás, ele não economiza ‘elogios’ a Freud, chamando-o de mentiroso, falsificador de provas, plagiador, mitólogo, além de fofoqueiro, apesar de de brilhante, culto e bom escritor.

Para Dalrymple, o grande mal, fruto da cultura psicanalítica, é o estímulo ao rastreio obsessivo dos motivos inconscientes, o que geraria um hábito terrível e de foco empobrecido de olhar demasiadamente para dentro de si mesmo. “O mundo para o analisando parece um infinito regresso de símbolos, um labirinto, uma sala de espelhos em que as imagens dele mesmo se estendem na confinada infinitude da sua câmara espelhada”.

O paciente psicanalista seria alguém viciado em voltar-se ininterruptamente para seu próprio ego, o que geraria nele trivialidade, por colocar em um fosso comum todos os motivos inconscientes, e paranoia, ao levá-lo a buscar significados ocultos em tudo, passando, por isso, a desconfiar de tudo.

Outra consequência nefasta da Psicanálise seria a conclusão que ela gerou de que reprimir os sentimentos é algo maléfico. Obviamente, uma sociedade que foge de qualquer aparência de repressão, dessa forma, não poderia estabelecer suas bases de maneira devida.

O autor segue afirmando que, em um mundo onde a Psicanálise se estabelece como cultura, a atenção volta-se para si, num interminável “falar de si mesmo”, como se dá nas clínicas psicológicas e psicanálíticas. Portanto, se nossa sociedade caracteriza-se por uma autocentralização egoística, isto seria muito devido à psicanálise.

O psiquiatra ainda arremata que nossa sorte é que a Psicanálise se trata de uma idéia recente, pois se ela “tivesse sido inventada pelos homens das cavernas, a humanidade ainda moraria nas cavernas”.

 

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