Curtis Ellis destaca um ‘raro momento de verdade’ no discurso de John Kerry na convenção do Partido Democrata.
A Convenção Nacional do Partido Democrata teve início na segunda-feira (17) com um festival de duas horas seguidas, em horário nobre, de ataques ao presidente Donald Trump. Ao menos pudemos aprender que o establishment de Washington odeia o presidente.
Na terça-feira, aprendemos o porquê. E nada tem a ver com Charlottesville, os correios ou o Twitter. Naquele dia, os telespectadores assistiram a um desfile de autores e arquitetos bipartidários das políticas globalistas que destruíram empregos, fazendas e indústrias americanas, sangraram-nos em guerras sem fim ostensivamente, para tornar o mundo seguro para a democracia e enriquecer os doadores que apoiam os políticos de Washington com fundos de campanha e negócios internos.
Até ali, a “convenção” – na verdade um “infomercial” -, evitava abordar qualquer política específica. Tudo foi na base de vídeos que nos deixavam mal, jogos de palavras, imagens e música em tons menores para evocar a vitimização, o desespero e outras emoções negativas.
Em meio a esse miasma de apelos emocionais, aparece o rosto imóvel de John Kerry. O ex-secretário de Estado explicou o porquê do “Homem Laranja Malavado” com toda a indiferença e condescendência que lhe custou a presidência em 2004.
“Em 6 de junho de 1944, jovens americanos deram suas vidas e as praias da Normandia para libertar o mundo da tirania. Das cinzas daa guerra fizemos a paz e reconstruímos o mundo. Isso foi, e continua sendo excepcional. É o oposto de tudo que Donald Trump representa”, disse o semblante saturnino em uma rara demonstração de franqueza.
Kerry desistiu do jogo. Em poucas frases ele resumiu o projeto globalista que o establishment de Washington vem perseguindo há 75 anos.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, governo após outro, democratas e republicanos, viam nisso “nosso” dever de “reconstruir o mundo”.
Primeiro foram a Europa e o Japão que precisaram ser reconstruídos, então demos a eles nossas indústrias automobilística e de bens eletrônicos. Depois foi Coréia e o Terceiro Mundo, então demos a eles aço, tecidos e roupas. Então, os paxás do império global decidiram que poderíamos reconstruir a China à nossa imagem e deram a eles o que restava para dar. E a classe média americana desmoronou.
Tudo isso foi feito sob a rubrica do livre comércio global, o rótulo batido em acordos no quais se incluem o GATT, os da OMC, o NAFTA e a Parceria TransPacific.
O deputado da Califórnia Bertrand Gearhardt viu o que estava acontecendo com o jogo do “livre comércio” já em 1947. Quando o Congresso debateu a “Lei de Acordos Comerciais Recíprocos”, Gearhardt previu: “Quando a verdade for dita e os fatos se tornarem conhecidos, o programa de acordos comerciais será revelado como … nada menos que um complô para fundir a economia americana com essa do mundo. Isso, apesar da destruição inevitável de nosso padrão de vida, dos nossos altos índices salariais e nossas condições de trabalho mais favoráveis, em tudo isso que está inextricavelmente envolvido o american way of life.”
Enquanto reconstruía o mundo, o establishment bipartidário da política externa “fez a paz” destruindo culturas tradicionais e criando crises de refugiados em cada lugar, com guerras sem fim no Nordeste Asiático, Sudeste Asiático, África, Oriente Médio, Ásia Central e América Latina.
“Isso é o oposto de tudo que Donald Trump representa”, disse John Kerry, em um raro momento da verdade em meio ao uma atuação repleta de mentiras.
Sim, o presidente Donald J. Trump se opõe às cruzadas neoconservadoras de construção de nações, exportação de democracia e mudanças de regime que trouxeram a marca da morte a gerações de jovens americanos, homens e mulheres. Ele quer trazer nossas tropas para casa.
Sim, o presidente Trump se opõe aos acordos internacionais neoliberais que devoram a soberania nacional, e que enviaram nossos empregos e indústrias para campos de trabalhos forçados de baixo custo no Terceiro Mundo. Ele se opõe à noção de que nosso governo deve reconstruir o mundo. Ele quer reconstruir a América.
Por três quartos de século, o establishment de Washington, um complexo industrial-governamental que inclui Academia, think tanks, empreiteiros da defesa, militares, lobistas, mídia e políticos democratas e republicanos, apostou e fez fortunas nesse projeto imperial “reconstrua o mundo, mate pela paz”.
Donald J. Trump se opõe a isso.
E é por isso que o establishment de Washington o odeia. É por isso que o povo americano o elegeu.
Publicado no WND.com
Título original: Dem convention showed the real reason D.C. hates Trump
Tradução: Editoria MSM