Uma professora de Direito americana escreveu no NY Times que pedofilia não é crime, porque nem todo pedófilo vira molestador de menores. Mas, digo eu, se o sujeito não molestou menor nenhum, ele é pedófilo só em pensamento, isto é, perante a lei não é pedófilo de maneira alguma. De que caralho essa dona está falando?
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Experiência de meio século de profissão: Todo repórter, sem exceção, tem miolo mole. Tanto que, se ele revela alguma inteligência, deixa de ser repórter e passa a ser copy-desk.
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A diferença imensurável que existe entre eu (ou, a pedidos, “mim”) e os assim chamados “analistas políticos” que superlotam as cátedras e a mídia, os quais nunca acertaram uma porra de uma previsão ao longo de todas as suas carreiras, é simples e brutal: eu QUERO entender o que está acontecendo, e eles não. Todos querem alguma coisa que não tem nada a ver com saber, conhecer e compreender.
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NUNCA, na história da literatura universal, um escritor foi aclamado pela massa popular nas ruas, em sinal de gratidão por ele ter-lhe dito a verdade. Se esse fenômeno, inédito e sem precedentes, não tem a menor repercussão na mídia chique, é por um motivo muito simples: essa mídia tem o compromisso solene de não publicar jamais nenhuma notícia que de algum modo não se pareça com as anteriores. Digo isso com a experiência de meio século de jornalismo.
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Quando tudo começa a acontecer de uma maneira diferente, a mídia sempre dá um jeito de parecer que é sempre a mesma coisa.
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A noção de “furo de reportagem” foi extinta há aproximadamente quarenta anos. No tempo em que eu trabalhava no Jornal da Tarde, já costumava conversar sobre isso com o Rolf Kuntz.
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Horrivelmente submisso à opinião da “classe”, todo jornalista teme, acima de tudo, parecer anormal. Como aquilo é é novo é algo que, por definição, escapa da norma, nenhum quer correr o risco de ser o primeiro a dizê-lo. A notícia só sai quando o povo inteiro já soube dela sem a ajuda dos jornalistas.
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Sem a firme disposição de parecer maluco quando necessário, ninguém será jamais um grande jornalista. Samuel Wainer, Carlos Lacerda, Paulo Francis, Gondim da Fonseca e outros heróis do jornalismo pareciam malucos o tempo todo.
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O falecido Murilo Felisberto, diretor do Jornal da Tarde, gostava de mim, mas achava que eu era apenas um coitadinho, porque vinha de uma pindaíba desgraçada, tinha os dentes quebrados e parecia um tuberculoso. Depois de eu ter saído do jornal, um dia ele se encontrou com o nosso amigo comum José Carlos Bardawil, o qual notou que ele parecia muito deprimido.
— Que foi, Murilo?
— Eu já não sou o mesmo de vinte anos atrás. Como diretor de jornal sou uma decadência viva.
— Por que você diz isso?
— Um gênio do jornalismo estava bem na minha frente e eu nem percebi.
Bem, eu não era um gênio do jornalismo. Era apenas um sujeito que não tinha medo de parecer maluco.
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A maluquice acabou quando o Jornal do Brasil decidiu copiar o NY Times. Com ela, morreu o jornalismo brasileiro.
“”””— Que foi, Murilo?
— Eu já não sou o mesmo de vinte anos atrás. Como diretor de jornal sou uma decadência viva.
— Por que você diz isso?
— Um gênio do jornalismo estava bem na minha frente e eu nem percebi.””””
“””Experiência de meio século de profissão: Todo repórter, sem exceção, tem miolo mole. “””
O Repórter (seu ex-chefe) só te elogiou porque tinha miolo mole.
Espero que amanha; no seu aniversario, seus assessores consigam copiar uma passagem (texto) melhor da sua vida.
PS: Se até aqui você censura; porque o wily booner iria falar a verdade, sabendo que além de ser censurado, não arrumaria emprego.