Notas: burgueses, Ayn Rand, idiotas e ufólogos
Por Mário Chainho. Publicado em 20 de junho de 2017.
Arquivo MSM.
Mergulhada em abstratices, Ayn Rand fez do egoísmo a regra máxima da ética, deixando evidente sua cegueira para aspectos óbvios da condição humana.
A sociedade sem classes não é uma utopia marxista mas ela é a própria sociedade burguesa.
É certo que o burguês, naqueles momentos em que está sentado à latrina, sonha em ser o rei do mundo, mas tão logo enfrenta a realidadel é acometido por um temor insuperável: o risco de destoar da manada. Não só ele tem horror de pensar que pode ser considerado “estranho”, “invulgar”, “diferente”, como ele não consegue conceber que alguém possa ter uma postura diferente da sua. Na verdade, ele tem horror absoluto à diferença.
Assim, o burguês passa ao lado do pobre e miserável e realmente não consegue enxergá-lo. Ele também não consegue enxergar que pode haver alguém como o monge, que abraça a castidade. Também não consegue imaginar o indivíduo que arrisca tudo na esperança improvável de ficar rica. Muito menos consegue imaginar que alguém busque o conhecimento ainda que há conta de ser ostracizado.
O burguês também odeia o marxista pela sua audácia, mas ainda tem maior fascínio por ele. Ele sente-se dependente do marxista, que promete criar a igualdade e, desta forma, trará a paz eterna. Não é coincidência que o movimento comunista sempre foi financiado por burgueses.
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Ayn Rand deve ser das pessoas mais alienadas que já alguma vez existiu, além de ser uma das que mais causa repulsa ver, dada a sua “feiura psicótica”. Neste vídeo, ela tenta fazer uma analogia entre o amor romântico e o mundo dos negócios. Isto é muito mais alienado do que qualquer ideologia de género.
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A identificação do idiota como aquele que “está cheio de ideias” é bastante elucidadora. Por exemplo, o sujeito entra no teu perfil numa rede social e começa a escrever como se estivesse na sua “casa” e para os seus amigos. Se lhe pedimos para ele se retirar, o idiota imediatamente vai sacar da sua aljava alguma ideia brilhante. Vai perguntar se o espaço é apenas para quem concorda contigo e se não queremos aprender nada de novo e assim por diante. Ou seja, o sujeito tem mentalidade de ladrão de galinhas mas acha que nos pode ensinar “modéstia epistemológica” ou o que é “o verdadeiro sentido da tolerância”. Por isso, faço o apelo: idiotas do mundo, uni-vos e talvez consigam se destruir uns aos outros.
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Há mais de 30 anos que ouço dizer que “os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres estão cada vez mais pobres”. Em relação ao ricos compreendo, mas não vejo como é possível os pobres estarem sempre mais pobres. Há 30 anos, dizia-se que estes pobres estavam no limiar da sobrevivência, então, se foram sempre décadas a piorar, onde se encontram os pobres de hoje? A verdade é esta: Alguns ricos estão mais ricos, os pobres continuam pobres como eram e a classe média está reduzida à servidão por um enorme volume de impostos.
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Coisas como a “ufologia” são produtos directos da ciência moderna. O sujeito que acredita em ovnis não é tolo mas é alguém que acredita piamente no poder da ciência.
Se fossem sinceros, os paladinos da ciência não teriam apresentado esta como a forma mais perfeita de conhecimento, que tudo abrange e tudo saberá mas teriam dito algo do género: “Temos aqui uma coisa nova, com a qual não conhecemos quase nada mas que nos permite descrever inúmeros fenómenos. Daqui podemos construir inúmeros produtos, curar doenças e assim por diante”. Isto não diminuiria nada a ciência moderna, apenas chamaria a atenção para não exagerar as suas pretensões em termos de conhecimento.
Mas o ufólogo acredita que a ciência tudo sabe, e quando ele descobre algo “inexplicado”, ele não vê nisso uma limitação própria da ciência mas um “caso”, uma “conspiração”, algo assim. Um qualquer imagem desfocada que aparece no espaço e os cientistas dizem que “não é nada” ou que “não temos explicação”, para o ufólogo quer dizer que “eles estão a esconder alguma coisa”, porque a ciência sabe tudo.
Desta forma, à medida que a ciência “avança” e despreza enormes faixas da realidade, vão aparecer sempre pessoas mais ansiosas e atentas que vão ver ali sempre uma “conspiração”, um “mistério desvendado apenas para alguns”.
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