II Encontro de Escritores Brasileiros na Virgínia: camaradagem e inteligência
Por Rodrigo Gurgel. Publicado em 11 de dezembro de 2015.
Arquivo MSM.
Da esquerda para a direita: Carlos Nadalin, Paulo Briguet, Yuri Vieira, Olavo de Carvalho, Rodrigo Gurgel e Érico Nogueira.
O II Encontro de Escritores Brasileiros na Virgínia, organizado pelo filósofo Olavo de Carvalho — do qual participei ao lado do cronista Paulo Briguet, do poeta Érico Nogueira, do contista e roteirista Yuri Vieira e do professor Carlos Nadalin —, mostrou, mais uma vez, que há vida inteligente fora dos esquemas que são impostos pela esquerda brasileira.
Ali, no estado carinhosamente chamado de Mother of Presidents — pois nele nasceram oito presidentes norte-americanos, incluindo George Washington, Thomas Jefferson e Woodrow Wilson —, na ampla biblioteca de Olavo de Carvalho — localizada numa zona semi-rural entre a capital do estado, Richmond, e duas outras cidades, Petersburg e Colonial Heights —, discutimos a respeito de quatro temas:
1) Descrição geral e história da deterioração da cultura brasileira, identificando os principais agentes e promotores da ignorância;
2) Transformações sofridas no idioma. Os métodos de alfabetização e de ensino, responsáveis pela alienação dos estudantes. A manipulação marxista-leninista nas escolas e universidades;
3) A literatura de hoje e a de meio século atrás. Degradação das inteligências individuais e da moral política;
4) Experiências culturais positivas. A vida inteligente no Brasil de hoje, ainda que exilada pela mídia e por outros atores sociais.
O Encontro, no entanto, não se resumiu aos debates noturnos, iniciados minutos após o pôr do sol — que, nesta época, ocorre às 17 horas na Virgínia. Foram dias de imersão na vida americana, de contato com o interior dos EUA, nessa região marcada pela memória da Guerra Civil e pela contagiante cordialidade do povo.
Treinando a mira para a guerra cultural.
Da sessão de tiros em que pudemos experimentar várias das espingardas colecionadas por Olavo, passando pelos cafés da manhã recheados de panquecas, ovos, linguiças e maple syrup, o que muito me agrada, exercitamos a camaradagem entre colegas de ofício e fomos integrados à vida familiar do filósofo, comandada, de forma maternal, por sua esposa, Roxane.
Foram dias de conversações intensas — mas também foram leves, pois, terminadas as discussões transmitidas via internet, nos dedicamos, sentados ao redor da mesa de jantar, à arte do diálogo animado, desprovido de censura, reunidos a alunos e familiares do nosso anfitrião.
Este II Encontro de Escritores Brasileiros na Virgínia renovou o que o primeiro, realizado em 2013, já havia mostrado: não basta ao homem argúcia para o debate ou inteligência perspicaz — é preciso, se ele deseja ser completo, capacidade para esgrimir com a lâmina do riso, para abrir-se ao comentário irônico, à poesia e à amizade.