Grandes corporações: subserviência total à censura e às narrativas da esquerda
Por Sérgio Barbosa
Na Internet, em geral, as empresas têm pouco controle sobre as páginas que publicam seus anúncios, porque quase todas aderem à “publicidade programática”, pela qual algoritmos de gigantes da rede, como Google e Facebook, distribuem os anúncios de forma automatizada. O tema foi discutido semanas atrás no jornal Gazeta do Povo [1].
Um perfil surgiu, no Instagram e no Twitter, chamado Sleeping Giants Brasil, seguindo o homônimo norte americano. De viés esquerdista, a conta supostamente denuncia sites que classifica como propagadores de fake News e pede a anunciantes que boicotem esses sites, com o objetivo de secar suas fontes de renda. Há representações em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Maranhão, Distrito Federal e Sergipe.
Todas repetem o mesmo processo: identificam anúncios em sites escolhidos como alvo da campanha de desmonetização e pressionam empresas vias redes sociais até que elas proíbam a veiculação de suas propagandas nesses espaços. A movimentação é coordenada por contas anônimas e tem como principal engrenagem o engajamento de outros usuários.
Entre os alvos, o site “Jornal da Cidade Online”, teve anúncios bloqueados por 208 firmas. O “Conexão Política” acabou deixando de usar a plataforma Google AdSense, responsável por gerenciar as propagandas [2].
O movimento cresceu rápido, e a reação de bolsonaristas influentes acabou dando a ele mais publicidade.
Ministério Público de Contas, Tribunal de Contas: parecer técnico?
O Sleeping Giants convenceu o Banco do Brasil a retirar a publicidade do Jornal da Cidade Online, seu primeiro alvo de ataques. A entidade voltou atrás, após pressão de pessoas influentes da direita e de membros do governo. Porém, o Tribunal de Contas da União acatou uma denúncia do Ministério Público de Contas e determinou a suspensão de todos os contratos de publicidade do Banco do Brasil com sites, blogs, portais e redes sociais. O TCU classificou como “gravíssima” a acusação de que recursos do banco estão sendo drenados para “financiar sites, blogs e redes sociais que se dedicam a produzir conteúdo sabidamente falso e disseminar fake news e discurso de ódio”.
Algumas coisas ficam ao ar. É da competência de uma corte de contas determinar o que é notícia falsa ou verdadeira? Ou discurso de ódio? Ou fake news? Ora, qualquer leigo sabidamente verificará que a corte de contas e o Ministério Público de Contas têm como competência verificar a regularidade das contas públicas, e a ocorrência de crimes relacionados a essas contas. O parecer, tanto do Ministério Público, quanto da corte de contas, parece sair do parecer técnico, tendendo mais a um posicionamento militante, encontrados em sites de partidos de esquerda.
Por falar em esquerda…
Em 13 de novembro deste ano, o Gazeta do Povo fez uma reportagem mostrando algumas conexões do Sleeping Giants [3].
O site do Sleeping Giants Brasil está hospedado em um servidor estrangeiro, o que dificulta a obtenção de quaisquer dados de seus autores. Para eficácia de seu trabalho, o movimento escolheu uma plataforma de criação de ferramentas online para pressionar organizações, o Bonde. Bonde é um projeto incubado pela “Nossas.org”, uma “rede de ativismo” que aglutina voluntários para fazer “pressão pública” por um país mais justo e solidário”. Os clientes compram a tecnologia que facilita o disparo massivo de e-mail contra os alvos escolhidos.
A Nossas realiza uma série de programas focados em causas ditas sociais. Alguns funcionam dentro da ONG. Há projetos que foram incubados dentro do Nossas, mas hoje funcionam de forma independente. O estatuto social da Nossas é assinado por Alessandra Orofino, responsável pela direção do programa de TV GregNews, apresentado por Gregório Duvivier, crítico do liberalismo e conservadorismo. Orofino foi idealizadora e diretora de um vídeo apresentado pelo youtuber Felipe Neto – crítico ferrenho de pautas que se choquem com o progressismo, publicado no jornal norte-americano The New York Times, vídeo no qual há pesadas críticas ao Jair Bolsonaro e ao então presidente americano Donald Trump.
Em seu site oficial, a Nossas informa que conta com doações de pessoas e fundações que acreditam em seu trabalho. As doações chegam à casa dos milhões.
Mas um detalhe ficou despercebido para alguns. Segundo um dossiê publicado pela Revista Esmeril em 06 de novembro[4], existe uma Frente Ampla da esquerda, ramificada desde partidos políticos até entidades privadas, contando inclusive com entidades financiadas substancialmente por Fundações estrangeiras como Fundação Ford e Open Society Foundations. A Nossas faz parte da Frente Ampla da esquerda, através do Pacto pela Democracia[5], uma iniciativa progressista vinda da “sociedade civil”. O Pacto pela Democracia foi uma das articuladoras da campanha “Brasil pela Democracia”, evento que reuniu nomes como Leonardo Sakamoto e… Felipe Neto. A campanha tem duas mensagens bem claras: crítica ao governo Jair Bolsonaro e uma união máxima possível de entidades críticas a esse governo. Junto com a Nossas participa do Pacto pela Democracia a rede GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas).
A rede GIFE possui cerca de 160 associados e, somados, investem R$ 2,9 bilhões por ano na área social, operando em projetos próprios ou viabilizando os de terceiros. O papel central do grupo é gerar conhecimento a partir de articulações em rede para aperfeiçoar o ambiente político institucional do investimento social e ampliar a qualidade, legitimidade e relevância da atuação dos investidores sociais privados. Entre suas estratégias prioritárias, estão:
1 – Alinhamento do investimento social às políticas públicas;
2 – Alinhamento entre investimento social e o negócio, e
3 – Negócios de “impacto social”.
Ou seja, grandes corporações unem-se para ganhar dinheiro com negócios, gerar impacto de acordo com seus interesses privados, e alinhar seu negócio às políticas públicas, onde há ONGs e trânsito de verbas públicas por essas ONGs.
Pressão ou parceria entre militantes para teatro na esfera pública?
O que parece ocorrer, na estratégia do Sleeping Giants, são duas ações:
a) atacar entidades contrárias ao seu espectro ideológico. Isso ocorreu com o Jornal da Cidade Online, por exemplo.
b) fazer um “teatro de falsas pressões” com entidades parceiras, levantando o nome delas, junto com o do próprio Sleeping Giants, criando uma falsa “mobilização social”.
Abaixo colocamos alguns exemplos:
– A Kellogg fez um tweet, em resposta ao Sleeping Giants, interrompendo anúncios na Gazeta do Povo, em repúdio a uma opinião dada pelo jornalista Rodrigo Constantino[6].
A mesma Kellogg que foi responsável, através de uma parceria de sua Fundação Kellogg, na criação de um Fundo Para a Equidade Racial, Fundo Baobá, em 2011. A Fundação aporta recursos ao Fundo conforme este é apoiado por outras organizações (matching funds). Em abril de 2018, a Fundação Ford, a Open Society e o Instituto Ibirapitanga lançaram uma iniciativa para fortalecer a participação e lideranças de mulheres negras no cenário político nacional. A iniciativa contou com aporte inicial de US$ 10 milhões ao Fundo Baobá[7]. Esse aporte foi divulgado durante o 10º congresso da GIFE, com o objetivo de incentivar o protagonismo político das mulheres negras. Todas as entidades mencionadas participam do GIFE.
Sobre investimentos da Fundação Kellogg, há um trecho bem interessante de uma reportagem sobre o movimento comunista Black Lives Matter, dos Estados Unidos:
“O FRSO (Freedom Road Socialist Organizations), que está agora abertamente advogando uma revolução contra capitalista no despertar da morte de George Floyd, tem uma outra ramificação: o Advancement Project, o qual se descreve como “uma organização multirracial de próxima geração para direitos civis”. Sua mesa-diretora inclui um ex-Diretor de Divulgação Comunitária do Departamento de Educação do governo Obama e um ex-assistente do procurador-geral de direitos civis do governo Clinton. Em 2013, o Advancement Project do FRSO recebeu milhões de grandes fundações isentas de impostos: 8,5 milhões da Fundação Ford, 3 milhões da Fundação Kelogg, 2,5 milhões da Hewlett Foundation, ou HP Defense Industry Founder, 2,5 milhões da Fundação Rockefeller e 8,6 milhões da Fundação Soros” [8].
– A C&A, em resposta ao Sleeping Giants, fez um tweet aderindo ao suposto movimento[9]. O Instituto C&A compõe o Conselho de Governança da GIFE[10]. E o GIFE faz parte do Pacto Pela Democracia, uma das ramificações da frente ampla de esquerda.
– O Sleeping Giants comemorou a participação do O Boticário ao movimento. E, por coincidência, sua Fundação e seu Instituto também fazem parte do Conselho de Governança e Conselho Fiscal do GIFE, respectivamente[11].
– O Sleeping Giants Brasil também cobrou um posicionamento da Rede Globo, acerca de sua filial paranaense. Logo o grupo televiso do qual a Fundação Roberto Marinho também faz parte do mesmo Conselho de Governança do GIFE[12].
– O movimento esquerdista fez pressão para retirada de um colunista, através de uma “pressão” no banco patrocinador Bradesco[13], que, por coincidência, é associado do Grupo GIFE[14].
– Ao alerta do Sleeping Giants, Natura e Casas Bahia cancelam monetização ao canal de Olavo de Carvalho. As duas entidades possuem fundações que são associadas do Grupo GIFE[15].
E uma estranha coincidência: a Fundação Banco do Brasil também faz parte do Grupo GIFE como associado.
Com grandes empresas aderindo, outras empresas menores acabam inevitavelmente aceitando o efeito manada. Ora, grandes corporações direcionam tendências do mercado. E, nessa jogada, o Grupo GIFE, com os gigantes corporativos que possui, direciona a tendência do mercado, arrastando outras empresas que, por uma ilusão criada no cenário, acha que todo o processo é voluntário, quando, na verdade, não é. Não é mais livre-mercado. É marketing ideológico agressivo.
E nem estamos mencionando o Google, empresa na qual executivos e outros funcionários foram gravados admitindo que a empresa está trabalhando ativamente na censura de opiniões divergentes[16]. A Alphabet (conglomerado composto por Google, Youtube e outras gigantes) é suspeita de usar seu poder sobre bilhões de usuários para influenciar o debate político. Baniu dezenas de canais conservadores, por exemplo.
Em uma das falas filmadas, a executiva-chefe de Inovação Responsável, Jen Gennai, mostrou que a Google estava trabalhando para “prevenir” a “situação Trump” em 2020.
“Elizabeth Warren está dizendo que devemos desmontar a Google. E como, eu a amo, mas ela é muito mal orientada, isso não vai ser bom, vai piorar, porque todas essas empresas menores que não têm os mesmos recursos que nós serão cobradas para evitar a próxima situação de Trump, é como se uma pequena empresa não pudesse fazer isso ”.
Warren era líder do partido Democrata no parlamento norte-americano e Jen era a responsável da Google por avaliar a implementação de tecnologias de Inteligência Artificial.
Nem mencionamos também o fato de o Facebook ter derrubado páginas com viés liberal ou conservador, sob a alegação de que elas “propagavam fake news”. Não só páginas foram derrubadas como também os perfis pessoais de algumas pessoas.
Não só a censura de opinião é feita na internet. Mas também um teatro de direcionamento na opinião popular na internet. Por grandes corporações. O Sleeping Giants é apenas uma pequena peça da engrenagem montada. Por ser um “grupo anônimo”, tanto faz apresentarem um casal de classe média como supostos líderes de uma “massa de anônimos”. Quando há corporações gigantescas atrás da cortina, advogados de escritórios caríssimos resolverão qualquer problema que venha a ocorrer pelos problemas criados através desse suposto movimento social virtual.
Afinal, o show tem de continuar. E o dinheiro tem de correr.
Não importa a que preço, ou que tipo de teatro foi montado.