Foro de São Paulo: Sandinistas esmagam oposição e perseguem jornalistas na Nicarágua

Por Marco Navarro-Genie

0
Foto: Lula e Daniel Ortega, comparsas de longa data no Foro de São Paulo.

 

A liberdade de expressão é o oxigênio dos arranjos políticos democráticos. Enquanto os jornalistas exercem seu ofício de forma independente e desimpedida, eles são os canários na mina de carvão da política. Considerando isso, se algo não for feito quanto à conjuntura política da Nicarágua, ela será asfixiada pelo totalitarismo.

A ditadura sandinista do casal Daniel Ortega e Rosario Murillo, respectivamente presidente e vice-presidente da Nicarágua, desencadeou, como nunca antes, uma nova onda de repressão que esmaga os direitos democráticos e a liberdade de imprensa. Todos aqueles que são vistos como ameaças nas eleições nacionais de 7 de novembro – líderes comunitários, possíveis candidatos, líderes camponeses e estudantis, empresários e jornalistas – estão sendo sistematicamente sequestrados ou presos sob acusações forjadas de traição ou corrupção.

As frágeis liberdades políticas dos nicaraguenses começaram a diminuir depois que Ortega voltou ao poder em 2007. Mudanças constitucionais ilegítimas lentamente extinguiram as liberdades enquanto o casal devorava todo o poder do Estado. Desde então, a liberdade de expressão foi sendo cada vez mais suprimida.

Ao estilo de Pequim, uma camada de prosperidade econômica visível velou a máquina de fraude e corrupção. Redirecionando quase 5 bilhões de dólares da ajuda venezuelana para seus cofres privados, o casal abocanhou terras, negócios, indústria e mídia. E espalharam dinheiro no setor privado e entre seus partidários políticos para consolidar seu poder total.

O comando de todas as instituições formais mostrou-se insuficiente para o apetite do casal sandinista. Eles agora controlam ou domesticaram as instituições informais do país: associações privadas, organizações de caridade, partidos políticos, igrejas e a grande imprensa.

Os espaços independentes para comentários políticos diminuíram. Associações privadas foram ameaçadas, organizações de caridade foram encurraladas pela legislação, partidos políticos que não cooperam com o regime foram proibidos, a liderança católica romana foi enganada e cooptada, e a maioria dos meios de comunicação se tornou um instrumento para apoiar, promover e defender a ditadura do casal.

Quando os idosos protestaram contra as mudanças na Previdência, o casal Ortega-Murillo derramou sangue mais uma vez. Em todo o país, centenas de milhares exigiram pacificamente a saída do casal governante. Então, a violência tornou-se ainda mais brutal; a polícia sandinista e os bandidos paramilitares mataram mais de 300 pessoas e feriram mais de 2 mil. Os lobos sandinistas encontraram alguma resistência de clérigos católicos defendendo pacificamente seu rebanho, mas o Vaticano ordenou que eles recuassem. Mais de 70 jornalistas independentes fugiram do país.

Nas ditaduras latino-americanas do pós-Segunda Guerra Mundial, a perseguição a jornalistas e oponentes costumava ser feita extrajudicialmente em cantos sombrios. Os jornalistas nicaraguenses foram vítimas da brutalidade sandinista por décadas. E as novas leis criadas após os protestos de 2018 criminalizaram toda a oposição pacífica e o jornalismo independente.

Com leis restringindo “agentes estrangeiros”, uma lei contra “crimes de ódio” e uma lei para “defender a soberania nacional”, os brutos agora processam abertamente o trabalho objetivo de reportagem com acusações forjadas de traição, servidão ao império e lavagem de dinheiro. Na Nicarágua sandinista do casal Ortega-Murillo, sem maiores constrangimentos, a perseguição a jornalistas passou a ser previsto por lei.

O promotor público agora convoca jornalistas para se justificarem acerca de práticas elementares e seu ofício: eles são interrogados sobre como coletam informações, sobre decisões editoriais e sobre suas fontes. Para a tirania do casal, os repórteres operam com motivações nefastas. E trata como práticas criminosas os métodos jornalísticos universalmente aceitos.

A onda de sequestros faz com que dezenas de jornalistas independentes fujam do país. Reconhecido internacionalmente, o jornalista formado pela McGill Carlos Fernando Chamorro fugiu do país pela segunda vez em três anos. Quando o esquadrão de choque de Ortega-Murillo invadiu sua casa para prendê-lo em 21 de junho, ele já havia fugido para a Costa Rica. Chamorro é filho da ex-presidente Violeta Chamorro, que derrotou Ortega nas eleições justas de 1990. Ele também é irmão de Cristiana Chamorro, o nome político mais popular do país. Cristiana foi colocada em prisão domiciliar e impedida de candidatar-se por acusações forjadas de corrupção e lavagem de dinheiro. Como tantos outros, Carlos Fernando continua seu excelente trabalho jornalístico no exílio, mas não está fora do alcance da violência assassina dos sandinistas.

O casal Ortega-Murillo certamente vencerá em novembro. Eles detêm o monopólio da violência, controlam todas as instituições formais e possuem uma bem lubrificada máquina de fraude eleitoral. Para as próximas eleições, só de começo, já baniram observadores estrangeiros. Sua polícia regularmente dissolve reuniões de campanha da oposição e eles continuam sequestrando e prendendo líderes cívicos e políticos que possam desafiá-los.

Dos ataques descarados à imprensa já não se espera nenhuma crítica pública, pois a ditadura de Ortega-Murillo se aproxima cada vez mais do totalitarismo.

 

Marco Navarro-Genie é presidente do Haultain Research Institute.

Publicado no The Epoch Times com o título “Sandinistas Crushing Nicaragua’s Journalists”.

Tradução e edição: Editoria MSM

*

A mídia independente é importante demais para não ser atacada pelas grandes redes de comunicação servas do establishment. Foi denunciando a aliança criminosa entre a grande imprensa e as elites políticas , bem como promovendo uma mudança cultural de larga escala, que o jornalismo independente afirmou sua importância no Brasil.
Mídia Sem Máscara, fundado por Olavo de Carvalho em 2002, foi o veículo pioneiro nesse enfrentamento, e nosso trabalho está só começando.
Contribua, pois é estratégico que nosso conteúdo seja sempre gratuito: https://apoia.se/midiasemmascara
*
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.