Dostoiévski por William Lane Craig: Deus, a realidade do mal e a fé

William Lane Craig

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Fiódor Dostoiévski retratado pelo pintor russo Vasily Grigorevich Perov.

 

Excerto do segundo capítulo do livro: “Apologética Contemporânea. A Veracidade da Fé Cristã”, da Editora Vida Nova. ISBN 978-85-275-0491-1.

Outra apologética baseada no predicamento humano pode ser vista nos magníficos romances do grande escritor russo do século XIX Fiódor Dostoiévski (1921 – 1881). (Permita-me acrescentar que creio que a observação dos evangélicos de hoje com os escritos de autores como C. S. Lewis em detrimento de escritores como Dostoiévski é uma grande vergonha. Dostoiévski é um escritor muito mais impressionante.) O problema que torturou Dostoiévski era o problema do mal: Como pode existir um Deus bom e amoroso se o mundo está cheio de sofrimento e mal? Dostoiévski apresentou esse problema em suas obras de modo tão convincente, tão pungente, que certas passagens, notavelmente a parte chamada “O Grande Inquisidor”, de Os irmãos Karamázov, são com frequência transcritas em antologias como descrições clássicas do problema do mal. Consequentemente, algumas pessoas têm a impressão de que Dostoiévski era ateu e que a postura do Grande Inquisidor é a sua.

Capa do livro: “Apologética Contemporânea. A Veracidade da Fé Cristã”. Escrito por William Lane Craig, publicado pela Editora Vida Nova. ISBN 978-85-275-0491-1.

Na verdade, ele procurou fazer em duas frentes a defesa do teísmo em face do problema do mal. Do lado da afirmação, ele argumentou que o sofrimento do inocente pode aperfeiçoar o caráter e levar a pessoa a um relacionamento mais íntimo com Deus. Do lado da negação, ele tentou mostrar que quem nega a existência de Deus aterrissa no mais completo relativismo moral, de modo que um ateu não pode condenar nenhum ato, por mais assustador ou hediondo que seja. Viver de modo coerente com essa perspectiva de vida é impensável e impossível. Portanto, o ateísmo destrói a vida e acaba logicamente em suicídio.

Os magníficos romances de Dostoiévski, Crime e Castigo e Os irmãos Karamázov, ilustram com grande impacto esses temas. No primeiro, um jovem ateu, convicto do relativismo moral, assassina de forma brutal uma mulher idosa. Embora ele saiba que segundo suas pressuposições não deve se sentir culpado, ele mesmo assim é consumido pela culpa até que confessa seu crime e entrega sua vida a Deus. O segundo romance é a história de quatro irmãos, e um deles mata seu pai porque seu irmão ateu Ivan lhe disse que não existem absolutos morais. Não conseguindo conviver com as consequências de seu próprio sistema filosófico, Ivan sofre um colapso mental. Os outros dois irmãos, um deles acusado injustamente do parricídio e o outro um jovem sacerdote ortodoxo russo, descobrem no sofrimento o aperfeiçoamento de seu caráter e a proximidade de Deus.

Dostoiévski reconhece que sua resposta ao ateísmo não constitui prova positiva do cristianismo. Na verdade, ele nega que tal prova exista. O povo pediu que Jesus lhe desse “pão e circo”, mas ele se recusou a fazê-lo. A decisão de seguir Cristo tem de ser tomada em solidão e ansiedade. Cada pessoa tem de enfrentar por si a angústia de um mundo sem Deus e, na solidão do seu próprio coração, entregar-se a Deus pela fé.

Sumário da obra:

Parte 1: De Fide

1. Como sei que o cristianismo é verdadeiro?

Parte 2: De Homine

2. O absurdo da vida sem Deus

Parte 3: De Deo

3. A Existência de Deus (1)
4. A Existência de Deus (2)

Parte 4: De Creatione

5. O problema do conhecimento histórico
6. A questão dos milagres

Parte 5: De Christo

7. A autocompreensão de Jesus
8. A Ressurreição de Jesus

Conclusão

Uma apologética Superior

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Dr. William Lane Craig, professor-pesquisador de Filosofia na Escola de Teologia Talbot e professor de Filosofia na Universidade Batista de Houston, é autor de dezenas de livros. Em 2016, foi considerado pela The Best Schools como um dos 50 mais influentes filósofos vivos.

Publicado no Cultura de Fatohttps://culturadefato.com.br/

Agradecimentos a Eric Rabello.

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2 Comentários
  1. Pedro. Diz

    “””russo do século XIX Fiódor Dostoiévski (1921 “”” .

    Errar em detalhes, Desacredita.

    PS: No teste de robô ou quem roubou abaixo: “cinco × 4” = 20 ou vinte ?

  2. Pedro. Diz

    Favor digite a resposta em dígitos:

    vinte − 7 = é 13 ou treze.

    De todo jeito você me fode; É PT de todo jeito.

    https://www.dicio.com.br/digitos/

    Segundo a logica (sua, e do dicionário); meu RG é nulo. Porque meu RG é digito X “x”; não é de 0 a 9.

    Escrevi uma porra de um texto enorme (4 linhas, que para mim é enorme) , e nem me lembro mais do conteúdo; e o comentário foi bloqueado por erro de “digito”.

    Eu nunca li nada do que você escreve, pois achei que você “poderia” ser louco igual a mim; por nascer no mesmo dia que eu (e Sadan Hussein); mas, descobri que você nasceu um dia depois (ou antes).

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