A Metodologia de Golitsyn e a Administração Trump
O marioneteiro deve sempre esconder as cordas da marionete. Isto ele consegue através de uma distração, na qual ele chama o homem (Trump) de fantoche, e o fantoche (Obama) de homem.
“A nova metodologia provê explicações para muitas contradições e anomalias no mundo comunista, nas quais as antigas metodologias nada esclarecem. Ela explica a confiança do mundo comunista e a lealdade e dedicação da vasta maioria de seus oficiais. Explica as razões para liberar informações pelos comunistas a respeito de si mesmos e as relaciona com as exigências da política de longo prazo. Explica a aparente tolerância de um sistema totalitário com relação à dissidência abertamente expressa por seus cidadãos em seus contatos com estrangeiros. Provê critérios para analisar a confiabilidade de fontes, para distinguir agentes secretos genuínos e desertores de provocadores, para distinguir informação genuína de desinformação e propaganda. Provê indicadores para a identificação de agentes de influência no Ocidente. Sugere que a desinformação, reconhecida como tal, pode providenciar pistas para as intenções de seus autores. Oferece direcionamento na importância relativa das fontes comunistas oficiais e não-oficiais.
Diverge a atenção das polêmicas comunistas espetaculares entre partidos e foca, ao invés, nos avanços sólidos no trabalho de base das cooperações e coordenações comunistas. Indica o caminho para a recuperação da crise nos estudos ocidentais e análises do comunismo. Poderia ajudar a reavivar a efetividade dos serviços de inteligência e segurança ocidentais. Explica a vitória comunista na Guerra do Vietnã, apesar da ruptura sino-soviética. Acima de tudo, explica a disposição e habilidade do mundo comunista, apesar da aparência de desunião, de tomar a iniciativa e desenvolver e executar suas estratégias em relação aos Estados Unidos, os outros países industrialmente avançados, e o terceiro mundo, na jornada para a completa e final vitória do comunismo internacional.”
Anatoliy Golitsyn, New Lies for Old, p. 102
O que Anatoliy Golitsyn, o desertor da KGB que corretamente antecipou o colapso falso do comunismo, diria da administração Trump? Eu acredito que ele diria que os estrategistas comunistas lançaram uma nova provocação baseada em uma suposta divisão entre o Partido Democrata americano, dominado por comunistas, e a Rússia (soviética).
Esta suposta divisão oferece algumas vantagens táticas atormentantes para o lado comunista.
Diverge a atenção da extensa e traidora colaboração da Esquerda americana com a Rússia e o bloco comunista. Também ajuda a camuflar colaborações futuras por parte dos críticos de Trump (pessoas que avisam da interferência russa nas eleições não serão escrutinizadas tão cuidadosamente neste ponto, especialmente por uma mídia já cheia de operantes comunistas). Dizer que Trump é um fantoche russo afasta a atenção do fato que os que levantam a acusação serviram à Rússia e a causa comunista por muitos anos. Enfraquece a autoridade de um presidente que prometeu reverter as muitas políticas de auto-negação nacional que foram o pilar do Partido Democrata, e o lema do establishment do Partido Republicano. Enquanto isso, Barack Obama continua a repassar ordens aos seus quadros esquerdistas dentro do Governo Federal dos Estados Unidos. Por isto é que ficou em Washington. Para todas as intenções e propósitos, ele ainda é presidente; isto é, ele é o comandante-chefe para os comunistas dentro do governo. A conspiração deles continua, como sempre, em direção à “inevitável” convergência do capitalismo com o comunismo (nos termos comunistas).
É importante (do ponto de vista comunista) que ninguém descubra a situação de fato, que ninguém veja quão longe chegou a subversão, ou quão poderoso o lado comunista se tornou dentro do Estado. Enquanto Obama era presidente dos Estados Unidos, uma circunstância idêntica ocorreu tanto em Washington quanto em Moscou. Em ambas as capitais, os comunistas eram retratados como uma minoria irrelevante e desprezível. Na verdade, os presidentes de ambos os países eram comunistas comprometidos. As alavancas do poder estavam em suas mãos, e o mundo de nada suspeitava. Enquanto Obama trabalhava para desarmar os Estados unidos, Putin trabalhava em prol de rearmar a Rússia. Enquanto Obama minava nossos aliados estrangeiros, Putin invadia a Criméia e intervinha no Oriente Médio. Conforme o perigo crescia, conforme Hillary era com certeza a próxima e última presidente, a colaboração entre Washington e Moscou era a garantia da derrota da América.
Então, no entanto, ocorreu um milagre. Donald Trump foi eleito presidente; um homem de instinto nacionalista impecável, e notável coragem em frente do inimigo. Os comunistas estavam pasmos com sua vitória. E então, estranho como possa parecer, decidiram em uma fraude absurda. Enquanto posavam como inimigos da Rússia, Donald Trump seria mostrado como seu aliado.
Para os principais comunistas, negar sua afiliação comunista foi um passo estratégico preliminar tanto em Washington quanto em Moscou. Livres do rótulo que realmente os define, os comunistas foram capazes de avançar sem oposição dos incômodos anti-comunistas. E agora estão compelidos pela lógica de sua falsa oposição a retratar o “dinossauro patriótico americano” (Donald Trump) como um fantoche da Rússia. Aqui, o verdadeiro fantoche aponta para o homem e declara que ele é o fantoche. É uma mentira que constrói a história. É grandiosa e corajosa. Cinicamente estima a ignorância da população, a criminalidade da classe política, e a traição voluntária da mídia. Depende do fato de que os estrategistas e analistas mais inteligentes do lado americano foram assassinados ou escanteados. Então, não há ninguém para apontar a verdade.
Quem agora ousa dizer a verdade a respeito do que acontece nos Estados Unidos da América? Qualquer um escrevendo nessa vertente está cometendo suicídio de carreira. Portanto, apenas alguém sem uma carreira ousaria escrever algo desse tipo! E ainda assim significa entrar em uma lista negra, como Anna Politkovskaya e Alexander Litvinenko. (Quer uma carreira de sucesso? Quer continuar vivo? Cante a canção que lhe foi dada. Interprete um papel do roteiro comunista. Pode ser um conservador se quiser, mas você será um conservador de Moscou).
Claro, você acha que sou louco. Você acha que o comunismo acabou em 1991. Você acha que o comunismo não existe mais. Mas então você terá de explicar como chegamos aqui – com rufiões comunistas usando intimidação aberta nas ruas de nossas cidades! Se o comunismo perdeu a Guerra Fria, por que ele atualmente tem tal poder em agências do governo, universidades e jornais? Por que você acha que a contra-inteligência dos EUA está espionando o presidente dos Estados Unidos e seus oficiais? Quem quer derrubá-lo? Você precisa explicar todos os fenômenos variáveis de hoje: da sabotagem econômica de inspiração comunista da “ciência” do aquecimento global à insistência de que nossas fronteiras continuem uma peneira. Apenas nossos inimigos tem a ganhar com tais políticas.
Mas “o comunismo acabou”. Ninguém mais acredita nele. Nos dizem que o último verdadeiro crente no comunismo foi o protegido do Stalin e Chefe Ideológico do Partido Comunista, Mikhail Suslov. Gorbachev e Yeltsin, e outros altos oficiais soviéticos, fizeram um show do abandono do comunismo. Mas foi apenas um show, lhe digo. O ex-oficial da KGB Anatoliy Golitsyn insistia que todas as fontes de informação comunistas são cheias de falsidade; que oficiais comunistas publicamente e privadamente fazem declarações enganadoras sobre si mesmos, seus pensamentos e intenções.
O que realmente sabemos sobre o pensamento de Mikhail Suslov ou Mikhail Gorbachev (por um acaso)? Apenas sabemos o que os oficiais do Partido Comunista dizem que é verdade – sobre si mesmos e o partido. E comunistas mentem! Há também um ponto mais sutil, que pode parecer contraditório em si, mas é fundamental em um nível não-ideológico: é irrelevante o que Suslov ou Gorbachev acreditavam. Suas crenças pessoais seriam decisivas apenas se o marxismo houvesse sido um mero sistema de crença, se representasse um conjunto de princípios estável; mas Marx propriamente não acreditava no marxismo. Ele ria das pessoas que acreditavam. Por que importaria se Suslov não acreditasse também?
O que é decisivo para entender sobre o marxismo é seu papel sempre-mutante enquanto racionalização para um novo tipo de poder. O que é importante aqui não são as particularidades da lógica em si, mas o espírito que invoca a lógica em primeiro lugar. Se queremos entender como a Grande Máquina Totalitária é capaz de transformar-se e mudar e trocar-se com o tempo, devemos adentrar sua alma. No fundo, o marxismo é uma estratégia por trás da qual existe um desejo patológico por poder absoluto e destruição global. O fenômeno externo do marxismo é meramente a camuflagem do psicopata politicamente auto-realizado. Aqui é a expressão externa de sua racionalização por assassinato, pela tomada do poder. Esta expressão externa mudou diversas vezes, mas sua essência espiritual é sempre a mesma. E sempre parecemos nos esquecermos do objetivo. Sempre parecemos remeter aos pensamentos íntimos e intenções de pessoas que assumem-se acreditar ou não acreditar em um conjunto de “princípios”. Mas isto é um erro. Nós não entendemos estas pessoas de forma alguma! O comunista não leva idéias à sério. Ele leva poder e estratégia à sério. Uma máscara não é uma idéia. Uma estratégia não é um princípio. Estas são ferramentas, armas, métodos. Marx não acreditava em suas ferramentas. Ele as usava, e seus seguidores as usavam, até que as ferramentas do momento não mais serviam ao seu objetivo. Então as ferramentas velhas, as armas velhas, eram descartadas em favor de novas armas – “novas mentiras pelas velhas”. Os que falam de crença ou descrença estão apenas falando da casca superficial da coisa, que pode ser trocada por uma nova casca – uma nova aparência externa. Se Marx não acreditava no marxismo, então o verdadeiro marxista também não deveria. É um pobre golpista o que acredita em seu golpe. Por trás da casca de pretensões exteriores do comunista, encontramos o mesmo fenômeno central: a alma malévola do destruidor, o invejoso desejoso por poder e vingança, o ódio do bem por si só. E na auto-afirmação desta alma encontramos, curiosamente, uma reformulação dos mesmos temas totalitários antigos; a mesma sacola de truques para desfigurar e nivelar a humanidade. Com tudo isto dito, a casca externa do supostamente derrubado comunismo não está de forma alguma descartada. Comunismo declarado pode retornar ao poder a qualquer tempo. Até mesmo o hitlerismo pode ressurgir. As várias outras cascas externas – as racionalizações e golpes – podem mudar e trocarem-se conforme exigem as circunstâncias; ainda mantém-se sempre constante a mesma força motriz, sempre alerta à novas oportunidades. Marxismo é uma estratégia, não uma crença. Por isto dizia Mao Tsé-Tung, “marxismo é melhor que uma metralhadora”. Ninguém acredita numa metralhadora. Apenas a usa para neutralizar um inimigo. Deve ter em mente sempre sua utilidade quem a usa, neste aspecto, de morteiros, howitzers, e bombas atômicas ideológicas – o arsenal todo do politicamente correto.
Mas você não consegue superar esta idéia; nomeadamente, de que o comunismo morreu. Você viu ele morrer na TV. Como podemos novamente falar de marxismo-leninismo? Ou, como um presidenciável estoniano me perguntou uma vez, em resposta ao meu discurso: “O que é marxismo-leninismo?”. Sua expressão dolorida transmitia a idéia de que o marxismo-leninismo era algo que não existia de verdade. Ninguém acredita nele, então por que importa? Até mesmo os comunistas não acreditam mais no comunismo. Simples assim! Qualquer idiota que te diz que há verdadeiros crentes no comunismo tinha de usar um chapéu de burro. Rússia é uma democracia. China é capitalista. Cuba é uma sociedade aberta com saúde pública fantástica. E aquele agradável homenzinho da Coréia do Norte é um campeão da paz mundial!
É meramente mais uma frase ridícula dentre tantas outras. De fato, é a frase ridícula final. É a frase que destrói a alma de um homem. Dizer que o comunismo não existe é se render. Significa entregar seu país aos comunistas que não existem. Lembra do Ministério da Verdade de 1984, de George Orwell? Era um ministério que nada dispensava além de mentiras. Agora imagine que o Ministério da Verdade debandasse e admitisse mentir. “Vamos para uma folha nova”, diz o Ministro da Verdade. “Somos agora o Ministério da Verdade Verdadeira”. Oh, mas que alívio! Finalmente, podemos acreditar neles! Marxismo-Leninismo acabou e os marxistas-meninistas agora são honestos! Se eles dizem que vencemos a Guerra Fria, vencemos a Guerra Fria. Em um mundo onde o non-sense é frequentemente acreditado, por que isto não seria aceito como o Novo Evangelho (conforme São Gorbachev)? Caem o Martelo e a Foice, sobe a bandeira tricolor. Como pode questionar isso? É como ser contra chocolate!
Então, para onde foram todos os comunistas? Simplesmente retornaram para a Cristandade? Viraram Cientologistas? Pare e pense por um momento. Você controla metade do planeta e enganou as pessoas em todo país por décadas. E o que faz para o bis? Você cai do canto da terra plana! Bem, acho que superaram-se, apesar de tudo. E então, vinte e cinco anos depois, de repente, você descobre que eles dominaram a cabeça do seu filho e mandaram ele bater em um idoso deslocado que trabalha em uma fábrica usando um boné escrito “Make America Great Again”. Você tem a CIA e o FBI espionando o presidente dos Estados Unidos para a vantagem dos agentes da mudança. E o Congresso está arrastando os pés nas nomeações de Gabinete pois foram agradavelmente presos pelo Apocalipse Zumbi Comunista Satânico Pedófilo.
Já viu o filme “Vampiros de Almas”? É uma ficção alegórica sobre uma tomada comunista. Bem, nós a estamos vivendo. De fato, os alienígenas estão tentando convencer o mundo de que eles que estão combatendo a invasão alienígena! Esta mentira é repetida em todo noticiário. E você pode facilmente acreditar neles: Primeiro, porque você não entendeu quem é o inimigo. Segundo, porque você não acredita em alienígenas. Terceiro, porque você votou nos alienígenas para a Casa Branca em 1992, 1996, 2008 e 2012. E quando os alienígenas finalmente colonizaram o governo e deterioraram seu arsenal nuclear, o antigo presidente alienígena não voltou para Illinois. Ele ficou em Washington para comandar o exército de alienígenas dentro do governo federal, enquanto o Sr. Trump erroneamente acredita estar no comando.
Então eles não acreditam mais em marxismo-leninismo? Então por que socializamos a medicina? E por que Vladimir Lenin, que morreu e 1924, está calmamente posto com seus olhos fechados em seu mausoléu na Praça Vermelha – não enterrado em um túmulo com uma lápide? Sem dúvidas, ele é mantido em exposição porque “ninguém mais acredita nele lá”! É um jeito engraçado de não acreditar em alguém, não acha?
Ninguém em Moscou acredita no comunismo! Eles se recusam a enterrar Lenin porque ele é uma boa atração turística. E além disso, Vladimir Putin usa um crucifixo e diz que acredita em Deus (Bem, ele não gosta realmente de falar sobre isso. Mas achamos que ele acredita em Deus). E então, ao fim do dia, somos todos fantoches do Kremlin. Estamos pulando sem esperanças na ponta das cordas de Moscou.
Mesmo agora o marioneteiro aparenta estar em conflito com suas crias mais secretas – os espiões na CIA e FBI! Aparências não obstantes, o marioneteiro deve sempre esconder as cordas da marionete. Isto ele consegue através de uma distração, na qual ele chama o homem (Trump) de fantoche, e o fantoche (Obama) de homem. E então, da mesma forma, chama o amigo de inimigo, e o inimigo de amigo.
Se o presidente Trump pudesse ler uma frase destes rabiscos, desejaria que lesse este último parágrafo. Então ele poderia entender, em um instante, quem são seus inimigos – ambos externos e internos. E eu digo, nosso inimigo não é um oponente, não é um competidor, não é um rival comercial. Não, não. Eu digo – um inimigo! E uma vez que nosso presidente consiga distinguir amigo de inimigo, seu compasso estratégico irá alinhar-se ao norte verdadeiro e metade da batalha estará ganha.
Tradução: Talles Diniz Tonatto ( talles.tonatto@gmail.com)
Publicado em 23/02/2017.