O tal “liberal-conservador” e três típicas acusações contra Jair Bolsonaro
Por que não sou um “liberal-conservador”
Você que é conservador — entusiasta do modelo da civilização ocidental (moral cristã, filosofia grega e direito romano) e de um mercado regido por esses itens — não precisa mais pagar pedágio para liberal dizendo que é um ‘liberal-conservador’, do tipo que é ‘liberal na economia e conservador nos costumes’ (SIC), independente de que seja cristão, budista, ateu, etc., só por medo de parecer um esquisitão controlador, intervencionista, que flerta com o socialismo, ou um saudosista da ditadura militar…
Por que digo isso? Porque os conservadores sempre foram a favor de uma economia descentralizada/livre em detrimento de uma economia centralizada/planificada. Até mesmo os católicos mais familiarizados com a Doutrina Social da Igreja e que possuem sanidade mental preferem um modelo econômico mais parecido com o modelo americano do que com o cubano; preferem o modelo econômico do Vaticano ao modelo da Venezuela — eles sabem que o grau de influência do Estado em questões como a assistência aos mais pobres vai variar de acordo com o tipo de governo instalado no país em que vivem, mas também sabem que o ato da caridade também é um dever moral de todos os indivíduos que vivem nesta sociedade.
Nas palavras de Edmund Burke, os conservadores conservam aquilo que resistiu aos testes do tempo. E o modelo econômico que sobreviveu aos testes do tempo é o modelo econômico que privilegia as trocas voluntárias regidas por uma cultura moralmente elevada. Resistiu em detrimento de um modelo econômico em que o Estado proíbe totalmente o comércio (comunismo) e um modelo econômico de trocas imorais, dissociadas de um arcabouço culturalmente elevado (liberalismo/libertarianismo. Este último nunca existiu de tão utópico que é).
A Escola de Salamanca, nas figuras de Francisco de Vitoria, Domingo de Soto, Francisco Suárez e Tomás de Mercado, já alertava sobre a importância do mercado estar atrelado a valores morais desde o século XVI, antes mesmo de Adam Smith sonhar em nascer. O que liberais e libertários fizeram a seguir foi remover essa necessidade intrínseca entre mercado e moralidade e a coisa foi piorando com o passar do tempo. A Igreja, então, desenvolveu a sua Doutrina Social, que não pode ser chamada de terceira via, mas que traz certa luz ao problema, embora muitos religiosos, economistas e filósofos (como o professor Olavo) ainda se envolvam em discussões sobre o status quæstionis do tema.
A Escola de Salamanca, composta por monges católicos jesuítas, já sabia da eficácia do mercado décadas antes do surgimento dos liberais e de sua cria: os libertários. Por óbvia questão cronológica, a Escola de Salamanca é anterior à Escola Austríaca, à Escola de Chicago e aos Libertários adeptos dos delírios de Rothbard. Um católico que adere à ideologia liberal incorre em heresia.
Os monges jesuítas da Escola de Salamanca fizeram observações acertadas sobre a questão da Teoria do Valor já em 1.555 d.C.:
“O valor de uma coisa não depende da sua natureza objetiva, mas antes da estimação subjetiva dos homens, mesmo que tal estimação seja insensata” – Bispo Diego de Covarrubias, (Veterum collatio numismatum, 1555).
Não caiam em chantagem emocional e nem em pressão de grupos liberais em que vocês precisem se assumir liberais na economia a todo momento, porque um sujeito que é liberal na economia é um sujeito que também é um liberal social e cultural, a favor do comércio de drogas, de armas químicas, de explosivos, de órgãos humanos, de pessoas e até mesmo de bebês — em casos extremos de insanidade mental do liberal. Não preciso dizer que um conservador sabe que esse tipo de comércio prejudica a sociedade e que um conservador é cético e prudente quanto a isso, né?
Vejam o governo de Donald Trump. Ele fez o maior corte de impostos da história dos EUA e continua sendo um presidente conservador, defendendo os valores morais da cultura Ocidental, sem precisar se definir como ‘conservador nos costumes e liberal na economia’.
Dito isso, se a pessoa insistir nessa pataquada, saiba que está diante de um canalha do tipo isentão, que gosta de jogar nos dois lados e ser amigo de todo mundo, que é só mais um covarde que não assume uma posição.
Respondendo a algumas acusações contra Jair Bolsonaro
“Ainn, Bolsonaro é inculto”
Quando alguém chama Bolsonaro de inculto, geralmente é um libertário que acha que cultura é só Rothbard, Block e Hoppe; ou um liberal que acha que cultura é só Mises, Hayek e Friedman; ou um conservador estilo Alex Catharino que acha que cultura é só Kirk, Oakeshott e Burke (e que Jair tem que beber vinho importado).
As coisas são assim porque essas pessoas acreditam que cultura se resume ao material produzido exclusivamente pelos autores de suas ideologias preferidas, e só aquilo que confirma o pensamento deles constitui a verdade e a realidade. Até agora não vi leitores de Virgílio, Dante e Dostoievski cobrando cultura do Bolsonaro.
Interessante, não?
Jair Bolsonaro cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Em 1977, concluiu o curso de formação de oficiais da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e o curso de paraquedismo militar na Brigada Praquedista do Rio de Janeiro. Em 1983, formou-se em educação física na Escola de Educação Física do Exército, e tornou-se mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Em 1987, cursou a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).
Ele pode não ser culto, mas não dá para comparar esse currículo com o de Dilma e Lula.
A prova dos Agulhas Negras é mais concorrida e difícil que o vestibular da USP.
É melhor “Jair” se acostumando.
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“Ainn, Bolsonaro é o Lula com sinal trocado…”
Verdade… se olharmos pela perspectiva correta.
Lula: corrupto, de esquerda, progressista, filhos investigados por enriquecimento ilícito, cachaceiro.
Bolsonaro: ficha limpa, de direita, defende valores conservadores, filhos formados, com patrimônio compatível e que foram eleitos democraticamente, bebe Dolly Guaraná.
Até ontem os liberais estavam querendo vender o Dória como anti-Lula. Capa da Istoé, quem lembra? Que seria o anti-Lula senão o inverso dele, o seu oposto?
Eu até comentei com amigos que era bobagem o Bolsonaro querer reivindicar o papel do anti-Lula, porque o passo seguinte seria descartarem o Dória, chamar o Bolsonaro de ‘outro lado da mesma moeda’ (SIC), de extrema-direita, empurrando o Jair para a ponta do espectro político. Daí depois os liberais acusariam o perigo dos extremismos e diriam que Lula era a TESE, Bolsonaro a ANTÍTESE e o Alckmin seria a SÍNTESE redentora e salvadora. É a tal Janela de Overton.
Dito e feito.
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“Ainn, Bossonaru é populixxxta”
Sim, com certeza…
Um sujeito que é contra COTAS, que é contra o programa MAIS MÉDICOS, que critica o BOLSA FAMÍLIA, que critica o MINHA CASA, MINHA VIDA, que critica o FIES, que critica o ENEM, que é inimigo número um da MÍDIA, que nunca foi elogiado na REDE GLOBO, que é odiado pela CLASSE ARTÍSTICA e que critica os empréstimos do BNDES é um baita de um populista, né?
É o populista do Bolsonaro que passou a fazer propostas irrealizáveis nos 45 minutos do segundo tempo, que é amado pelos colegas parlamentares, que tem vários amigos no Senado, na Câmara, no STF, e que promete realizar um paraíso na Terra só para ganhar voto e militância, né?
Engraçado, eu pensava que ser popular era apenas escutar as demandas do povo, fazer propostas realistas dentro do campo da possibilidade, e dizer que irá tentar realizá-las se eleito, mas parece que o significado mudou e fazer essas coisas agora é populismo.
Popular mesmo é o Lula, o Amoedo, o Alckmin, o Meirelles, que são recebidos por milhares de pessoas em aeroportos e eventos por todo o Brasil, que as pessoas mandam fazer camisas com os seus rostos estampados, que as pessoas adesivam o carros com seus rostos, que as pessoas tiram dinheiro do próprio bolso para espalhar outdoors pelo Brasil, né?
(Se você não sabe a diferença entre popularidade e populismo, seu direito de opinar é zero.)
Pedro Henrique Medeiros é aluno de Olavo de Carvalho no Seminário de Filosofia.