A infiltração comunista em Hollywood
Por Johnathan Gray. Publicado em 21 de novembro de 2017.
Arquivo MSM.
Nos últimos anos, escritores, atores e produtores pró-comunismo na “lista negra de Hollywood” nas décadas de 1940 e 1950 tiveram uma exposição positiva nos meios de comunicação. A lista negra em si é muitas vezes vista como um exemplo de censura governamental, decorrente das pesadas táticas do agora extinto “Comitê de Atividades Antiamericanas”, cujo objetivo era proibir e reprimir os movimentos comunistas nos Estados Unidos.
Mas a situação é mais complicada do que a atual perspectiva que se tem sobre o assunto. A história mostra que muitos na lista negra foram colocados lá por uma boa razão, já que muitos admitiram trabalhar como agentes soviéticos e moldaram narrativas pró-comunistas através de seus filmes.
Uma análise mais aprofundada revela que se tratava de um círculo de indivíduos, alguns com diretrizes diretas da Rússia, que apoiavam a derrubada violenta do governo dos Estados Unidos. A criação da lista negra de Hollywood foi uma resposta a este círculo que transformou a indústria do entretenimento americana em uma ferramenta de propaganda de um regime assassino e totalitário, enquanto atacava os valores e o modo de vida do povo americano.
Antes da Segunda Guerra Mundial, muitos membros do Partido Comunista da Alemanha, o segundo maior grupo comunista fora da Rússia, deixaram a Alemanha rumo a outras partes do mundo.
Muitas dessas pessoas foram rejeitadas e rotuladas como indesejáveis por outras nações desenvolvidas, como o Reino Unido, e, por isso, emigraram para os Estados Unidos. Ao chegar, muitos escritores e produtores de filmes se uniram a grupos do Partido Comunista Americano.
Esta onda de imigração serviu de apoio à infiltração soviética nas artes e na cultura, e à penetração nas instituições políticas em meados da década de 1930. Com este sistema, os comunistas planejavam fazer o que os ditadores brutais Vladimir Lenin e Josef Stalin conseguiram na Rússia soviética: transformar a indústria do entretenimento em uma ferramenta para disseminar a ideologia e a propaganda comunistas.
Subversão cultural
Segundo Michael Kazin, professor de história na Universidade de Georgetown, este grande sistema de cooptação começou em Hollywood na década de 1930 com esquerdistas influentes no setor cinematográfico, como Yip Harburg, compositor de “O Mágico de Oz” e da música “E Rússia é seu nome”, usada no filme “A música da Rússia”. Harburg foi um dos principais artistas pró-soviéticos da indústria cinematográfica de Hollywood.
Harburg e outros pró-soviéticos exerceram uma influência psicológica no público amante do cinema. Eles moldavam as narrativas que o público americano, e o mundo em geral, absorviam do cinema.
Muitos desses escritores, produtores e diretores de Hollywood, alguns dos quais eram membros fanáticos do Partido Comunista, fizeram filmes contendo ideias e ideologia pró-comunistas e pró-socialistas. De alguma forma, uma grande parte dos filmes dessa época foram projetos artísticos que funcionavam como veículos para as sutis técnicas de doutrinação comunista. Veículos que tentavam substituir os princípios americanos de liberdade e direitos individuais pela ideologia do ateísmo e da luta de classes.
Entre eles estava John Garfield, um ator de renome cuja conexão com 17 organizações comunistas foi revelada em uma edição de junho de 1950 dos Red Channels (publicação dedicada a expor o comunismo na indústria do entretenimento).
O entusiasmo no uso de filmes para espalhar propaganda vinha do topo do regime soviético. Kenneth L. Billingsley escreveu em seu livro “Os filmes perdidos de Hollywood”, que Stalin era um verdadeiro cinéfilo, tremendamente entusiasmado com a promessa do cinema de exaltar ideais comunistas.
O uso do cinema como ferramenta de propaganda remonta aos primeiros anos do movimento comunista.
O ditador bolchevique Lenin foi o primeiro líder comunista a reconhecer a importância de materializar a manipulação do pensamento, em escala mundial, através dos filmes.
Dizem que, em 1919, quando tanto o cinema como o Comitern (a Internacional Comunista) estavam em seus primeiros estágios, Lenin confiou a seu secretário de educação, Anatoly Lunacharsky: “você sempre deve considerar que, de todas as artes, o cinema é para nós a mais importante”.
“Use-o contra eles”
Billingsley observa que o plano do Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA da sigla em inglês) ficou claro para pessoas como o agente e ativista comunista Willi Münzenberg, ex-membro do Partido Comunista da Alemanha. Após exilar-se nos Estados Unidos, ele entrou rapidamente para o establishment de Hollywood como propagandista e ativista pró-comunista e pró-soviético.
Münzenberg escreveu sobre a indústria cinematográfica em um artigo de 1925 para o jornal do CPUSA, o Daily Worker (Diário do Trabalhador), que “uma das tarefas mais prementes que enfrenta o partido comunista no campo da propaganda é a conquista de uma unidade, até agora monopólio da classe dominante”.
E acrescentou: “Devemos lutar para tomá-la e usá-la contra eles”.
Münzenberg acreditava que os anos 30 eram o momento perfeito para que os comunistas americanos e seus supervisores atacassem. A Grande Depressão estava em pleno andamento. Aproveitando o fato de que muitos procuravam distrações e entretenimento, Münzenberg viu a chance de doutrinar contra o capitalismo as pessoas que iam ao cinema.
Billingsley escreveu em seu livro de 1998, “Partido de Hollywood: Como o Partido Comunista seduziu a indústria cinematográfica americana nas décadas de 1930 e 1940”, que em 1935, V. J. Jerome, secretário da cultura do CPUSA, havia estabelecido uma filial oficial do partido em Hollywood. Esta filial era uma unidade secreta, fora da vista do público.
Com esta unidade secreta, o CPUSA podia recrutar clandestinamente novos membros para o partido, infiltrar-se nas associações e sindicatos do cinema e arrecadar fundos para causas pró-soviéticas.
Entre esses subversivos do partido comunista em Hollywood, havia pessoas como o renomado escritor Walter Bernstein, que confessou em sua autobiografia de 1996 que “nós tínhamos uma aritmética sagaz; encontrávamos frentes e fazíamos com que dois se tornasse um”. Em outras palavras, através de frentes populares, os não-comunistas avançavam com os planos comunistas, e isso foi feito de maneira “astuta”, sem que os companheiros soubessem que estavam sendo usados.
Naturalmente, as autoridades começaram a desconfiar cada vez mais dessas atividades comunistas. O Congresso respondeu formando o Comitê de Atividades Antiamericanas em 1938.
O repórter do jornal Human Events, Allan H. Ryskind, declarou que o Comitê “descobriu mais de 200 membros do partido em Hollywood”, embora Ryskind diga que seu pai, um roteirista de Hollywood na época, acredite que o número real estava mais próximo de 300.
Ryskind disse que, apesar das investigações do comitê, em meados dos anos 40 os comunistas nos Estados Unidos haviam se infiltrado completamente em Hollywood, de cima a baixo, embora a maioria deles estivesse bem escondida, alinhada com a doutrina do partido comunista de ocultar seus objetivos, e nunca reconheceriam publicamente sua filiação ao partido.
Apoio a governos genocidas
Em seu livro “Traidores de Hollywood: Lista negra dos roteiristas – Agentes de Stalin, aliados de Hitler”, Ryskind escreve: “Nada do que o partido comunista fez na América foi feito sem a direção do Kremlin. Nada”.
Aqueles na lista negra de Hollywood não eram antifascistas, mas mudaram suas lealdades junto com as mudanças nas políticas soviéticas. Incluídas entre suas atividades, Ryskind observa o curioso flerte que muitos membros do partido comunista tinham com o Partido Socialista (nazista) dos Trabalhadores, de Adolf Hitler.
“Quando Hitler inicialmente ameaçou a Rússia, os membros do partido em Hollywood, sob as ordens de Moscou através da sede do partido em Nova York, se mostravam apaixonados anti-nazistas”, escreve Ryskind. “Quando Hitler apontou as armas contra o Ocidente, apoiado por seu pacto com Stalin em 1939, eles dedicaram suas vidas a dificultar a sobrevivência das nações anti-nazistas”.
Somente depois que Hitler surpreendeu Stalin com a invasão nazista da União Soviética em 1941, os comunistas de Hollywood se voltaram novamente contra Hitler.
Ryskind escreveu: “Eles não eram honrados antifascistas ou patriotas americanos, como argumentam seus defensores, mas aparatos leais aos soviéticos, uma quinta coluna trabalhando para Stalin”.
Esta mesma glorificação de ditadores e assassinos em massa continua hoje em Hollywood. Ryskind observa que Hollywood inclusive idealizou figuras comunistas, como Che Guevara e Fidel Castro. Che executou pessoalmente 180 pessoas e ordenou a morte de milhares de cubanos, incluindo mulheres e crianças.
Arthur Eckstein, historiador americano e distinto professor de história que o establishment de Hollywood nunca perdeu a paixão pelo partido comunista, tanto no sentido político como cultural.
Ele relembra a realização de uma cerimônia em 27 de outubro de 1997 para comemorar o 50º aniversário das audiências originais do Comitê de Atividades Antiamericanas. A celebração foi patrocinada por várias associações e organizações produtoras de filmes, incluindo a Associação de Atores e o Sindicato dos Escritores da América.
Muitos participantes do evento glorificaram aqueles que o comitê havia identificado como os “Dez de Hollywood”, chamados por alguns como os “Dez hostis”. O evento retratou esses homens como “mártires” e “não conformistas” ante a tirania e o autoritarismo.
Eles inclusive fizeram com que grandes estrelas recriassem partes selecionadas das audiências do comitê que se ajustavam à narrativa revisionista do establishment de Hollywood. Houve uma brincadeira em que Billy Crystal atuou como Larry Parks, um ator que, em 1951, admitiu ser membro do partido comunista, o que arruinou sua carreira.
John Lithgow e Kevin Spacey, entre outros atores, contribuíram igualmente com suas atuações para o evento. A cerimônia culminou com a chegada de alguns membros dos Dez, que foram recebidos com aplausos efusivos.
O romance de Hollywood com o comunismo, uma ideologia que tem produzido fome, guerras e genocídios em todo o mundo e que custou a vida de mais de 100 milhões de pessoas, continua até hoje.
Lenin parece ser o próximo a ganhar uma renovação em sua imagem por parte de Hollywood. O ator Leonardo DiCaprio está em negociações com a indústria cinematográfica russa pelo papel do ditador que o romancista e historiador russo Aleksandr Solzhenitsyn estima ter matado entre 60 e 66 milhões de pessoas.
Em uma crítica dos “Traidores de Hollywood” de Ryskind, Allan C. Brownfield escreveu: “Longe do que se pensa sobre o papel do Congresso, é difícil entender como escritores comunistas que trabalharam tanto para outra nação e contra os interesses de seu próprio país, se tornaram heróis para muitos liberais. Como podem respeitar homens e mulheres que disseram que Hitler era maligno em um dia e que o aceitaram no dia seguinte, não por convicção genuína, mas por seu hábito de seguir a liderança de Stalin, assim como fizeram com todas as outras coisas? ”
Johnathan Gray é escritor, produtor de filmes e veterano do exército. O presente artigo foi escrito sob um pseudônimo, uma vez que expressar opiniões anticomunistas pode prejudicar sua carreira em Hollywood.
Publicado no Epoch Times em Português.