Sobre os ataques das salomés de batina
Por Olavo de Carvalho. Publicado em 30 de janeiro de 2018, no Diário Filosófico do MSM.
Arquivo MSM.
Sei que “os amigos não precisam e os inimigos não querem”, mas denunciar as mentiras é necessário para que não invadam o registro histórico. Quando até os bisnetos dos vermes que comeram o cadáver do Porco Nojeira tiverem se desfeito em pó, ainda haverá gente lendo “O Jardim das Aflições”.
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Os movimentos tradicionalistas existem há mais de cinquenta anos, e o quê conseguiram no Brasil? Nada. Apenas falar para as paredes. Aí veio um zé-mané e virou toda a situação de pernas para o ar, inclusive restaurando, em massas inteiras da população, o respeito pela Igreja Católica. Eles NUNCA vão me perdoar.
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TODO o meu curso “O esoterismo na História e hoje em dia” é uma condenação radical dessa corrente. Mas o Julio Soumzero anuncia que estou “ensinando esoterismo”, e a salomé beneditina acredita. Ou quer que vocês acreditem.
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Se tentar me rotular de seguidor de René Guénon já é um absurdo, tendo em vista as críticas severíssimas que fiz aos conceitos fundamentais da sua doutrina — especialmente “iniciação”, “realização espiritual” e “Tradição” –, bem como, mais ainda, à intenção estratégica que a orienta, muito mais absurdo e intolerável é sugerir que eu o seja de Frithjof Schuon. Como poderia eu, decorridas três décadas, submeter-me ainda ao guiamento espiritual de um homem que, em 1987, me mostrou toda a vileza e desorientação moral do seu espírito ao mover contra mim uma campanha de assédio judicial sob falsa imputação de crime, só vindo a ser derrotado ao fim de seis anos de longas, árduas, custosas e humilhantes batalhas nos tribunais? Seria eu masoquista ao ponto de lamber o pé que tenta me esmagar?
Esse Pe. Joaquim é um moleque irresponsável, um boquirroto de merda, que fala do que não conhece e se alegra em danar a reputação de quem não lhe fez — nem muito menos fez à Igreja — mal nenhum.
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Há anos denuncio o esoterismo e o ecumenismo como instrumentos da estratégia globalista e afirmo com todas as letras que as únicas iniciações válidas são os sacramentos de Igreja Católica. Mas, segundo a salomé beneditinha, sou um seguidor de Guénon e Schuon.
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Cloacas de impureza, dizia Nossa Senhora. Do atual clero católico, só se salvam indivíduos isolados. Não há uma só corrente ou escola que represente o bem.
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Sem a menor dúvida há uma campanha organizada, em certos meios católicos, para se vingar de alguém que fez pela religião o que eles não souberam ou não quiseram fazer. E nessa campanha juntam-se esquerdistas e tradicionalistas, quase que por igual.
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Até a minha entrada em cena, os adversários católicos do guénonismo limitavam-se a alegar contra ele os dogmas da Igreja — o que é tão útil quanto tentar matar um tigre acusando-o de não ser um elefante.
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A empáfia, a ignorância pétrea, a vaidade e a autolatria de salomés e beneditinhos espantam as pessoas da Igreja.
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O aspecto mais nojento nas salomés de batina é que querem julgar e condenar idéias sem saber atender nem mesmo aos padrões mais elementares da probidade científica ao descrevê-las. São como um juiz que, ao lavrar a sentença num crime de homicídio por envenenamento, juntasse, ao rigor na aplicação do código, o total desinteresse pelo exame farmacológico da substância ingerida pela vítima.
Códigos e normas, para esses vagabundos, são tudo. Os fatos que se danem.
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A universalidade daquilo que Guénon e Schuon chamam de “metafísica tradicional” deve-se apenas ao fato de que a percepção esquemática da estrutura da realidade é mais ou menos a mesma em todas as épocas e lugares. A tentativa que ambos fazem de explicá-la por uma linhagem de transmissões iniciáticas é absurda e eu mesmo já expliquei isso mil vezes. Por uma coincidência, três semanas antes de que me chegasse o artigo do tal Pe. Joaquim, li e comentei oralmente o seguinte texto que havia preparado para a aula do COF. Ele bem mostra o quanto sou um seguidor de René Guénon :
O culto do Oriente só assumiu as feições de um confronto belicoso mediante as obras e a influência de um personagem tido como uma das encarnações máximas do tradicionalismo reacionário no século XX, cujas contribuições decisivas ao “espírito de 68” são ainda o mais bem guardado segredo de polichinelo que já se viu no mundo.
Refiro-me ao doutrinário francês René Guénon (1886-1951), que terminou seus dias no Egito como devoto muçulmano. Seu livro Oriente e Ocidente, de 1924, sob as aparências de um mero estudo comparativo, é uma verdadeira declaração de guerra, culminando no esboço de um plano para a ocupação cultural e mesmo militar do Ocidente pelas forças orientais, especialmente islâmicas.
Seja por ignorância genuína, seja por astúcia, Guénon reduz a civilização do Ocidente a uma mescla de capitalismo, materialismo cientificista e pseudo-religiões populares. Os últimos resíduos de espiritualidade que ele enxerga nela são a Maçonaria decadente e o catolicismo reduzido a uma perspectiva “exotérica”, já sem contato com as “fontes da Tradição primordial”. Fontes localizadas, é claro, no Oriente, mais especificamente nas regiões da Sibéria Central, da Malásia e do Tibete percorridas por Ferdinand Ossendowski em 1920 segundo a narrativa de Bêtes, Hommes et Dieux onde o famoso explorador conta ter penetrado no santuário subterrâneo do próprio “Rei do Mundo”.
Coincidência ou não, essas regiões são as mesmas onde se concentra a maioria das “Sete Torres do Diabo”, centros irradiadores, segundo o próprio Guénon, de influência diabólica sobre o planeta inteiro.
De todos os sinais da pujança espiritual católica na época — as aparições de Fátima, os milagres do Sto. Padre Pio, o florescimento da vida intelectual católica na primeira metade do século XX —, Guénon nada quis saber. Para ele, tudo o que não tivesse um canal direto com os templos desconhecidos de Agartha e Shamballa era no máximo exoterismo, se não antitradição pura e simples.
Dessa imagem unilateral de um Ocidente espiritualmente devastado, Guénon só via três saídas possíveis: a queda definitiva na barbárie, a restauração da Igreja católica sob a orientação secreta de mestres espirituais islâmicos e a ocupação do Ocidente pelo Islam, seja por invasão cultural, seja manu militari.
Em contraste com o reducionismo caricatural da sua visão do Ocidente, a imagem que ele tinha das civilizações orientais era tão encantadoramente idealizada que ele chegou a proclamar que o bolchevismo jamais penetraria na China, tão sólidas eram as “defesas espirituais” (sic) da tradição chinesa. Não somente penetrou, como instalou ali uma tirania genocida duradoura cuja violência ultrapassou em muito a da União Soviética e países satélites. Um possante magneto nas redondezas deve ter desorientado por momentos a agulha da “bússola infalível” que Michel Valsân acreditou ver em René Guénon.
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É bem possível que a salomé analfabeta funcional não perceba a ironia na expressão “bússola invelível” e veja nesta a prova definitiva de que Guénon é o meu guia espiritual.
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O sonho das salomés é apresentar a minha cabeça numa bandeja e ganhar um lugarzinho especial no paraíso como recompensa. Só que, como dizia Simone Weil, estar no inferno é acreditar, por engano, que se está no céu.
George Rafael Freyre Gomes: Qual livro da Simone Weil o senhor indica para um primeiro contato com seus escritos, professor?
Olavo de Carvalho: L’Enracinement
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Jesus não mandou NINGUÉM infringir o Oitavo Mandamento sob a desculpa de honrar o Seu nome.
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Se esse Pe. Joaquim tiver ainda um pingo, um restinho, um átomo de vergonha na cara, vai reconhecer que errou e me pedir desculpas.
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Pe. Joaquim diz que tem dificuldade de distinguir, no meu texto, as idéias que são minhas e as dos autores que comento. De fato, ele não sabe ler o discurso indireto livre, que no meu tempo se ensinava desde o ginásio. TODA a pseudo-interpretação que ele faz do meu pensamento resulta dessa incapacidade somada a doses mastodônticas de malícia e vontade de posar de santinho em cima da difamação de um inocente.
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É absolutamente impossível você contestar com eficiência uma teoria se primeiro não admite a parcela de verdade que possa haver nela. E não há maneira de você conhecer essa parcela sem impregnar-se da teoria como se fosse da sua própria autoria, até levá-la ao limite em que ela começa fazer água por si mesma, sem que você a force a isso.
Se você tem tanto horror ao veneno que jamais se aproxima dele, simplesmente não desenvolve anticorpos. Fica só xingando enquanto ele o mata.
Foi isso que o Apóstolo disse. Eu estou só parafraseando.
Para mim, esse é o método dos métodos.
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Todo grupo minoritário e perseguido se fecha em si mesmo, pega horror de tudo e enxerga o demônio até nos passarinhos do céu.
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Desistam, fofoqueiros e intrigantes. Não só vou votar no Bolsonaro, como vou trazer para ele mais votos do que vocês, sem fazer um só minuto de propaganda e sem pedir nem aceitar nenhum carguinho em troca.
Espero que esta mensagem chegue aos ouvidos dos filhos da puta.
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Sempre defendi os rad trads, mesmo quando não concordava com eles. Meu saco só estourou quando um deles (não interessa o nome) disse que era preciso salvar a Santa Rússia mediante uma guerra mundial que exterminasse dois terços da humanidade.
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Outra decepção que tive, pequena mas significativa, foi quando, num jogo de futebol que se travava num seminário tradicionalista, um menino, obviamente um retardadinho mental, foi abalroado e derrubado por um padre e exclamou:
— Tomar no cu, pô!
O padre, em vez de rir e cuidar da alma do garoto, ficou indignadíssimo com essa ofensa à sua dignidade sacerdotal e vetou a entrada do menino nos jogos futuros.
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Dizem que o tal Pe. Joaquim é sedevacantista. Um amigo meu diz que ele, na verdade, é cerebrovacantista.
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Confesso que ao ler Sto. Irineu às vezes pulo as partes descritivas e vou logo às conclusões. Não só porque quero ver sangue, mas porque não há nada mais chato e soporífero no mundo do que as doutrinas gnósticas.
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Arnaud-Aron Upinsky fez mais pela Igreja do que todos os tradicionalistas somados.
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A Igreja NÃO se levantará enquanto não absorver, processar e transcender os discursos de seus inimigos, como Sto.
Tomás fez com o de Averroes. Ou ela é Mãe e Mestra, ou é uma pobre vítima das circunstâncias. Bater pezinho é só prova de impotência.
Não estando eu mesmo habilitado a fazer a vasta síntese que supere a confusão contemporânea, vou juntando uns pedacinhos que talvez sirvam de subsídios para o trabalho do futuro Sto. Tomás.
That’s all, folks.
Isto é, se algum teólogo da libertação ou rad trad assanhado não estrangular o santo no bercinho.
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O Pe. Joaquim me macaqueando, fingindo que faz primeiro uma descrição objetiva para só depois julgar, é uma comédia. A descrição que ele faz já é falsa para dar credibilidade aparente a conclusões absurdas.
Muitos padres e bispos — esquerdistas, globalistas e rad trads — ficam fulos de raiva quando alguém atrapalha o seu devotado esforço de destruir a Igreja.
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Quando digo que há uma metafísica comum a todas as religiões — e aliás à maioria das filosofias — o tal Pe. Joaquim imagina (ou finge imaginar) que estou aderindo à doutrina guénoniana da “tradição primordial” e da continuidade das tradições iniciáticas, a qual já demonstrei que não apenas é falsa, mas impossível.
Arthur Danzi: O que Guénon e Schuon pensavam da pessoa real e histórica de Jesus Cristo?
Olavo de Carvalho: Uma dentre muitas manifestações do “Homem Universal”. É foda.
Reconheço que, para os analfabetos funcionais, que jamais perdem a oportunidade de não entender alguma coisa, sou uma tentação irresistível.
Na juventude, vendo, como milhões de católicos no mundo, a debacle da nossa Igreja, resolvi me abrir a todas as tradições espirituais, a todas as filosofias, a todas as correntes ideológicas, ao menos para obter pontos de comparação.
Tendo lido em Samuel Taylor Coleridge a idéia da “suspension of disbelief”, achei que era o método certo não só para a crítica literária, mas para todo tipo de estudos que envolvessem valores e o destino humano. Inspirei-me também em Leibniz, que dizia concordar com tudo quanto lia (e que por isso mesmo, quando montava uma refutação, era arrasador e definitivo).
Isso quer dizer que eu absorvia cada hipótese, cada doutrina, com total abertura e sem nenhuma prevenção, impregnando-me dela como se fosse minha, sem precisar me comprometer intimamente com a sua aprovação ou desaprovação antes de chegar a conclusões irretorquíveis, o que às vezes levava tempo. Fundi até a “suspension of disbelief” com o método Stanislavski que aprendera com o Eugênio Kusnet.
É por isso que já avisei mil vezes que tudo o que escrevi antes dos 43 anos não tem valor nenhum. São apenas lições de casa, das quais só publiquei algumas em edições discretas, quase confidenciais, e que não merecem fazer parte do “corpus” das minhas obras.
Mas até hoje meu método de exposição ainda é esse: descritivo e analítico, nunca dogmático. Para bobocas acostumados a não ler uma linha sem ter imediatamente a coceirinha de aprová-la ou condená-la, ler os meus escritos é um tormento.
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Segundo leio no livro do Malachi Martin, “The Jesuits”, desde os anos 50 do século passado a ordem jesuíta está em guerra contra o papado. Queria destruí-lo e substitui-lo pelo governo das assembléias de bispos. Não o conseguindo, mudou de estratégia e fez o seu próprio Papa.
Amanda Kelly: Já ouvi explicações e mais explicações, truncadas e obscuras, sobre essa miséria moral de ao menos uma parte considerável da Sociedade de Jesus nos últimos tempos.
A de que me lembro diz que, depois que foram expulsos se Portugal pelo marquês de Pombal no fim do século XVIII, refugiaram-se na Rússia czarista, onde foram a origem e/ou foco de propalação de diversos erros doutrinais e se distanciaram de Roma a ponto de não mais reconhecê-la, se embarafundando nos movimentos revolucionários que sacudiram a Rússia durante toda a segunda metade do século XIX. Não sei até onde isso é completamente real.
Olavo de Carvalho: A Companhia de Jesus tem uma história gloriosa, sobretudo de fidelidade ao Papa, e só se corrompeu quando começou a ler os escritos de Karl Rahner. A próxima aula do COF é sobre isso.
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Mais uma salomé de batina. Uma análise mais presunçosa, porém incapaz de distinguir entre descrição e julgamento, e baseada na hipótese pueril de que “sigo” René Guénon e Frithjof Schuon. Durante anos intelectuais cristãos discutiram as doutrinas desses dois, sem nunca perceber que por trás delas havia nada mais que um plano sorrateiro de islamização do Ocidente. Suas críticas à dupla, por isso, permaneceram impotentes. Aí venho eu, coloco pela primeira vez o dedo na ferida, abrindo aos cristãos a possibilidade de uma oposição EFETIVA ao projeto Guénon-Schuon de sobrepor à religião um ecumenismo metafísico personificado por eles mesmos, e quê fazem as salomés de batina? Tentam convencer o público de que sou FAVORÁVEL a esse projeto. Analfabetismo funcional ou canalhice? As duas coisas, sem dúvida.
O autor dessa porcaria, habituado à linguagem teológica e morbidamente inculto em todo o mais, interpreta tudo na única clave que ele conhece, e mostra que não sabe ler um artigo de ciência política, no qual, por definição, a descrição objetiva precede o julgamento e às vezes até prescinde dele. No entender do distinto, cada frase ou idéia de um terceiro deve vir acompanhada de aprovação ou reprovação, como se estivéssemos numa obra de catequese e não num trabalho científico. Com ingenuidade patética, ele confessa que sem isso não entende o que lê: “O autor é bastante descritivo e, por vezes, intercala o pensamento de outros autores com o seu, de modo que nem sempre é fácil discernir se está de acordo ou não. Sendo assim, procuraremos ser descritivos e literais nesta primeira parte para, ao procedermos à crítica na segunda parte, só atribuir a ele o que realmente exprimiu como seu.” Ao mesmo tempo, ele dá a si próprio a liberdade de descrever antes de julgar, sem explicar por que eu não posso fazer o mesmo.
Obviamente ele não está habituado à leitura do discurso indireto, que deveria ser parte da educação ginasial e que todo autor usa em trabalhos de ciência social.
Ele é tão analfabeto que acha que, no meu entender — e não no de Guénon-Schuon — a metafísica é “superior” à religião, tese absurda que eu mesmo já comparei à de considerar a zoologia uma espécie de animal superior aos outros. Daí ele conclui que sou um apologista do ecumenismo, o qual publicamente já declarei ilógico e insustentável.
Mentiroso, salafrário, difamador chinfrim é o que esse sujeito é, empenhado apenas em fazer intriga com linguagem suntuosa de sermão cardinalício.
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A canalhice, na Igreja, não é monopólio da esquerda. Os círculos tradicionalistas não estão isentos dela de maneira alguma.
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Os meios tradicionalistas estão repletos de discípulos dos Veadascos e do Julio Soumzero.
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Leiam o meu artigo e vejam se em algum ponto assumo como minha a tese guénoniada de que a tal “metafísica” é superior à religião. Até mesmo em posts do facebook já expliquei que isso é não apenas errado, mas IMPOSSÍVEL.
http://www.olavodecarvalho.org/as-garras-da-esfinge-rene-guenon-e-a-islamizacao-do-ocidente/
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Dizem que devemos tratar os maus padres com leniência. Mas isso era do tempo em que o máximo de mal que um padre fazia era tocar uma discreta punheta.
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Quem disse o certo foi o Adolpho Lindenberg: a Teologia da Libertação é a síntese de todas as heresias.
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Quem não vê que metade da profecia já se cumpriu?
https://aparicaodelasalette.blogspot.com.br/p/o-segredo-de-la-salette-completo-em.html?m=1
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Fabio Ulanin, sem ter o que responder, se esconde por trás de generalidades. Além de mentiroso e fofoqueiro, é cagão:
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By the way. Nos anos 70, como repórter da “Planeta”, por obrigação profissional assisti a muitos rituais e reuniões ocultistas, e não precisei participar de nada, praticar nada, sujar-me com nada. Sei muito sobre o ocultismo, o bastante para saber que ele é desprezível como espiritualidade mas temível como força destrutiva
Por sugestão do Bruno Gimenes, passarei a chamar o personagem de Báfio Fulanin.
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A gloriosa história da ordem beneditina é bem conhecida. Bem outra é a origem do termo “beneditinho”, o mais apropriado a certos personagens. Remonta a uma velha anedota brasileira. Um bêbado entrou na Igreja, foi direto a uma majestosa estátua de São Benedito e fez um pedido absurdo. Para piorar as coisas, em vez de promessa fez uma ameaça:
— Se não for atendido, volto aqui e encho você de porrada.
O padre, tendo ouvido tudo de longe, temeu pelo destino da estátua, que além de consagrada lhe custara os olhos da cara, e a escondeu no porão da igreja, substituindo-a no pedestal por uma pequenininha. Dali a uns dias, o bêbado voltou e, dirigindo-se ao altar, vociferou:
— Ditinho, vá chamar o seu pai, que eu não bato em criança.
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Quando digo que “os católicos não entendem nada da encrenca em que se meteram”, a razão desse fenômeno é simples: eles querem deduzir tudo da doutrina certa em vez de examinar os fatos incertos. O dedutivismo é a redução da consciência ao automatismo do pensamento. Quanto mais neguinho pensa, mais vai tirando conclusões erradas de premissas certas.
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Por que é que os grandes escritores, os dominadores cabais do idioma, gostam de tudo o que escrevo, e os analfabetos funcionais detestam? A pergunta já contém em si a sua resposta.
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Durante o século XVIII, os teólogos e seminários católicos em peso foram aderindo ao racionalismo cartesiano, abandonando o humilde empirismo tomista. Quando Leão XIII os advertiu de que isso era perigoso, voltaram ao tomismo, mas usando-o à moda racionalista, como premissa da qual tudo se podia deduzir.
Destaco, entre os que não caíram nessa esparrela, o Pe. André Marc, não por coincidência o mais brilhante e o mais desprezado dos filósofos tomistas.
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Este depoimento vale mais do que todos os peidos dogmáticos de salomés e beneditinhos:
Pedro Henrique Medeiros: “(…) Existe um número enorme de pessoas que está voltando para a Igreja através dos palavrões do Olavo de Carvalho. É um coisa extraordinária.” – Pe. Paulo Ricardo
Fonte: aos 34 minutos e 40 segundos do vídeo abaixo:
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Até a minha entrada em cena, os adversários católicos do guénonismo limitavam-se a alegar contra ele os dogmas da Igreja — o que é tão útil quanto tentar matar um tigre acusando-o de não ser um elefante.
A empáfia, a ignorância pétrea, a vaidade e a autolatria de salomés e beneditinhos espantam as pessoas da Igreja.
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O sonho das salomés é apresentar a minha cabeça numa bandeja e ganhar um lugarzinho especial no paraíso como recompensa. Só que, como dizia Simone Weil, estar no inferno é acreditar, por engano, que se está no céu.
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