Por que a sharia deve ser contraposta

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Por Daniel Pipes. Publicado em 8 Agosto 2009.
Arquivo MSM.

Ora, a emissão de hijabs como parte de uniformes na Grã Bretanha não é nada novo – a polícia de Londres começou com isto em 2001, seguida por outras forças policiais, pelo menos uma brigada de incêndio e até a rede de lojas de móveis e decorações Ikea. O que coloca os hijabs da Avon e do Somerset à parte desses outros é a intenção deles não serem apenas para o quadro de muçulmanas devotas, mas também para o quadro não muçulmano, em particular para que o use quando da entrada em mesquitas.

 

Aqueles entre nós que se opõem à sharia são às vezes indagados do porque da lei islâmica apresentar um problema quando as sociedades ocidentais modernas há muito tempo se acomodaram à halakha, ou a lei judaica. Na realidade, este foi um dos principais pontos defendidos por aqueles que sustentavam que a sharia deveria ter um papel reconhecido na resolução da disputa de Ontário em 2005.

A resposta é fácil: Uma diferença fundamental separa as duas. O islã é uma religião missionária, o judaísmo não. Os islâmicos aspiram aplicar a lei islâmica a todos, enquanto os judeus tradicionalistas procuram somente a si mesmos para viverem de acordo com as leis judaicas.

Dois exemplos bem recentes do Reino Unido demonstram o imperialismo congênito da lei islâmica.

O primeiro diz respeito ao Queens Care Centre, um lar e asilo para os idosos da cidade carvoeira de Maltby, 40 milhas a leste de Manchester. No momento, de acordo com o Daily Telegraph, ninguém das 37 pessoas do seu quadro de funcionários nem dos 40 de seus residentes são muçulmanos. Embora a direção do lar garanta o respeito para com as “crenças religiosas e culturais” de seus residentes, Zulfikar Ali Khan, proprietário do QCC desde 1994, por si próprio decidiu este ano mudar as compras de carne para o lar para um açougueiro halal.

Sua furtiva decisão significa que os aposentados do QCC não poderão mais comer seus ovos com bacon, salsichas com purê de batatas, sanduíches de presunto, sanduíches de bacon, tortas de carne de porco, sanduíches de bacon com molho ou salsichas assadas com massas. A mudança causou revolta geral. O parente de um residente chamou a decisão de “uma desgraça. Os idosos que estão no lar no final de suas vidas merecem mais… É chocante que sejam privados da comida que gostam para satisfazer os caprichos deste homem”. Um membro da equipe opinou que “está muito errado que alguém imponha suas crenças religiosas e culturais sobre os outros desta maneira”.

Indagado a respeito de sua decisão, Khan ineptamente respondeu que pediu a carne halal em consideração ao (não existente) quadro muçulmano. Em seguida ele voltou atrás: “Nós iremos encomendar todos os tipos de carnes” e chegou a concordar que crenças religiosas não devem ser impostas aos outros. Seu recuo não convenceu um ex-membro do quadro QCC, que suspeitava que Khan “intencionava servir apenas carne halal no lar, mas teve que repensar devido aos protestos”.

O segundo exemplo a respeito da imposição da sharia sobre não muçulmanos vem do sudeste da Inglaterra. A força policial de Avon e Somerset que patrulha as cidades de Bristol e Bath assim como as áreas circunvizinhas acabou de emitir hijabs para as oficiais do sexo feminino. Os hijabs, distribuídos através da iniciativa de dois grupos muçulmanos e custando £13 cada, vem completo com o emblema do regimento de policiais.

Ora, a emissão de hijabs como parte de uniformes na Grã Bretanha não é nada novo – a polícia de Londres começou com isto em 2001, seguida por outras forças policiais, pelo menos uma brigada de incêndio e até a rede de lojas de móveis e decorações Ikea. O que coloca os hijabs da Avon e do Somerset à parte desses outros é a intenção deles não serem apenas para o quadro de muçulmanas devotas, mas também para o quadro não muçulmano, em particular para que o use quando da entrada em mesquitas.

Rashad Azami da Bath Islamic Society acha “extremamente agradável” que o regimento de policiais tenha tomado esta medida. Uma das sete oficiais não muçulmanas a receber seu próprio hijab, a assistente de chefia, oficial de polícia Jackie Roberts, considera “um acréscimo muito positivo ao uniforme que estou certa será um item bem vindo para muitas de nossas oficiais”.

[A dhimmitude, é o termo Bat Ye’or cunhado para descrever a subserviência à sharia por não muçulmanos. O entusiasmo pelo hijab da assistente de chefia, oficial de polícia Jackie Roberts pode ser chamado de “dhimmitude avançada”].

“Intimidações Hijab” (como David J. Rusin do De Olho no Islâmico as chama) quem coage mulheres não muçulmanas a se cobrirem é apenas uma faceta do islamismo de impor os costumes da sharia ao Ocidente. Outros islâmicos estão focados em impedir o debate não censurado de tópicos como Maomé e o Alcorão ou as instituições islâmicas ou o financiamento do terrorismo; outros ainda empenham-se em colocar escolas, hospitais e presídios pagos pelo contribuinte em conformidade com a lei islâmica, sem falar de motoristas de táxi e piscinas municipais. Seus esforços nem sempre dão certo, mas como um todo, eles estão mudando rapidamente as premissas ocidentais e particularmente a vida britânica.

Voltando à carne de porco: ambos islã e judaísmo abominam a carne suína, portanto esta proibição oferece uma comparação direta e reveladora entre as duas religiões. Posto de forma simples, os judeus aceitam que não judeus comam carne de porco, mas os muçulmanos ficam ofendidos e tentam impedir o consumo de carne suína. Isto, em resumo, explica porque as acomodações do Ocidente à halakha não tem relevância quando se trata da sharia. E porque a sharia como política pública deve ser contraposta.

 

Publicado no National Post.

Original em inglês: Why Shariah Must Be Opposed

Tradução: Joseph Skilnik

 

 

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