Os nazistas, ontem e hoje, e como identificá-los
Por Cristian Derosa
A julgar pelos cancelamentos que exibem o antinazismo exemplar do beautifull people nacional, parece-nos que basta ver um gesto com a mão, uma música de Wagner, certa associação de palavras para descobrirmos um nazista escondido na mídia. Mas se compararmos as crenças nazistas com as ideias hegemônicas em nossos dias, descobrimos que os nazistas vêm literalmente do mesmo lugar do qual brotam os canceladores. Não se trata de analogia, mas uma herança direta de ideias e pessoas.
Não precisamos evocar, como já fizemos, o poder atual de nomes como Klaus Schwab, filho de nazistas, Bill Gates, filho e neto de eugenistas, ou George Soros, colaborador da expropriação de judeus na Hungria por nazistas. Basta que façamos uma simples separação entre aspectos proibidos do nazismo e os permitidos.
Segundo a lei brasileira, é proibido expor símbolos, insígnias e gestos que remetem ao regime nacional-socialista alemão das décadas de 20 e 30. Ou seja, você só não pode ser um nazista nostálgico. O único resultado dessa lei foi estimular o neonazismo juvenil, baseado na mera exposição dos símbolos proibidos, e um certo racismo caricato praticado pelos mesmos grupos étnicos que seriam, hoje, alvos de Hitler. Mas será que isso é mesmo o nazismo?
Afinal, o que deixou o mundo tão horrorizado no nazismo? A suástica e os elementos visuais do regime ou os feitos do governo alemão de então? Como podemos ir além dos símbolos e descrever o nazismo da maneira como ele se apresenta hoje independente de ter ou não uma estética totalitária do século passado?
Em termos gerais, o regime hitlerista perseguiu um grupo étnico (os judeus), inicialmente retirando direitos sociais, depois impondo a demissão de judeus de empresas alemãs, chegando mais adiante à obrigatoriedade da identificação de judeus nas ruas, a estigmatização, que resultava em mais restrições e segregação. Tudo em nome de uma nova humanidade, baseada na pura raça ariana, vista como livre das impurezas. Isso tudo não nos lembra alguma coisa?
Qualquer um sabe que todo o horror da opinião pública por símbolos como a suástica vem dessas atrocidades cometidas na realidade contra pessoas reais e não dos próprios símbolos por si mesmos. Mas a mera proibição destes símbolos produziu um imediato desaparecimento daquelas práticas? Estamos vendo que não e nem faria sentido que fosse assim.
Afinal, não vivemos a exata e literal repetição da perseguição e do estigma contra pessoas não vacinadas contra covid-19? Se o leitor não percebe as semelhanças literais e escandalosas, paremos por aqui. A segregação sanitária tem elementos idênticos aos expedientes nazistas. Restrição a direitos em um grupo que passa a ser identificado por características biológicas (ter sido injetado pela tecnologia exprimental mRNA). Há ainda a exigência de demissão deste grupo, a estigmatização social feita pela mídia: não vacinados são apontados como únicos culpados pela disseminação e agravamento da doença. Em alguns países, separa-se familiares vacinados de não vacinados em nome da saúde pública.
As semelhanças não terminam nunca.
Hitler queria uma nova humanidade, o que tentou implementar por meio da segregação e extermínio. Para se chegar à “cura” da inferioridade (manifestada por doenças), os nazistas entregaram prisioneiros judeus para serem experimentados com drogas pela indústria farmacêutica (Bayer, Farben, entre outras).
Hoje, com a ajuda estimada da mesma indústria por meio de vacinas genéticas, a elite científica quer separar a humanidade nova da antiga, a que teima em não aceitar participar do experimento genético que, coincidência ou não, viola justamente a principal cláusula do Código de Nuremberg.
Os nazistas mataram intencionalmente milhões de deficientes, vistos como um fardo à Alemanha vitoriosa. A saúde era vista como um bem supremo e sinal de superioridade física, mental e espiritual. Mais tarde, a eugenia tentou se desassociar do nazismo trocando a limpeza racial por preocupações com a “saúde pública”. A antropóloga americana Margareth Sanger, em seu livro The Pivot of Civilization, de 1922, ainda falava abertamente que a principal questão de saúde pública passa pelo controle de nascimentos dos mais pobres, vistos como tendo “genes inferiores”. Hoje, defensores do aborto que tem como principal empreendimento a Planned Parenthood, fundada por Sanger, reivindicam justamente o “acesso à saúde sexual e reprodutiva” aos mais necessitados.
Qual o nazismo proibido?
Por acaso é proibido defender abertamente o aborto exclusivo aos mais pobres? Pelo contrário, disfarçados de filantropia, os ativistas estão justamente nos bairros pobres fazendo sua “conscientização” para a morte. É proibido defender o aborto em caso de deficiência? No Brasil, o aborto de anencéfalos já foi aprovado e abriu a porta para a sugestão do aborto de microcéfalos (irão sugerir aborto para mães não vacinadas ou que têm covid-19?). É proibido defender a eutanásia (morte de doentes e incapazes convencidos a morrer)? É proibido classificar pessoas não vacinadas como inferiores biologicamente para justificar a exclusão delas da sociedade?
A resposta a todas estas perguntas é definitivamente não. Mas quando deputados gaúchos decidiram usar símbolos nazistas para denunciar o passaporte sanitário como nazista, foram processados por “apologia ao nazismo” apenas porque portavam os elementos visuais nazistas, não importando o contexto ou a intenção. Isso mostra para que serve a proibição.
O colunista Hélio Schwartsman, da Folha de São Paulo, chegou a defender que os não vacinados perecerão pela “seleção natural”. Como pode ser “natural” se é alcançada pelas vacinas feitas pelo homem? O nome disso é eugenia. Que um judeu como ele defenda o darwinismo no mesmo país que exibe neonazistas nordestinos, não é nada estranho no Brasil. O que espanta é que todos os elementos nazistas estejam sendo postos em prática por personagens públicos historicamente ligados ao lado nazista e venha deles próprios as acusações de nazismo contra conservadores e cristãos, os mesmíssimos alvos do totalitarismo de sempre.
Mas além da segregação e do ódio a pobres e deficientes, outras crenças e costumes foram trazidos pelo nazismo e se arraigaram na cultura popular, sendo difíceis de ser identificados. Elementos esotéricos, naturalistas e ambientalistas, por exemplo, modismos praticamente indissociáveis da cultura pop atual, tiveram um papel fundamental na crença nazista.
Sabemos que os nazistas defendiam a superioridade da raça ariana, mas pouca gente fala sobre o motivo dessa crença. A esquerda, em geral, gosta de colocar essa crença como algo arraigado no povo, aliado a certo conservadorismo e até cristianismo. Quem acredita nisso está completamente fora da realidade e não sabe absolutamente nada sobre nazismo. Vejamos.
A ideia racial nazista é produto da mescla de três crenças:
1. “Deuses alienígenas” que segundo acreditavam, teriam descido no Cáucaso (origem dos povos indo-europeus) e dado origem à mitológica terra da Atlântida. Para eles, esse povo ET teria cometido o “pecado” de se misturar com os “terráqueos” que viviam na Índia, dando origem à raça ariana. Ou seja: a superioridade racial dos arianos se devia ao fato de serem descendentes de alienígenas.
2. Esoterismo: a raça alienígena teria vindo de uma galáxia com um “sol negro” (Schwarze Sonne), uma alusão que está presente no símbolo da SS nazista, formada por duas letras de origem nórdica repetidas (letra sig). A suástica era um símbolo da cultura indiana, mas os nazistas viam nela uma herança da mistura dos “alienígenas arianos” com os nativos e passaram a utilizá-la como símbolo do “sol negro”, um símbolo do neopaganismo que pode ser interpretado como oposição a Cristo, que na simbologia cristã é representado pelo Sol. A simbologia nazista é repleta de referências esotéricas que diziam muito à elite ocultista e maçônica da época. A publicação da “suástica sinistrógira”, por exemplo, como se girasse à esquerda, indicava a escola ocultista chamada “braço da mão esquerda”, via gnóstica que buscava a purificação mediante a destruição, oposto ao “caminho da mão direita”, via que buscava a purificação por caminhos ascéticos. Os dois lados são faces da mesma escola ocultista que dominou o ocidente a partir do final do século XIX. O tenebroso Himmler era o líder ocultista que conduzia rituais dentro do castelo de Wewelsburg, onde havia uma sala com um sol-negro no centro.
3. Bode-expiatório: da mistura pseudo-cientificista do darwinismo com a ufologia esotérica, vieram os desejos de eliminar toda e qualquer raça não-ariana, vista como evolutivamente inferior. A civilização descendente desses “ETs” era tão superior que todas as outras raças e culturas deveriam perecer, o que explica o envio de padres católicos e membros de outras religiões e ideologias alheias à Alemanha para campos de concentração. Mas por que os nazistas se concentraram nos judeus? O desafio de eliminar todas as raças era difícil demais e precisava de uma proposta que fosse amplamente aceita e popular. Já existia uma tensão na Alemanha com os judeus desde pelo menos o século XIX. Mas com a publicação de Karl Marx sobre a questão judaica, muitos alemães viram o que precisavam: os banqueiros judeus eram os responsáveis por deixar “o povo alemão pobre”, um elemento perfeito para ser usado pelo populismo de Hitler em um período de grande pobreza e sentimento de humilhação no país devido o Tratado de Versalhes.
Agora me responda: ufologia, esoterismo, crença num culpado pela pobreza, defesa da eliminação de um grupo visto como causador de doenças e culpado. Algo disso é, hoje, proibido? Para uma grande parcela da imprensa, que convence a população diariamente, os não vacinados são inferiores e devem ser excluídos da vida social, assim como fetos defeituosos são vistos como inferiores e por isso mereceriam a morte, enquanto elementos da cultura ocidental vão sendo vistos como “racistas” e devem ser destruídos em nome de uma “nova humanidade”.
Não temos mais Hitler, mas temos Bill Gates.
A nova humanidade defendida por Hitler, que devia ser alcançada pela segregação, exclusão e morte, mas não prescindiu de experimentos genéticos, não é apenas análoga à nova humanidade pretendida pelos transumanistas das vacinas genéticas, que a pretexto de uma nova imunidade, querem excluir a velha raça dos não vacinados. A diferença é que o novo reich globalista não pode ser descrito sob os mesmos termos sem virar alvo de processo por “falsa imputação de crime” ao associar ao nazismo do século passado, cuja evocação meramente estética ainda é proibida, concedendo ao sistema uma falsa aura de normalidade democrática.
Publicado em Estudos Nacionais.
Cristian Derosa é jornalista e escritor. Mestre em Fundamentos do Jornalismo pela UFSC e autor dos livros: “A transformação social: como a mídia de massa se tornou uma máquina de propaganda”(2016), “Fake News: quando os jornais fingem fazer jornalismo”(2019) e “Fanáticos por poder: esquerda, globalistas, China e as reais ameaças além da pandemia” (2020). Cofundador e editor-chefe do site Estudos Nacionais e editor adjunto do jornal Brasil Sem Medo. Aluno de Olavo de Carvalho desde 2009.