Sobre a Ucrânia, OTAN, EUA, comediantes e ambientalistas

Por Dennis Prager

0

Nº 1: A desculpa da OTAN

Uma explicação oferecida amplamente para a invasão russa da Ucrânia é que a Rússia – que neste momento significa essencialmente o presidente Vladimir Putin – teme a expansão da OTAN para suas fronteiras, especialmente a Ucrânia. O argumento é muitas vezes apresentado como uma analogia: como os EUA reagiriam se o México tivesse um pacto de defesa mútua com a Rússia e recebesse armas da Rússia?

Uma segunda explicação é que a Rússia é “paranóica” por ter sido devastada pelas invasões da França de Napoleão no século XIX e da Alemanha de Hitler no século XX. Esta foi a desculpa que muitos criadores de desculpas profissionais deram para o abate, da parte da União Soviética – sem qualquer aviso – do voo 007 da Korean Air Lines em 1983, matando todos os 269 passageiros e tripulantes.

“Os russos são paranóicos” tornou-se uma explicação generalizada. Seymour Hersh, o mais conhecido repórter investigativo do New York Times por décadas, escreveu um livro sobre o abate do KAL 007. Conforme descrito em uma resenha do livro publicada no The New York Times em 1986, “do lado soviético, escreve o Sr. Hersh, havia paranóia”.

Quando eu era estudante de pós-graduação no Instituto Russo da Universidade de Columbia, encontrava regularmente a explicação “paranóica” para as políticas soviéticas/russas. Pareceu-me então, e ainda mais agora, algo patológico ou falso, ou ambos. A Rússia é de longe o maior país da Terra, abrangendo aproximadamente a nona parte de toda a superfície terrestre. Quando esse fato é combinado com o vasto armamento nuclear da Rússia, a explicação da “paranóia” para a agressão russa torna-se absurda.

Fica ainda mais absurdo quando se considera os países que a Rússia supostamente teme que a invadam. Qual dos países da fronteira ocidental – Letônia, Estônia, Lituânia, Moldávia, Bielorrússia, Ucrânia – provavelmente invadirá a Rússia? Todos eles não foram invadidos pela Rússia? Cada um deles não deveria ser paranóico?

Daremos fim à discussão “paranóica” com esta regra da história: de um modo geral, as guerras são entre dois estados policiais, ou entre um estado policial e um estado livre. Neste último caso, são quase sempre iniciadas ou provocadas pelo estado policial. A Rússia não tem nada a temer de seus vizinhos. Seus vizinhos têm muito a temer da Rússia.

Nº 2: A América está observando, não intervindo.

Não conheço nenhum americano, de direita ou de esquerda, que tenha pedido o envio de militares dos Estados Unidos para a Ucrânia. Mas todo americano deveria se sentir péssimo — moralmente e como americano — com a América sentada assistindo à primeira grande invasão de um país pacífico desde Hitler e Stalin. Uma razão é que, desde a Segunda Guerra Mundial, as nações mais fracas do mundo mantiveram a esperança de que, caso fossem atacadas por uma nação mais forte, os americanos viriam em seu auxílio.

Os EUA estão ajudando a Ucrânia com armas e sanções econômicas, mas enquanto vejo a pacífica Ucrânia ser devorada pela agressiva Rússia, não posso deixar de pensar que parece que o mal triunfará – e levará a mais mal na Terra. Nunca concordei com a frase descartável: “A América não é a polícia do mundo”. O mundo não precisa de uma polícia? E se não é a América, quem seria? China? Rússia? A ONU?

Se o menino mais forte da escola, aquele a quem os meninos e meninas mais fracos procuravam para proteção, decidisse um dia só observá-los ao invés de protegê-los, enquanto eram espancados pelo valentão da escola – mesmo que houvesse uma boa razão para a falta de intervenção -, não seria um dia muito triste? E não afetaria a forma como o protetor vê a si mesmo?

A maioria dos americanos se vê como protetores dos fracos contra as nações valentonas. Essa é a primeira vez em nossa vida que a América abandonou esse papel.

Nº 3: Um comediante é o líder político mais corajoso do mundo.

Por consenso geral entre a mídia mundial e as nações do mundo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, é o líder mais corajoso do mundo hoje.

Para muitas pessoas, isso é particularmente notável, pois a formação profissional de Zelenskyy é a de comediante. Parece incrível para a maioria das pessoas que um comediante se torne o líder mais inspirador do mundo.

Essa, é claro, foi a razão pela qual muitos desprezaram Donald Trump quando ele concorreu à presidência: “Ele não tem experiência política, é apenas um ricaço do ramo imobiliário”. No entanto, ele também acabou por ser o líder mais corajoso do mundo. Haters honestos de Trump devem pelo menos reconhecer sua coragem – assim como os apoiadores devem reconhecer a falta de “filtro” entre seu cérebro e sua boca.

Foi Trump quem teve a coragem de exigir que nossos aliados da OTAN cumprissem suas obrigações em relação aos seus gastos militares. Ironicamente, graças a Putin, os países da OTAN estão finalmente fazendo isso. Foi Trump quem descobriu um deep state corrupto em quase todas as grandes instituições governamentais americanas. Foi Trump quem bateu de frente com a grande mídia, considerada por metade da América algo apenas um pouco melhor do que o Pravda, o jornal soviético. Foi Trump quem teve a coragem de fazer o que se pedia, presidente após presidente, e Congresso após Congresso, mas nunca foi feito: transferir a embaixada americana em Israel para a capital de Israel, Jerusalém. Ele fez isso apesar da oposição de quase todos os líderes mundiais e de seu próprio Departamento de Estado. Se isso não é coragem, o que é?

E continua sendo um fato que Putin não invadiu a Ucrânia enquanto Trump era presidente. Putin temia Trump. Nem Putin nem ninguém teme o presidente Joe Biden.

Portanto, não é de surpreender que um comediante seja o líder mais corajoso do mundo. É surpreendente que as pessoas ainda pensem que uma longa vida de carreira política produza líderes. Biden é um político vitalício e, como mostrou seu comportamento durante o COVID-19, pode muito bem ser o presidente menos corajoso da história americana.

Nº 4: Os ambientalistas ocidentais tornaram a invasão possível.

É extremamente provável que os ambientalistas americanos e europeus tenham tornado possível a invasão russa da Ucrânia. Sob Trump, a América tornou-se independente de energia e foi capaz até de fornecer energia à Europa. Mas o movimento ambientalista, que domina o Partido Democrata e quase todos os países da Europa Ocidental, fez da Rússia o principal fornecedor de gás natural para a Europa, e especialmente para o país mais importante do continente europeu, a Alemanha.

O movimento ambientalista usa as “mudanças climáticas” para atingir seus objetivos principais: desfazer as bases econômicas do Ocidente, remodelar o modo de vida ocidental, desmantelar o capitalismo e transferir riqueza para o Terceiro Mundo. Eles perseguirão esses objetivos a qualquer custo – seja a inflação paralisante, os apagões de energia, até mesmo o fortalecimento da Rússia e da China.

Se você realmente acredita que a mudança climática representa uma “ameaça existencial” para a vida humana, não há preço muito alto a pagar para eliminar a energia baseada em combustíveis fósseis. Isso inclui capacitar e enriquecer os homens maus.

 

Dennis Prager, escritor, apresentador de rádio e articulista, é fundador da Prager University.

Publicado no Townhall.
Tradução: Editoria MSM

© 2022 MidiaSemMascara.net

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.