“Nova Rússia” de Putin: em plena derrocada moral e sanitária

Por Luis Dufaur

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Vladimir Putin (foto) anuncia em continuidade novas iniciativas armamentistas  que vão lhe custar dezenas de bilhões de dólares contra inimigos que poderia apagar da face do mundo em qualquer parte do planeta com um poder arrasador.

Mas cortou subsídios fundamentais para combater doenças na Rússia, como há tempos denunciou Paul Goble, especialista em questões étnicas e religiosas da Eurásia.

Uma das consequências foi o crescimento galopante das epidemias no país e nos territórios ocupados por homens armados a serviço do Kremlin.

Nenhuma notícia fala que a epidemia de HIV tenha diminuído, mas a fumaça informativa a respeito da expansão do Covid-19 ocupou todas as atenções, com fake news, oficiais ou não, e com o fiasco da “primeira e melhor” vacina contra o vírus chegado da China: a Sputnik V.

Para a Organização Mundial da Saúde, que não esconde sua simpatia pelas vacinas russas e chinesas, a aprovação da Sputnik V está suspensa até não se saber qual data, segundo o jornal La Nación.

Para consumo ocidental, o presidente russo se pavoneia como grande líder da saúde, da moralidade e até do cristianismo ortodoxo do antigo império dos czares. Na prática, nada faz contra a expansão das perversões sexuais e outros vícios morais.

O resultado dessa política de propaganda do “triunfo moral” da “Nova Rússia” de que falou Goble, é que de acordo com dados de Vadim Pokrovsky, chefe do Centro Federal para a Prevenção e o Combate ao AIDS, o número de pessoas infectadas com AIDS estava crescendo 10% ao ano na “federação” russa.

Simultaneamente, é de causar calafrios o silêncio repressivo da informação sobre o Covid-19, as assustadores filtragens informativas dos hospitais russos e o pavor da população, dada a possibilidade de ser vacinada com a Sputnik V.

O regime de Putin age com indiferença ante a disseminação generalizada das epidemias. Deploráveis vícios herdados da baixa moralidade do clero ortodoxo e do ateísmo comunista continuam consumindo a população.

O aborto livre e gratuito desde o início da Revolução comunista de 1917, foi restringido por exigência do Exército Vermelho. Esse não consegue mais preencher as vagas dos quartéis pela carência de juventude.

O divórcio é uma simples declaração diante de um funcionário do Estado e é aprovado pela Igreja Ortodoxa.

O abuso do álcool e da droga abaixa a expectativa de vida masculina à faixa dos 50 anos e Putin favorece a redução de preços e qualidade da vodka para manter satisfeita uma população desmoralizada.

Após a queda da URSS, a população diminuía por volta de um milhão por ano, até que a bonança trazida pela alta do petróleo atraiu pessoas das ex-repúblicas soviéticas.

Agora, com as sanções econômicas ocidentais, essa tendência está se revertendo.

Há miseráveis nas ruas, enquanto Putin promete gastar dezenas de bilhões em sonhos de grandeza militar.

Segundo os especialistas, os números reais das epidemias seriam várias vezes maiores que os apontados pelo governo.

O consumo ilegal de drogas está largamente espalhado, mas Putin é apresentado pela propaganda oficial como o Carlos Magno vindo do Oriente para salvar a família e a civilização cristã.

Segundo Pokrovsky, “cerca de 20% dos drogados estão infectados” com HIV/AIDS. Os homossexuais adultos têm em média mais de 20 parceiros, e as mulheres, por via de prostituição, até “centenas”.

Pokrovsky está sendo acusado por membros do governo de “agente estrangeiro” pelo mero fato de ter divulgado os números oficiais.

Ele denuncia que o regime não cuida das epidemias e afirma que só uma pregação moral poderia mudar as coisas. O suicídio atinge patamares altíssimos em decorrência da decadência moral.

Há quem diga que a solução viria da promoção dos valores tradicionais da igreja ortodoxa russa.

Já o apostolado da Igreja Católica, acusada de ser uma ONG a serviço dos inimigos externos da Rússia, sobrevive sob as ameaças da administração Putin e da obsessão exclusivista do Patriarcado (ortodoxo) de Moscou.

O resultado trágico está ali, sob o regime de Putin, proclamado pela propaganda do regime como defensor da moral, da religião, da família e dos valores tradicionais.

 

Luis Dufaur, escritor, edita, entre outros, o blog Flagelo Russo, no qual o presente artigo foi publicado originalmente.

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2 Comentários
  1. Chauke Stephan Filho Diz

    Hummm…

  2. Marcelo Diz

    E o pior é que muita gente cai no papo furado que esse cara é um paladino dos bons costumes e que a Rússia é um país altamente tradicionalista, uma piada sem graça.

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