Os infiltrados
Por Jeffrey Nyquist
Infiltrado: substantivo – uma pessoa que secretamente se torna parte de um grupo a fim de obter informações ou influenciar a maneira como o grupo pensa ou se comporta.
Dicionário Cambridge
Eles se parecem com você. Eles falam como você. Presume-se que pensam como você. Só que eles não são em nada como você. Eles são os infiltrados. Seu trabalho é se infiltrar em uma agência, em um partido político, en um laboratório médico ou na Casa Branca. Na verdade, nossa sociedade foi infiltrada em muitos níveis; mas quem se preocupa em notar? Alguns infiltrados são designados para abordar pessoas importantes: empresários, políticos, locutores, burocratas de alto escalão. Se a pessoa em questão for importante o suficiente, infiltrados sobem das tábuas do assoalho, através do teto e das quatro paredes. É infiltração por cerco.
O infiltrado pode ser um agente do FBI, um operador político ou um espião enviado por um serviço de inteligência estrangeiro. Pode até haver infiltrados que são os três ao mesmo tempo. Enquanto você cuida de seus negócios, trabalhando por uma América melhor, por eleições livres e justas, pela verdade no governo, etc., o infiltrado tem uma agenda diferente.
Além de ganhar sua confiança, o infiltrado também está avaliando suas fraquezas, sua ingenuidade, seu conhecimento. O infiltrado quer saber seu nível de consciência situacional. Em termos de avaliação do terreno, ele quer saber três coisas:
Existe algo pelo qual você trapacearia ou mentiria?
Você pode ser lisonjeado ou subornado?
Quais as mentiras você está pronto para engolir?
É neste último ponto que eles atuam; pois se eles conhecerem seus pontos cegos e que tipo de informação você está procurando, eles podem jogar com seus preconceitos. Um infiltrado fornecerá informações pelas quais você é grato. Mas são informações que irão desacreditá-lo aos olhos dos outros, irão te comprometer, desperdiçar seu tempo ou levá-lo ao perigo.
Ao elaborar uma narrativa falsa, o infiltrado não trabalha sozinho. Ele é apoiado por uma rede de especialistas e consultores. Para obter credibilidade, o infiltrado também trabalha com outros infiltrados; isto é, trabalham em grupos ou equipes. Eles sabem que as pessoas vão confiar e acreditar em uma narrativa que vem de várias fontes. O viés de confirmação faz o resto.
Segundo a Wikipedia, “viés de confirmação” (confirmation bias) é a “tendência de pesquisar, interpretar, favorecer e lembrar informações de uma forma que confirme ou apóie as crenças ou valores anteriores”. O viés de confirmação inclui “ignorar informações contrárias”. Há também outro fenômeno mais sutil. É o ciclo de feedback (feedback loop). Quando a desinformação é passada por um infiltrado e as pessoas a rejeitam, o infiltrado espelha a desaprovação registrada por outros e recua. A desinformação não aceita é então remodelada ou recebe nova embalagem, na forma em que o público-alvo irá aceitá-la.
O maior obstáculo para o infiltrado é uma pessoa honesta. Há um velho ditado que diz “você não pode enganar um homem honesto”. Do ponto de vista do infiltrado, existem dois tipos de pessoas: (1) existem pessoas que pensam e fazem perguntas porque se preocupam com a verdade; (2) existem pessoas que não se importam com a verdade, que deliberadamente colocam certas questões de lado, pensando apenas no ganho pessoal. O infiltrado prefere o segundo tipo ao primeiro.
A criança chata que pergunta à mãe “por quê?” está tentando entender o mundo. O mesmo pode ser dito sobre os adultos que estão sempre fazendo perguntas. O infiltrado não gosta de perguntas de sondagem. Em vez disso, o infiltrado cria uma névoa espessa ao seu redor. Todos na vizinhança de um infiltrado pensam que sabem o que está acontecendo; mas ninguém pode realmente entender isso. O infiltrado gosta de ofuscar e lançar sementes de suspeita. O infiltrado quer deixar as pessoas desconfiadas. Melhor fazê-los confiar apenas no infiltrado e naqueles que se juntaram à equipe do infiltrado.
É política do infiltrado chutar os buscadores da verdade para a sarjeta. Muito do que acontece na política moderna pode ser explicado por um processo que elimina pessoas curiosas, honestas e inteligentes. Assim, o infiltrado depende do trabalho em equipe. Os infiltrados não vêm como espiões sozinhos, mas aos batalhões. Cada um trabalha de um ângulo diferente. Eles despejam as mesmas mentiras no ouvido de todos. Eles iniciam campanhas de sussurros. Eles inventam informações e avaliações depreciativas de pessoas curiosas, honestas e inteligentes. Eles podem atacar as qualificações, lealdade, julgamento ou sobriedade da pessoa questionadora. Uma palavra má de dois ou três infiltrados, e pessoas curiosas, honestas e inteligentes não são contratadas. Elas não são ouvidos. Elas são, no final, condenados ao ostracismo. Quem então é contratado? As pessoas inquestionáveis, desonestas e superficiais – a própria matéria-prima do Estado Profundo.
Há um curioso fenômeno sociológico que acontece quando uma equipe de infiltrados vai trabalhar. O alvo de sua infiltração – seja no Salão Oval ou em uma agência de inteligência – é gradualmente preenchido por pessoas que nada questionam, desonestas e superficiais. Não é por acaso que a maioria dos principais funcionários da América se enquadra nessa descrição. Vimos, por exemplo, o repugnante desempenho do general Mark Milley no Congresso outro dia. Quando questionado sobre doutrinar as forças armadas com a Teoria Crítica da Raça, ele afirmou veementemente que o Capitólio foi assaltado em 6 de janeiro por “milhares de pessoas” tentando “derrubar a Constituição” por causa da “raiva branca”.
A defesa bajuladora da parte do Gen. Milley à esquerda marxista do Pentágono atraiu o seguinte comentário de Tucker Carlson: “Ele não é apenas um porco, ele é estúpido.” Para ser mais preciso em nossa análise, o Gen. Milley carrega as marcas de alguém em dívida com infiltrados; pois ele repete alegremente a propaganda inimiga destinada a dividir e desmoralizar nosso país e as forças armadas; e ele o faz sem pensar, sabendo que suas promoções anteriores foram obtidas por uma subserviência da mesma mentalidade. É um tipo especial de estúpido a usar a farda com quatro estrelas em cada ombro, e fazer uma narrativa de massa comunista. A pergunta deve ser: Quem promoveu, de categoria em categoria, esse fantoche de quatro estrelas na farda?
O trabalho do infiltrado é promover o incompetente, o obsequioso e o covarde. Todos nós nos lembramos do slogan: “É preciso uma aldeia”. Neste caso, “É preciso um idiota útil”. O caráter desse tipo de pessoa não é competente, franco ou corajoso. O infiltrado sabe contra quem lançar uma campanha de sussurros, a quem elogiar e onde lançar suspeitas. Se uma pessoa tem um fraco por dinheiro, se seu ego precisa de um incentivo, se ela nutre ambições inadequadas, o infiltrado pode fisgá-la e envolvê-la.
Nossa sociedade tem sido fácil de infiltrar. Essa infiltração produziu, ao longo de muitos anos, uma deformidade moral peculiar em nossa classe dominante. Aqueles que têm uma aparência exteriormente plausível, mas não têm substância interior, tendem a subir. Aqueles que têm princípios, que falam a verdade, são – com muita frequência – o estranho de fora. Nós nos perguntamos por que os problemas do país não são tratados de forma adequada, por que os avisos não são recebidos, por que os mocinhos sempre parecem perder. Bem, o que penso é: precisamos procurar os infiltrados. Sim, eles estão lá. Na verdade, eles estão por toda parte.
Na próxima semana, vamos nos aprofundar nesse pântano aberto.
Jeffrey Nyquist, autor de obras como ‘The Origins of The Fourth World War’ e ‘O Tolo e seus Inimigos’, é expert em estratégia e formado em sociologia política pela Universidade da Califórnia.
Tradução: Editoria MSM