Pesca criminosa chinesa ataca América do Sul
Por Luis Dufaur
A América do Sul caiu nas redes das grandes frotas de pesca criminosa da China. Em 2020, uma delas, com cerca de 300 barcos, atravessou o Estreito de Magalhães e, posteriormente, ficou rondando as Ilhas Galápagos, no oceano Pacífico.
O site Defesanet, da Marina brasileira, difundiu uma análise em novembro 2020 com o título Pesca Ilegal na América do Sul: pontos de atenção e dilemas. A agência estatal alemã Deutsche Welle (DW) publicou Aliança Sul-americana contra a pesca estrangeira ilegal no Pacífico.
Frotas majoritariamente chinesas, procuram litorais menos fiscalizados como os da África. Mas quando foram detectadas e controladas, vieram com mais frequência a depredar o Sul do Atlântico e do Pacífico, denunciou o site Mar Sem Fim.
Pescar em águas internacionais não é proibido, mas com frequência essas frotas avançam nas zonas econômicas exclusivas, mais perto da terra, onde os recursos são mais abundantes, mas pertencem aos países costeiros. Então é atividade ilegal, pirata, e inescrupulosamente predadora.
“A pesca ilegal, não regulamentada e não reportada nas águas sul-americanas vem representando um desafio para a manutenção da soberania dos países costeiros sobre suas Zonas Econômicas Exclusivas e seus recursos”, afirma o Defesanet.
Em outubro de 2020, numa operação conjunta das Marinhas do Brasil e da França, foram confiscadas 7 toneladas de peixes pescadas ilegalmente pela China.
Enquanto depreda clandestinamente os recursos dos países, Pequim oferece investimentos fortes e suspeitos aos políticos da região.
A China prefere usar o porto de Montevidéu, no Uruguai, e os de Chimbote e Callao, no Peru, como bases logísticas para seus pesqueiros.
As ilhas Galápagos pertencem ao Equador e são um santuário marinho protegido da pesca ilegal no Pacífico. Mas nos últimos anos, uma grande frota pesqueira majoritariamente chinesa, desenvolve atividades suspeitas, para dizer pouco, nas zonas limítrofes às águas jurisdicionais do Equador.
Depois de protestos, a China anunciou que cessaria a pesca nas Galápagos. Foi só retórica. Um dia depois a Marinha do Equador detectou que não havia 260 barcos com a estrela marxista como se temia, mas 340, segundo a Deutsche Welle.
Logo prosseguiram para o sul rumo a águas peruanas.
Os mesmos problemas acontecem com todos os países da região.
Não faz muito tempo, a Argentina prendeu um pesqueiro chinês que atuava em suas águas territoriais e se afundou deixando a suspeita de querer ocultar sua verdadeira atividade.
Já são numerosos os barcos piratas chineses presos, tendo vários preferido se afundar antes que pagar a multa ou que documentação sensível de atividades não pesqueiras caia na mão do país cujas águas invadiram.
As frotas chinesas contam com quase 17 mil embarcações espalhadas pelo mundo todo e são responsáveis por 40% da pesca em todo o planeta. Depois que a frota chinesa cruzou o Estreito de Magalhães e subiu a costa do Chile e Peru, a Deutsche Welle diz que os Estados Unidos alertaram as autoridades peruanas que protestaram. A diretora da Oceana Chile, Liesbeth van der Meer, disse que nos anos anteriores centenas desses navios estiveram localizados bem na orla dos parques marinhos Juan Fernández e Nazca, informou Mar Sem Fim. Liesbeth acrescentou que “estamos seguindo cuidadosamente a rota e comportamento da frota chinesa nesta parte do mundo, e que visa a captura de espécies de importância comercial, com uma capacidade pesqueira gigantesca”.
A estratégia chinesa é conhecida: seus barcos desligam os aparelhos de localização quando entram em águas que lhes são proibidas. Trocam frequentemente o nome dos pesqueiros. E, ao mesmo tempo, firmam acordos com países da região para usarem seus portos que lhes servem de pontos de apoio.
As frotas ilegais atuam sobre tudo na região sul da costa brasileira mais rica em biomassa pesqueira, favorecida pela corrente fria das Malvinas rica em nutrientes.
Do blog Pesadelo Chinês.