Felipe Neto é uma nulidade. Mas o flagrante que ele sofreu me faz lembrar lições de Theodore Dalrymple sobre essas pessoas que adoram exibir “virtudes” em praça pública.
A exibição pública de “virtudes”, na maioria esmagadora dos casos, é apenas o sinal de uma mente extremamente vaidosa, egoísta e, no limite, com tons de sociopatia.
O fariseu que orava em voz alta no templo, um hipócrita flagrado e registrado no livro de Lucas, renasceu em nosso tempo na pele da subcelebridade de internet tacanha e moralista.
É o youtuber que proclama ao mundo sua “preocupação com o próximo”, que vive sacando do bolso o mantra da “empatia”, apenas para obter o direito irrestrito de patrulhar qualquer um que ouse discordar de qualquer coisa que ele diga.
É claro que não há virtude alguma orientando a narrativa de Felipe Neto, que é apenas um peão à serviço da agenda global do lcockdown, do medo e da histeria. Ele defende o medo e a rendição como se isso fosse um ato de superioridade moral.
Em “A Vida na Sarjeta” Dalrymple relatou que se sente impelido a combater essa “atmosfera confortável de retidão, de santidade tão facilmente, sem custo ou esforço” por jornalistas, celebridades e políticos cujo método é o puro sentimentalismo.
Desconfie sempre de quem age dessa maneira: proclamando suas virtudes em público. A virtude é sempre discreta.
E desconfie de quem enfrenta questões complexas com o sentimentalismo tóxico do qual Dalrymple fala em sua obra.
Felipe Neto representa a geração tão bem descrita em “Nossa Cultura ou o que restou dela”: um homem infantilizado, autoritário, que acredita que a felicidade é um direito político, e que sentir-se ofendido equivale a estar certo.
E, como uma criança, tudo exige, mas se revela um “cético”, um “questionador” e, no limite, um “niilista”, quando alguém fala em sacrifício, dever e responsabilidades.
Desconfie de homens infantilizados, que confundimos até com adolescentes, pois deles é o reino da danação.
Thiago Cortês é sociólogo e jornalista.
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