A Agenda 2030 e o marxismo da “teologia” da Missão Integral: notas rápidas
Por Fabio Blanco
A agenda 2030 é um plano de ação, promovido pelas grandes forças globalistas, que promete transformar o nosso mundo (segundo a visão deles) em um lugar quase perfeito. Sua proposta é ousada e, convenhamos, impossível, mas, segundo suas próprias definições, perfeitamente exequível.
Quando lemos as ODS (objetivos de desenvolvimento sustentável), a primeira impressão que temos é tratar-se de uma redação ginasiana. Sim! O texto, escrito sob a chancela das maiores autoridades globais, soa como um escrito de uma garotinha de 10 anos, que não tem a mínima ideia de como funciona o mundo e sobre a complexidade das coisas.
A proposta da agenda 2030 fala em erradicação da pobreza, em desenvolvimento sustentável, em igualdade de acesso à riqueza, educação igualitária, igualdade de gênero, paz mundial, preservação do ambiente, distribuição de terras, racionamento da distribuição de alimentos e tantas outras coisas que, no papel, podem parecer louváveis, mas que, na prática, não passam de utopia juvenil.
No entanto, é exatamente nessa impossibilidade do proposto que reside todo o perigo. Isso porque a questão não é se o que eles pretendem fazer pode ser feito, mas se eles acreditam que pode ser feito. Porque se eles acreditarem na possibilidade da implantação do que propõem, podem até não conseguir fazer nada do que dizem, mas irão causar bastante problemas tentando.
Até porque tudo o que está desenhado ali exige uma mão forte dos poderes estatais. Subjacente à utopia, está a necessidade de um dirigismo completo, de uma planificação total. Não há espaço para a livre iniciativa, no sentido pleno dessa expressão. O Estado precisa estar presente em tudo, fiscalizando tudo, direcionando tudo.
O totalitarismo da Agenda 2030 é evidente. Nas próprias palavras expostas na apresentação do projeto, fica claro que, na concepção deles, não há espaço para oposição, nem dissensão. Segundo afirmam, o que eles estão delineando é “uma lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas”. Isso quer dizer que ninguém terá o direito de ficar de fora: nem você, nem eu, nem quem não se sentir empolgado por ingressar nessa viagem.
Aliás, isso não é novidade na história. Após a revolução bolchevique, o que mais a União Soviética experimentou foram seus planos quinquenais, decenais etc. O governo simplesmente decidia que em tantos anos o país tinha de atingir tais e quais metas e, assim, colocava o povo para trabalhar nesse sentido. E quem não concordasse e não quisesse participar desse direcionamento, vocês já sabem…
O que está se apresentando para todos nós com essa agenda 2030 é exatamente a mesma coisa. Os grandes poderes estão tentando enfiar goela abaixo de todo mundo uma proposta de civilização. E, como eles mesmos afirmam, é algo para todos seguirem. A pergunta, portanto, inescapável, é: o que será de quem não quiser segui-la?
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Mesmo afastado das questões religiosas, fui convidado a falar sobre a Teologia da Missão Integral (movimento protestante que se apresenta como uma alternativa à cultura evangélica tradicional) e sua relação com os movimentos de esquerda.
A pergunta básica que me fazem é: a Teologia da Missão Integral (TMI) é marxista?
A verdade é que os personagens proeminentes do movimento, em geral, camuflam suas influências marxistas. Fazem isso por meio de uma linguagem diversionista, aproveitando-se das expressões e imaginário cristão e da linguagem bíblica.
Quando, porém, observamos os pioneiros da Teologia de Missão Integral, que é um movimento que nasce no auge de Guerra Fria, entre as décadas de 50 e 60, sua linguagem é muito mais explícita. Aqueles pastores e líderes falavam abertamente contra o capitalismo, contra a direita política e a favor do socialismo. Muitos se diziam marxistas mesmo e se expressavam, de maneira muito clara, sobre revolução.
Os integrantes da TMI de hoje em dia, com raras exceções já não falam de forma tão explícita sobre socialismo, nem apresentam-se como marxistas. Sua abordagem é muito mais sutil.
Na verdade, os novos apologetas da Missão Integral, apesar de não se declararem abertamente como marxistas, raciocinam à maneira marxista. Por mais que não se assumam, seus fundamentos são marxistas, sua forma de pensar é marxista, seus conceitos são marxistas. Se não são marxistas por convicção, no mínimo o são por influência.
É aquela velha história: tem cheiro de banana, gosto de banana, cor de banana, então é banana.
A Teologia da Missão Integral até pode não se apresentar como marxista, mas certamente ela é um dos filhotes do marxismo e da cultura marxista que se impregnou na mentalidade do Ocidente.
Fabio Blanco é teólogo, advogado e professor.
http://www.fabioblanco.com.br/