A corrupção endêmica no Brasil
Por Otacílio Miranda Guimarães. Publicado em 26 de abril de 2017.
Arquivo MSM.
Quem conhece a história política do Brasil sabe perfeitamente que o país foi organizado para ser assim mesmo, ou seja, um país não para o povo, mas para os que governam o povo.
Isso teve início com as capitanias hereditárias quando o país foi loteado e doado para as oligarquias regionais, estando aí toda a origem dessa bandalheira que se desnuda no momento atual.
Ocorre que todo sistema que já nasce corrupto impede o desenvolvimento e o progresso da população como um todo e só gera pobreza e miséria, fenômeno que se agrava gradativamente com o passar do tempo. Além disso, o fenômeno também provoca uma degeneração moral de tal ordem que os envolvidos no processo acham que a corrupção é coisa natural da política e o povo, de tanto ver triunfar a impunidade, se torna indiferente e impotente para influenciar qualquer mudança.
Entretanto, tal máquina de produzir riquezas para poucos e miséria para a maioria, chega inevitavelmente à saturação e é isto a que assistimos no momento. Não que tenha se esgotado a capacidade de roubar cada vez mais, mas em razão do esgotamento dos recursos à disposição dos corruptos.
A corrupção é um mal que não se contenta em estacionar em um determinado nível. Quanto mais se rouba, mas se quer aumentar a roubalheira. E as fontes produtivas se esgotam por diversos motivos, como a fuga de capitais produtivos geradores de riquezas, empregos e arrecadação. Isto pôde ser observado claramente ao longo dos governos petistas quando o fenômeno se acelerou. Investidores deixaram de investir ou foram investir em outros países.
Consequentemente, a economia entrou em recessão e a arrecadação caiu. Apelaram para o endividamento do país, mais isto também tem um limite que, quando ultrapassado, leva a um impasse e descamba num desastre chamado bancarrota, ou seja, a incapacidade do estado de honrar seus compromissos. O Brasil está à beira da bancarrota e quando isto acontecer virá o caos e uma inevitável convulsão social de consequências imprevisíveis. É o que está acontecendo na Venezuela.
Fenômenos como este só acontecem em nações mal construídas nas quais o povo não é adequadamente educado. Nas democracias modernas, onde as leis são rigorosas e o povo detém razoável nível educacional, quando o fenômeno se manifesta é eliminado no nascedouro e os responsáveis punidos exemplarmente. Nesses países o poder emana do povo e em seu nome é exercido, não havendo, como no Brasil, a divisão do poder em castas regionais onde o poder político em cada estado é transmitido por hereditariedade. Nas democracias modernas dá-se prioridade a meritocracia e não existe o fenômeno dos currais eleitorais onde a compra de votos decidem as eleições.
A situação do Brasil é mais grave ainda porque o poder passou das mãos de uma quadrilha de mafiosos para outra tão ou mais perigosa quanto a anterior e que ainda colaboram ente si. Afinal, o lulopetismo não acabou, pelo contrário, está em plena atividade e com muitos apoiadores. Graças a ignorância geral, Lula ainda é o candidato da preferência da maioria, conforme pesquisas recentes.
A Operação Lava Jato surgiu como um movimento de revolta dentro das instituições judiciárias e policiais, sob a liderança de jovens promotores, delegados e juízes que, corajosamente, vem enfrentando todos os tipos de oposições no seio do aparato governamental e inclusive do próprio poder judiciário. Não é à toa que o ministro Gilmar Mendes hoje está a serviço dos corruptos fazendo campanha aberta em seu favor. E não está sozinho nessa tarefa, pois o poder judiciário brasileiro é o mais corrupto de todos. Portanto, a Operação Lava Jato é um movimento isolado e eu não creio que tenha força suficiente e capacidade para chegar a bom termo. Isto porque a situação brasileira chegou a um nível tal de degradação moral que só pode ser resolvido à bala. E de grosso calibre.
Isto posto, sugiro comprarem logo um bom trabuco.
* – O autor é um brasileiro auto-exilado na Austrália por ter percebido com a eleição de Lula para a presidência que o Brasil chegou ao fundo do poço e se tornou inviável.