Diálogo contínuo sobre guerra na Europa e na Ásia
Por Jeffrey Nyquist. Publicado em 2 de junho de 2015.
Arquivo MSM.
Sim, há um perigo de guerra.
Mas este perigo não se deve ao imperialismo de Obama, mas à fragilidade de Obama.
Em maio recebi uma nota da analista romena Anca-Maria Cernea que se referia à conferência “de um excelente analista polonês, o professor Przenyslaw Zurawiski vel Grajewski, que estava dizendo que seja o que for que os russos estivessem por fazer, em termos de avançar para a guerra, seria provavelmente feito antes do término do segundo mandato de Obama. Logo, deverá ser agora, ou muito em breve, ou nunca…” Como Cernea também observou, a guerra pode ocorrer porque Putin está “desesperado com a possibilidade de perda de poder…”.
No entanto os preparativos pussos para a guerra estão fundados em algo mais profundo, e de maior alcance, do que as ambições políticas de um único homem. A fundação do desenvolvimento militar russo atual foi estabelecida muitos anos atrás, quando Vladimir Putin era ainda um garoto. Pode-se argumentar que a base da situação atual foi assentada em 1957 – pelo comitê especial de Leonid Brezhnev para reconfigurar a estratégia soviética. Com o advento dos mísseis intercontinentais e as bombas de hidrogênio, a estratégia soviética teve que encontrar um modo de contornar o problema da “destruição mútua garantida”.
Hoje nossa enfraquecida defesa nuclear é vulnerável ao primeiro ataque. Nossas forças nucleares estão velhas e enfraquecidas. Temos lutado guerras contra extremistas muçulmanos, prestando pouca ou nenhuma atenção a nossos antigos rivais da Guerra Fria. Recentemente Putin anunciou a retomada da produção do bombardeiro nuclear TU-160 B, o Blackjack. Não tem havido nenhum anúncio similar de desenvolvimento do lado americano. Alguém poderia pensar que os socialistas e pacifistas ao redor do mundo fossem repreender o Sr. Putin por ser um belicista. Mas eles não o fizeram. O website World Socialist (Mundo Socialista), publicado pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional, está ocupado denunciando a implantação pelos EUA de bombardeiros B-1 e Fuzileiros Navais na Austrália. De acordo com o “Mundo Socialista”, os EUA são culpados de estar se preparando para a guerra. “Os preparativos para a guerra dos EUA e seus aliados estão bastante mais avançados do que é conhecido pelas massas”, diz o World Socialist Site. De acordo com estes “socialistas”, não é, de modo algum, da conta da América a movimentação de forças militares na Austrália, e os marxistas de Pequim concordam plenamente neste ponto. Pequim tem alertado os EUA a respeito destas movimentações. Elas são “arriscadas”, nos dizem. São “provocativas”. Sim, seria melhor deixarmos nossos aliados australianos à sua própria sorte. O que tem a América a ver, interferindo com o plano chinês para dominar a Austrália e a Nova Zelândia? Desde 1941 os EUA enviaram marines e outras forças para a Austrália, em diversas ocasiões. Tais movimentações têm sido naturais e normais como “mamãe e torta de maçã”. Mas agora os chineses estão cheios de “sérias preocupações”, emitindo alertas. É melhor que os americanos tenham cuidado.
Os chineses estão agindo como se a Austrália estivesse dentro de sua esfera de influência.
O World Socialist diz que o governo australiano está constrangido pela movimentação de tropas e bombardeiros americanos e deslocou-se para “controle de danos”. Mas quando é que um governo, ameaçado por um poder hostil, ficou constrangido pelo envio de forças aliadas? O constrangimento neste caso não faz sentido, exceto para os barulhentos idiotas esquerdistas que sempre caem na propaganda comunista. O World Socialist explica sua posição da seguinte maneira: “Com a administração Obama tramando uma provocação no Pacífico ao Sul da China nos próximos meses ou mesmo semanas, está se tornando cada vez mais difícil o estabelecimento da discussão pública das consequências potencialmente catastróficas desta imprudente política imperialista”.
Os pobres inocentes militaristas chineses e russos são “vítimas” de Obama. No entanto, se Obama é tão perverso, então por que o “excelente analista polonês” citado por Cernea diz que os russos devem agir antes do término do segundo mandato de Obama? Talvez Obama não seja de modo algum imperialista. Talvez, para Rússia e China, ele represente uma oportunidade, uma abertura estratégica, que Moscou deva aproveitar para agir. E sim, há um perigo de guerra. Mas este perigo não se deve ao imperialismo de Obama, mas à fragilidade de Obama.
Obama não é o problema. Como Cernea explicou, “Na Polônia e na Ucrânia eles estão quase certos de que a Rússia iniciará em breve uma grande ofensiva. O momento pode depender também de condições climáticas; como agora é primavera na região, e chove muito, o solo está encharcado, o que dificulta que o equipamento militar pesado use as rodovias que estão em péssimas condições”.
Logo, trata-se dos russos esperando que o solo seque. “É certo que os russos estão continuamente reforçando suas linhas e parecem preparar-se para um ataque de larga escala na Ucrânia”, observou Cernea. Pelo menos, isto é o que vemos. O que acontece verdadeiramente, não é suposto por ninguém. E no Extremo Oriente vemos o mesmo tipo de coisa. China e Coreia do Norte estão se preparando para um conflito.
Tradução: Flávio Ghetti