Walter E. Williams, 1936-2020

Foto: Walter Williams, falecido na quarta-feira (2) e seu melhor amigo, Thomas Sowell: grande intelectuais americanos.

Walter Williams amava dar aulas. Diferente de tantos professores de hoje, ele fazia questão de nunca impor suas opiniões aos estudantes. Aqueles que liam seus artigos distribuídos em vários jornais sabem que ele expressava suas opiniões categoricamente e com ousadia neles. Mas não na sala de aula.

Walter uma vez disse esperar que, no dia de sua morte, que ele tivesse ensinado uma classe nesse dia. E isso foi simplesmente o que aconteceu, quando ele morreu na quarta-feira, no dia dois de dezembro de 2020.

Ele foi o meu melhor amigo por meio século. Não houve ninguém em quem eu confiasse mais ou cuja integridade eu respeitasse mais. Dado que ele era mais jovem do que eu, eu o escolhi para ser meu executor literário, para tomar controle dos meus livros depois da minha morte.

Mas sua morte nos lembra que ninguém tem realmente alguma coisa a dizer sobre esses assuntos.

Como economista, Walter Williams nunca recebeu o crédito que ele merecia. Seu livro “Race and Economics” é uma leitura obrigatória como introdução ao assunto. A Amazon o põe em quinto lugar entre os livros mais vendidos sobre direitos civis, nove anos depois de sua publicação.

Outro livro dele, sobre os efeitos econômicos sob o regime supremacista branco do apartheid na África do Sul, foi chamado “South Africa’s War Against Capitalism.” Ele foi até a África do Sul para estudar a situação diretamente. Muitas das coisas que ele revelou tem implicações para discriminação racial em outros lugares pelo mundo afora.

Eu tenho tido muitas oportunidades para citar as pesquisas de Walter Williams em meus próprios livros. A maioria do que os demais dizem hoje sobre os preços serem maiores em zonas de baixa renda ainda não foi igualado pelo que Walter disse em sua dissertação de doutorado décadas atrás.

Apesar de sua oposição ao Estado de Bem-Estar Social, como algo que faz mais mal do que bem, Walter era pessoalmente muito generoso, tanto com seu dinheiro quanto com seu tempo, ao ajudar os outros.

Ele avaliava que tinha o direito de fazer o que quisesse com seu próprio dinheiro, mas que os políticos não tinham direito de tomar seu dinheiro e dar aos outros, para conseguirem votos.

Numa carta de três de março de 1975, Walter escreveu: “Algumas vezes é uma luta muito solitária quando tentamos ajudar nossa gente, especialmente aqueles que não percebem que precisam de ajuda.”

Na mesma carta, ele mencionava um certo hospital que “tem uma política não escrita de proibir a reprovação de estudantes de medicina negros.”

Não muito tempo depois disso, um professor de uma prestigiosa escola de medicina revelou que estudantes negros tiravam notas que os aprovavam sem terem necessidade de fazer o que era exigido dos demais estudantes. Ele advertiu que pacientes desavisados pagariam – alguns com a própria vida – por essa irresponsabilidade de um sistema de dois pesos, duas medidas. Que é o que, na verdade, está acontecendo.

Como pessoa, Walter Williams era único. Eu não ouvi falar de qualquer outra pessoa descrita como “ser como Walter Williams”.

Sendo um faixa preta em karatê, Walter era um adversário difícil. Uma noite três homens caíram em cima dele – e dois desses homens foram parar num hospital.

O outro lado de Walter foi despertado graças a sua esposa, Connie. Ela o ajudou a conseguir uma pós-graduação – e depois que ele recebeu seu Ph.D., ela nunca mais teve que trabalhar novamente, nem mesmo para fazer o café da manhã.

Walter gostava de ir trabalhar as 4:30 da manhã. Ele era a única pessoa que não tinha problemas para achar uma vaga para estacionar nas ruas do centro de Washington. Por volta das nove da manhã, Connie – então desperta – telefonava para Walter e eles se davam bom dia, carinhosamente.

Nós não poderemos ver alguém como ele novamente. E essa é nossa perda.

Thomas Sowell, 90, Ph.D em Economia pela Universidade de Chicago, é senior fellow da Hoover Institution, autor de 12 livros e dezenas de artigos para as mais respeitadas publicações norte-americanas.

Leia aqui os artigos de Walter Williams publicados recentemente no Mídia Sem Máscara.

Publicado no Townhall.
Tradução: Flamarion Daia