Reflexões ulteriores sobre as críticas à Diana West – Parte 1
28 Julho 2014.
Arquivo MSM.
Por ex-comunista eu quero dizer um homem que sabia claramente o porquê ele se tornou um comunista, que serviu devotamente o comunismo com conhecimento de causa, e que depois rompeu totalmente o comunismo sabendo por qual motivo fez isso. São poucos os que fazem isso…
Whittaker Chambers, “Letter to My Children”, Witness
A sinceridade pertence ao puro de coração e a insinceridade pertence ao que tem o coração doente. O crítico revela seu coração por meio da sua crítica, o polemista por sua polêmica e o impostor por suas imposturas. No caso da crítica tripartite feita ao livro American Betrayal pelo professor Jeff Lipke publicada a partir do começo do mês no American Thinker, o microcosmo da auto-revelação reflete o macrocosmo do colapso do movimento conservador.
Eu meu artigo do dia 27 de abril de 2014 [N.T.: dia 30/04/14 no MSM], lidei com a campanha levada a cabo por Horowitz e Radosh contra Diana West. Agora é a vez de confrontar o fracasso dos principais conservadores em vir defender Diana West. Esse fracasso mostra dois tipos de “conservadores”: (1) o conservador que (cobrindo-se de um pretensioso véu de erudição) alia-se aos ex-comunistas críticos da Sra. West para criticar o livro dela; e (2) o conservador que busca ocupar uma posição intermediária. Este último tipo de deserção, que deixa os flancos do conservadorismo aberto a ataques dos dois lados, está perturbadoramente em evidência nos dias de hoje. Nesse contexto, o professor Lipke nos provê um exemplo dos dois tipos ambiguamente fundidos na mesma pessoa.
A série de Lipke tem cerca de 12.000 palavras e é dividida em três artigos. Embora a série pareça longa e dispersa, as críticas do professor mesmo assim servem para termos um vislumbre da degeneração do conservadorismo. Evidentemente, alguns podem vir a imaginar que o professor está preocupado com os fatos históricos. Entretanto, não podemos nos enganar com as aparências. Lipke é um ideólogo assim como os outros críticos da Sra. West e não mostra verdadeira preocupação com a verdade. Por exemplo, ele zomba da suposta erudição manca da Sra. West, sendo que o livro é incrementado por aproximadamente 1.000 notas de fim [com explicações e referências bibliográficas]. Apesar de o próprio Lipkes não ser especialista em Segunda Guerra Mundial ou Guerra Fria, ele mesmo assim se coloca como um — e foi pego no ato quando se referiu a Pavel Sudoplatov como “desertor” soviético. Mesmo onde Lipke expõe os fatos corretamente, eles acabam por fugir à questão e seus juízos parecem bizarros (por exemplo, quando ele disse que o ditador soviético Josef Stálin não era uma “ameaça à paz”). Em suma, ele se envereda em argumentações que não rompem as defesas da Sra. West.
Evidentemente temos razões para simpatizarmo-nos com um professor que é também um “conservador”. É isso, afinal de contas, que ele nos recomenda. Mas ele não escreve como um conservador. Ele não vê no comunismo “o centro da consagração do mal desta era”. Assim sendo, ele não gosta da ideia de Diana West que os agentes comunistas possam ter influenciado a política americana durante a Segunda Guerra Mundial. Isso é algo que ele simplesmente não vai conceder que seja verdade, ou que sequer tenha uma aparência de probabilidade. Ele também não quer dizer que nossa colaboração em tempos de guerra com Stálin foi perigosa, ou que ela teve consequências negativas em longo prazo, ou que Stálin era tão mau quanto Hitler. É como se o Escritório de Informações de Guerra americano, infiltrado pelos comunistas, ainda estivesse operando e Lipkes estivesse se sentindo obrigado a mostrar um aspecto positivo de Stálin (a respeito da nossa aliança de guerra com o ditador comunista). Lipke também se opõe à fundamentada defesa que a Sra. West fez de McCarthy, e por inferência ele acaba por se opor à erudição de M. Stanton Evans. É difícil entender porque o professor Lipkes se vê como conservador, dado que ele desdenha da interpretação conservadora da guerra.
A parte I da crítica de Lipke é intitulada Diana and Ron: What Was Going On? [O que estava acontecendo?], a parte II Diana and Ron: The Second Front [O Segundo Front] e a parte III Diana and Ron: Backstory [O que aconteceu antes]. Deixando de lado a falta de bom gosto ao usar os primeiros nomes, é o parágrafo final da terceira parte que deveria receber nossa atenção. Aqui Lipke finaliza dizendo que “o verdadeiro teste de integridade intelectual do movimento [conservador] é que no final, uma visão verdadeiramente balanceada da explosiva obra da Sra. West tornar-se-á o consenso”. Se um coro grego cantasse a frase “integridade intelectual” alternando com a frase “movimento conservador” e a palavra “consenso”, uma opressora obscuridade impediria o ouvinte de parear opostos diametrais; pois como a própria alma sabe, o termo “integridade intelectual” e a palavra “consenso” são incompatíveis, especialmente quando usadas no contexto de um movimento político atolado em corrupção. Da ingênua sentença conclusiva do professor, não vemos qualquer sentido sugerindo que as coisas estão ruins para o conservadorismo, tampouco há qualquer sentido que sugira a vergonhosa corrupção que atualmente frequenta a “boa” e “patriótica” causa.
Nossa política virou território da linguagem intoxicada, dos falsos conceitos e de inumeráveis falsificações. Esse território pertence ao coração doente, não ao coração puro. Pegue o melhor consenso político que lhe aprouver e você verá que ele está atrelado à mentiras e acordos de bastidores que não deixam espaço para a “integridade intelectual”, pois essa tal “integridade” não pode pertencer a um movimento. Ela só pertence aos indivíduos que não cedem aos tratos e que rejeitam essa fórmula consagrada pela classe dos manda-chuvas que parece ser a mesma a qual Lipke pertence (e assim ele confessa ser parte). Nesse contexto, Diana West não é manda-chuva, mas um indivíduo que se desprendeu da linha do Partido. Como tal, ela tornou-se alvo prioritário daqueles que descaradamente mostram-se como inimigos do debate honesto e da investigação. Eles estão predispostos à fantasia, à falsificação, ao proxenetismo puro e ao intelectualismo preguiçoso. Se não estivessem predispostos a essas coisas, eles não poderiam ser bem-sucedidos diante da massa ignara, cuja aprovação legitima suas práticas corruptas (dizer que o mal é um bem, a ficção um fato e os desiguais em maiores que os iguais).
Movimentos modernos são movimentos de massa. Eles requerem organização, e organização significa liderança burocrática (isto é, a classe dos manda-chuvas). Todas organizações desse tipo costumeiramente ficam sob o jugo de pessoas vazias e ambiciosas cuja venalidade e falsidade não têm limites. Essas pessoas estão preocupadas apenas com prestígio, posição e dinheiro próprios. Se uma dessas pessoas se preocupasse com a verdade, ela correria o risco de se tornar “O Homem que não Vendeu a sua Alma”. Um homem assim, no manual deles, seria considerado um tolo. Ele não teria lugar no meio deles, mas sobrariam xingamentos para ele. A pessoa vazia e ambiciosa, que se coloca acima da verdade, é hostil ao que é verdadeiro. Nos nossos dias, as grandes e bem-sucedidas organizações políticas incorrem nessa hostilidade. Não saber ou não reconhecer isso, é não ter conhecido toda a história do século XX. Escrever uma sentença conclusiva como a do orofessor Lipke é escrever como uma criança. Ela revela que no trato das coisas políticas é uma pessoa ingênua e sem juízo; revela que uma pessoa que já faz o papel de enganada para alguém ou para alguma outra coisa — o que nos leva à sequência imediata ao ensaio de Lipke.
Imediatamente após a última sentença do professor sobre “integridade intelectual” e “consenso” já saíram duas súbitas elocuções. A primeira é a de Ron Radosh e a segunda de Radosh e Horowitz juntos. Como dois valentões esperando impacientemente sua vez, eles logo a seguir vieram com socos e pontapés e até mesmo um tapa no próprio Lipkes. O editor do American Thinker, que sem dúvidas é um show de astúcia ao arranjar esse pugilismo verbal, não dá espaço para que a Sra. West se defenda. Dentre os socos trocados, Radosh e Horowitz escreveram que a Sra. West manchou o conservadorismo ao permitir que a esquerda “pintasse os conservadores como um bando de loucos”. Tendo Lipkes como um sujeito muito gentil ao criticar West, eles repreenderam o infeliz professor por ignorar “a tese maluca dela…”. E eles acusaram-no de “cometer um imenso desserviço à discussão ao alimentar as fantasias macarthistas dos seguidores [de West]”. Eles afirmaram em seguida que estavam “ambos tentando empreender uma crítica [sic] a uma absurda teoria da conspiração que tem horrorosas conotações…”.
O que é absurdo e tem horrorosas conotações na verdade é empreender uma crítica. A própria expressão que vêm à mente é “empreender uma guerra”, e não “empreender uma crítica”. Seja o quão estranho a coisa foi colocada, o sentido ficou claro o bastante. Ainda assim é uma pena que Radosh e Horowitz não reconheçam os talentos do professor Lipkes quando se trata de “empreender uma crítica”. Considere o seguinte espécime [de Lipkes]:
É possível que Radosh veja West seguindo por alguns caminhos que a levem a um declive escorregadio que possa levá-la a afirmações como dizer que Frank Delano Roosevelt [FDR] sabia de antemão sobre o ataque japonês à Pearl Harbor e não fez nada; que Hitler tinha objetivos políticos internacionais razoáveis e que os desagradáveis aspectos do regime nazista eram resultados daquilo que ele pegou emprestado de Lênin; que dada as provocações de FDR, a Alemanha, assim como o Japão, não tiveram escolha senão declarar guerra aos EUA; que a [Operação] Barbarossa foi um golpe preventivo que salvou a Civilização Ocidental em cima da hora; e que a América ajudou o cavalo errado na Segunda Guerra Mundial. No fundo desse declive está a negação do holocausto. [itálicos meus]
Parece que Horowitz e Radosh foram injustos com Lipkes e devem a ele desculpas, pois a Sra. West é judia, e tal insinuação (como a supracitada) pode mostrar-se fatal. Na verdade, essa calúnia foi tão habilmente redigida e tão covardemente inferida (e do nada) que os respingos dela não chegam a tocar Radosh ou Lipkes. Ela foi maquinada para sujar a discussão da Sra. West acerca da influência comunista sobre a política americana durante a Segunda Guerra Mundial e transformar a discussão em algo que se pareça com o revisionismo do holocausto. Que arma melhor poderia ser usada para matar um autor que intimidar seus apoiadores?
“No fundo do declive — escreveu Lipkes —está a negação do holocausto”. Pense nisso por um momento. Pergunte a si mesmo se eu tirei essa sentença de contexto ou se essa sentença foi originalmente usada para fins maliciosos. O assunto que precedia essa sentença tinha alguma razão que validasse seu uso? Não vejo qualquer citação de Radosh ou de West. Não há nada no livro American Betrayal que justifique isso. A coisa é puramente perniciosa e calculada. É vergonhoso que o site American Thinker tenha publicado isso. É vergonhoso não ter sido dado espaço para Diana West se defender. E é vergonhoso que a esses ex-subversivos é dada a última palavra quando se trata da formação da opinião conservadora.
Tradução: Leonildo Trombela Junior
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