Porque eu defendo Geert Wilders
Por Daniel Pipes. Publicado em 26 de janeiro de 2010.
Arquivo MSM.
Ele representa todos os ocidentais que valorizam sua civilização.
Quem é hoje o mais importante europeu vivo? Eu indico o político holandês Geert Wilders. A razão é ele estar melhor situado para lidar com o desafio islâmico enfrentado pelo continente. Ele possui o potencial de surgir como uma figura histórica mundial.
Esse desafio islâmico consiste em dois componentes: de um lado, o enfraquecimento da população nativa na fé cristã , o índice de natalidade inadequado e o retraimento cultural, e do outro, a confluência de imigrantes muçulmanos culturalmente confiantes, devotos e prolíficos. O rápido desenrolar dessa situação levanta sérias questões sobre a Europa: ela continuará a conservar sua civilização histórica ou se tornará um continente de maioria muçulmana vivendo sob a lei islâmica (a Sharia)?
Wilders, 46, fundador e presidente do Partido para a Liberdade (PVV), é o líder inigualável dos europeus que desejam preservar sua identidade histórica. Isso porque ele e o PVV diferem da maioria dos outros partidos nacionalistas, anti-imigratórios da Europa.
O PVV é partidário da doutrina do livre arbítrio e está inserido na corrente predominante conservadora, sem ter raízes no neo-fascismo, nativismo, teorias conspiratórias ou outras formas de extremismo. (Wilders iguala-se publicamente a Ronald Reagan.) Indicativo dessa moderação é a antiga afeição de Wilders por Israel que inclui dois anos de residência no estado judeu, dezenas de visitas e seu apoio à transferência da embaixada holandesa para Jerusalém.
Além disso, Wilders é um líder carismático, perspicaz, de princípios e sincero que se tornou rapidamente a maior força política dinâmica na Holanda. Embora opine sobre uma ampla gama de tópicos, o Islã e os muçulmanos constituem sua marca registrada. Superando a tendência dos políticos holandeses de serem cuidadosos, ele chama Maomé de diabo e exige que os muçulmanos “arranquem metade do Alcorão caso desejem ficar na Holanda.” Em termos gerais, ele vê o Islã propriamente dito como sendo o problema, não apenas a sua versão venenosa chamada de islamismo.
Finalmente, o PVV se beneficia do fato de que, somente na Europa, os holandeses são receptivos a uma rejeição não nativista da Sharia. Isso se tornou aparente pela primeira vez há uma década, quando Pim Fortuyn, um ex-professor homossexual comunista, ainda com tendência esquerdista, começou a reclamar que seus valores e estilo de vida estavam sendo ameaçados de maneira irrevogável pela Sharia. Fortuyn anteviu Wilders fundando seu próprio partido político exigindo a suspensão da imigração muçulmana na Holanda. Após o assassinato de Fortuyn em 2002 por um esquerdista, Wilders efetivamente herdou seu manto e seu eleitorado.
O PVV se saiu bem nas eleições, ganhando 6 por cento das cadeiras nas eleições parlamentares nacionais de novembro de 2006 e 16 por cento das cadeiras holandesas nas eleições da União Europeia de junho de 2009. Pesquisas de opinião, via de regra apontam o PVV como vencedor da maioria relativa tornando-se o maior partido do país. Caso Wilders se torne primeiro ministro, ele poderia assumir o papel da liderança para toda a Europa.
Porém ele enfrenta desafios assombrosos.
O racha no cenário político da Holanda significa que o PVV ou encontra parceiros dispostos a formar uma coalizão governamental (uma tarefa complicada, dada a forma com que os esquerdistas e muçulmanos demonizaram Wilders como sendo “extremista de direita”) ou vence a maioria das cadeiras do parlamento (uma possibilidade remota).
Wilders também precisa superar o jogo sujo de seus oponentes. Notadamente, eles finalmente conseguiram após dois anos e meio de disputas preliminares, arrastá-lo para o tribunal com acusações de discursos enaltecendo o ódio e incitamento ao ódio. O processo do procurador público contra Wilders começa em Amsterdã em 20 de janeiro; se for condenado, Wilders enfrentará uma multa de até US$14.000,00 ou até 16 meses de prisão.
Lembre-se, ele é o mais importante líder político de seu país. E mais, devido às ameaças a sua vida, ele sempre viaja acompanhado de guarda-costas e incessantemente muda de esconderijos. Quem exatamente desperta a curiosidade, é a vítima de incitamento?
Embora eu discorde de Wilders sobre o Islã (eu respeito a religião, mas luto contra os islamistas com tudo que tenho ao meu dispor), nós estamos lado a lado contra o processo. Eu rejeito a criminalização de diferenças políticas, especialmente cercear um movimento político de base via tribunais. Dessa forma, o Legal Project (Projeto Legal) do Middle East Forum tem funcionado a favor de Wilders, levantando fundos substanciais para a sua defesa e ajudando de outras maneiras. Tomamos essa posição convencidos da suprema importância de se falar livremente em público, em tempos de guerra, sobre a natureza do inimigo.
Ironicamente, caso Wilders seja multado ou preso, provavelmente aumentariam suas chances de se tornar primeiro ministro. Mas aqui princípio pesa mais do que táticas políticas. Ele representa todos os ocidentais que valorizam sua civilização. O resultado de seu julgamento e a sua liberdade de falar tem implicações para todos nós.
Publicado na National Review Online.
Original em inglês: Why I Stand with Geert Wilders
Tradução: Joseph Skilnik