A guerra híbrida russa – intromissão política, guerra de informação, guerra de narrativas, ameaças econômicas, ataques secretos e assassinatos – é um coquetel poderoso e perturbador que assola a Ucrânia e ameaça a Europa ainda livre.
Ao fim de julho, o governo Trump anunciou que o quartel-general da V Corporação do Exército dos EUA seria reativado e instalado na Polônia de forma permanente. O Kremlin, com seus perfis robôs no Twitter e os tweets de propaganda do presidente Vladimir Putin se opuseram. Provavelmente, agentes de propaganda do Partido Comunista Chinês chiaram (se sim, não vi).
As reações por toda a Europa ainda livre foram acenos discretos de concordância ou aceitação reservada. Essas reações refletem a realidade estratégica: (1) a Rússia de Putin, com armas nucleares, é uma ameaça expansionista que requer dissuasão militar; (2) a Rússia demonstrou que é uma ameaça política militar e política tanto aberta como secretamente desde o sul do -Ártico escandinavo, passando pelos Estados Bálticos, até o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo.
A invasão e anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e a interminável agressão sangrenta na Ucrânia tiveram consequências políticas na Finlândia e na Suécia aparentemente neutras. Em 2018, os dois paíse concordaram em aumentar a coordenação de segurança e conduzir mais exercícios militares conjuntos com os EUA. Em 2019, a OTAN realizou um exercício para repelir um “poder agressivo” que havia atacado a Finlândia e a Noruega. Aviões da OTAN apoiaram as forças finlandesas na Finlândia. Quanto ao flanco do Mar Negro, a Rússia invadiu a Geórgia em 2008.
A Polônia é o eixo central do atual flanco oriental da OTAN.
O Kremlin entende que um quartel-general do Exército dos EUA é mais do que generais e bandeiras. Um QG é um corpo é estruturado, equipado e tripulado para coordenar todas as armas e sistemas de vigilância nos arsenais do Pentágono e aliados, desde recursos espaciais até armas lançadas por submarinos. Como uma unidade do Exército, a 5ᵃ Corporação se concentraria em combate terrestre e aéreo, mas, quando necessário, dispõe da conectividade de guerra combinada para controlar os sistemas aéreos e navais. Entre os termos usados pelo Pentágono se incluem “interoperabilidade” e “sincronização de formações táticas”. Para além do jargão, a presença da 5ᵃ Corporação diz à Rússia que invadir a Polônia pode rapidamente iniciar uma guerra de alta intensidade, com consequências letais para a Rússia.
Unidades rotativas de combate terrestre do Exército dos EUA já servem na Polônia. Rotacional significa que eles avançam e depois retornam a uma base fora da Polônia. A Polônia está construindo infraestrutura para pelo menos 5.500 militares dos EUA. Com toda a probabilidade, o Pentágono posicionará permanentemente pelo menos uma brigada “pesada” (blindada) na Polônia.
Alguns dos soldados que se deslocam para o leste podem vir da Alemanha. Críticos ágeis atacaram o governo Trump pela decisão de reduzir as forças dos EUA na Alemanha, retratando a decisão como Donald Trump cuspindo na alemã Angela Merkel.
Dê aos críticos um mapa e 12 anos de atualizações de notícias. Vamos concordar que a guerra fria OTAN vs. Rússia do século 21 é uma versão simplificada da Guerra Fria do século 20. Mas a invasão e anexação da Crimeia pela Rússia e a invasão do leste da Ucrânia não são imperialismo para o qual se faça pouco caso. A guerra híbrida russa – intromissão política, guerra de informação, guerra de narrativas, ameaças econômicas, ataques secretos e assassinatos – é um coquetel poderoso e perturbador que assola a Ucrânia e ameaça a Europa ainda livre. A guerra no leste da Ucrânia, o Donbass, continua, recebendo escassa cobertura da grande mídia.
A frente mudou para o leste e, estrategicamente, a Polônia é onde a Alemanha Ocidental estava por volta de 1960.
A Polônia é um aliado americano digno e responsável que paga sua parte justa. O governo polonês gasta mais de 2% do PIB em defesa e recentemente concordou em pagar a maior parte dos custos da presença das tropas americanas com base permanente. O ministério da Defesa está empenhado em construir forças equipadas com uma série de armas de alta tecnologia projetadas para parar tanques russos e unidades mecanizadas. O exército polonês quer modernizar sua frota de tanques, adquirir tanques do último modelo M1 Abrams e adicionar uma quarta divisão terrestre até 2025. Para defender seu espaço aéreo, a Polônia comprou caças F-16 e baterias de defesa antimísseis Patriot. A Força Aérea Polonesa vai adquirir 32 F-35 Joint Strike Fighters.
O soft power diplomático tem seu lugar. Mas a violenta intimidação do Kremlin estimulou a Polônia a investir em seu próprio poderio militar, apoiada por uma força tripulada do Exército dos EUA, semelhante à Guerra Fria, armada com sensores e armamento do século 21.
Publicado no Townhall.
Tradução: Editoria MSM